sábado, 12 de outubro de 2013

Mini Miss Brasil adotada por gay reencontra avós traficantes no ES


12/10/2013 07h00 - Atualizado em 12/10/2013 09h16

No Dia das Crianças, mini miss passou por grande emoção.
Ela foi adotada por um missólogo há três anos.

Juirana Nobres e Leandro Nossa Do G1 ES
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Acostumada a passar por fortes emoções em sua vida, a pequena Ana Clara Ferrares, de 10 anos, detentora do título de Mini Miss Brasil 2013, viveu mais uma na véspera do Dia das Crianças, nesta sexta-feira (11). Há três anos sem ver os avós, ela os reencontrou na casa de parentes em Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo. Os avós foram presos por tráfico de drogas e desde então a estudante foi adotada pelo missólogo Guto Ferrares, que é homossexual. De acordo com o pai, os avós da menina conseguiram um benefício de saída temporária neste Dia das Crianças e aproveitaram a oportunidade para rever a neta.

Em abril deste ano, Ana Clara foi eleita Mini Miss Brasil Oficial 2013, em um concurso realizado em São Paulo, uma conquista que a menina levou para o município de Aracruz, na região Norte do estado. A vitória no concurso premiou uma série de obstáculos vencidos pela pequena. O pai adotivo Guto Ferrares, de 25 anos, contou que os pais biológicos da filha eram foragidos da polícia e ela morava com os avós, em Colatina, no Noroeste do estado, mas eles tinham envolvimento com o tráfico de drogas e foram presos.
Ana Clara acabou morando com vizinhos por algum tempo. Além disso, ela perdeu a visão do olho direito em um acidente. A estudante disse que o reencontro foi um grande presente. “Independente do que eles fizeram, sempre foram muito bons para mim. Sempre me trataram com muito amor e carinho”, disse a Mini Miss.
Ana Clara Ferrares foi eleita Mini Miss Brasil Oficial 2013 (Foto: Arquivo Pessoal)Ana Clara Ferrares foi eleita Mini Miss Brasil Oficial 2013 (Foto: Arquivo Pessoal)
A menina disse que ao saber que estaria com os avós mais uma vez ficou muito feliz. “Contei para minhas amigas e fiquei ansiosa a semana inteira”, contou Ana Clara. O pai adotivo da menina acredita que o laço da filha com os avós deve ser mantido.
O pai admitiu que, por ter adotado a criança há três anos, sentiu, inicialmente, um pouco de ciúmes do reencontro. "Fiquei um pouco roído de ciúmes, eu nunca tinha visto eles. Estou há três anos com ela, fiquei meio enciumado, mas foi bom, muito tranquilo. Eles receberam a gente muito bem. Ela já tinha superado toda a história com a ajuda de uma psicóloga. Mas, não tem como apagar o passado dela", disse.
Novos trabalhos
Após ser eleita Mini Miss Brasil, o pai missólogo prepara Ana Clara para o concurso Mini Miss Universo, que aconteceria este mês em Buenos Aires, mas foi adiado para abril de 2014. Neste período, o pai prepara a menina para o concurso, tão esperado pela criança. "Estou me preparando bastante, será uma grande emoção", disse Ana Clara, que também espera por uma surpresa e presentes do pai neste Dia das Crianças.
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2013/10/mini-miss-brasil-adotada-por-gay-reencontra-avos-traficantes-no-es.html



18/05/2013 07h00 - Atualizado em 18/05/2013 09h52

Gay adota neta de traficantes e menina torna-se Mini Miss Brasil

Antes da conquista, garota viveu o drama de perder a visão do olho direito.
Para a capixaba Ana Clara, superação deve-se ao carinho do pai adotivo.

Juliana Borges Do G1 ES
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Ana Clara Ferrares foi eleita Mini Miss Brasil Oficial 2013 (Foto: Arquivo Pessoal)Ana Clara Ferrares foi eleita Mini Miss Brasil Oficial 2013 (Foto: Arquivo Pessoal)
A rotina de preparação para concursos de beleza e ensaios fotográficos passa longe da vida que Ana Clara Ferrares, de 10 anos, levava há apenas dois anos. A estudante é neta de traficantes presos no Espírito Santo e enfrentou a perda da visão do olho direito em um acidente. Hoje, ela se define como uma criança feliz, após ser adotada aos oito anos pelo missólogo Guto Ferrares, que é homossexual. Em abril deste ano, ela foi eleita Mini Miss Brasil Oficial 2013, em concurso realizado em São Paulo, uma conquista que a menina levou para o pequeno município de Aracruz, no Espírito Santo.
No Espírito Santo, a oportunidade que Ana Clara teve é bem diferente da realidade de crianças com mais de três anos que esperam para ser adotadas. Em todo o estado, segundo o Tribunal de Justiça (TJ-ES), 132 crianças e adolescentes esperam por um novo lar e o número de pretendentes habilitados passa de 750, mas em geral, a adoção de recém-nascidos e menores de dois anos é preferência entre esses pais. Para incentivar essa ação, foi criada a I Campanha de Incentivo à Adoção Tardia, no município da Serra, na Grande Vitória, que acontece de 19 a 24 de maio.
O pai adotivo Guto Ferrares, de 25 anos, contou que os pais biológicos da filha eram foragidos da polícia e ela morava com os avós, em Colatina, no Noroeste do estado, mas eles tinham envolvimento com o tráfico de drogas e foram presos. Ana Clara acabou morando com vizinhos por algum tempo.
Eu não paro para pensar que eu fiz parte da evolução dela. Penso no que construímos juntos, que ela tornou minha vida mais especial"
Guto Ferrares, pai adotivo
Mas as dificuldades não pararam por aí. "Quando ela morava no bairro São Judas Tadeu, em Colatina, um bandido da comunidade foi preso e os moradores resolveram soltar fogos para comemorar. Um dos foguetes caiu em cima da casa que ela morava e o telhado explodiu. Um pedaço bateu direto no olho direito dela e a cegou", contou Guto.

A história de Ana Clara chegou aos ouvidos do pai adotivo através de uma amiga da mãe dele, que é moradora de Colatina. Guto contou que se comoveu com a história e como já tinha vontade de ser pai, mas nenhuma pretensão de se casar, resolveu ver se havia alguma maneira de adotar a garota. "Três meses depois do acidente, a menina fez uma cirurgia no olho e foi nesse dia que a gente se conheceu. Fui bem devagar com ela, de início não falei que eu a adotaria, falei que era um amigo e que ela passaria uns dias comigo, para ver se gostava", lembrou.
Para a garota, as dificuldades foram superadas com a ajuda de um grande aliado: o carinho do pai adotivo. “A adaptação foi fácil porque a minha nova família me recebeu de um jeito muito carinhoso, muito diferente do que eu recebia na vida que tinha antes. Com meu pai foi ainda mais especial, porque na verdade eu nunca conheci meu pai biológico. Ele é a pessoa mais importante da minha vida e hoje tenho uma família completa”, disse a menina.
Guto, que é homossexual, chegou a pensar que seria difícil explicar para Ana Clara que era um pouco diferente da maioria dos pais. "No início, ela não sabia o que era gay. Expliquei à ela que era um pouquinho diferente do que ela estava acostumada a ver, que não namoraria uma mulher. Acredito que a criança é o que os pais passam para ela, adquire valores. Eu sou um pai bem rígido, quero o melhor para ela, portanto em casa não existe preconceito e nem falta de educação", falou.
Guto e Ana Clara (Foto: Arquivo Pessoal)Guto e Ana Clara (Foto: Arquivo Pessoal)
Ajuda para recomeçar
A menina simpática, descontraída e vencedora de concursos de beleza chegou à casa de Guto totalmente retraída, sem conseguir conversar muito com as pessoas. O pai, então, procurou uma ajuda psicológica para ajudar a filha a superar os traumas de infância.
"Hoje ela é uma criança totalmente diferente, bem resolvida. Na verdade, ela fez um tratamento psicológico só por seis meses, foi uma espécie de preparação para a nova vida, um empurrão. Ela realmente deixou tudo o que viveu para trás, foi muito forte, e passou a me tratar como se eu sempre tivesse sido o pai dela", contou Guto Ferrares.
Guto também comentou as mudanças que a paternidade trouxe para sua vida. "Eu não paro para pensar que eu fiz parte da evolução dela, penso no que construímos juntos, que ela tornou minha vida mais especial. Hoje ela trata a dificuldade da visão como superação, encara a diferença dela como algo positivo, isso é maravilhoso."
Ana Clara vai disputar o Mini Miss Universo no fim deste ano (Foto: Arquivo Pessoal)Ana Clara vai disputar o Mini Miss Universo no fim
deste ano (Foto: Arquivo Pessoal)
Mini Miss Brasil
Já adaptada à nova casa, Ana Clara Ferrares contou ao pai que sempre teve o sonho de ser modelo, mas se considerava aleijada por ser cega de um olho. O apoio e o conhecimento de Guto foram essenciais para que a menina não desistisse de suas ambições. "Sou missólogo, um preparador de beleza de misses e misters, então tive segurança para conversar com ela sobre isso. Expliquei que ela não era aleijada, que era bonita e poderia ser o que quisesse. Contei que existem modelos de todos os tipos, até mesmo uma que é surda", explicou.
Um dia, a menina pediu para começar a competir em concursos de miss, acreditando que o pai seria o primeiro a apoiá-la, mas essa não a primeira reação. "Tinha medo que ela perdesse algum concurso e ficasse para baixo, não queria vê-la sofrer. Mas ela cabou contando tudo para a psicóloga dela, que me 'deu um puxão de orelha', falou que seria importante para ela", disse.
Desde então, a garota passou a colecionar títulos. Em 2011, ela ganhou o Mini Miss Espírito Santo 2012. No ano seguinte venceu o Mini Miss Brasil Fotogenia 2013 e foi chamada para a seleção do Mini Miss Espírito Santo Oficial, que também venceu. No dia 27 de abril deste ano, ela ganhou o Mini Miss Brasil Oficial e agora vai disputar, na categoria dela, o concurso de Miss Universo em Buenos Aires, no fim deste ano.
Ana Clara gostou tanto da experiência que agora faz parte de seus projetos para o futuro continuar desfilando. "Eu descobri que adoro participar de concursos e desfiles e quero seguir uma carreira."
Adoção tardia
Segundo a juíza da Vara da Infância e Juventude da Serra, Gladys Pinheiro, as pessoas dispostas a adotar querem recém-nascidos ou bebês. “Nossa cultura já está mudando, mas ainda precisamos trabalhar e repercutir a importância dessa ação com as crianças mais velhas e os adolescentes. Geralmente, elas costumam ficar em abrigos até atingirem a maioridade”, disse.
Mas essas situação não se encaixa no caso de Guto e Ana Clara. Foi de uma relação inical de amizade que surgiu o amor de pai e filha, sem se importarem se não tinham o mesmo sangue. A idade da menina, então com oito anos, não foi um empecilho. "O melhor de ser pai é poder passar todo o meu carinho e o amor para ela, e esses sentimentos não medem idade e nem deixam espaço para preconceitos", disse.
Ana Clara foi adotada por Guto há dois anos (Foto: Arquivo Pessoal)Ana Clara foi adotada por Guto há dois anos (Foto: Arquivo Pessoal)

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