Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2013
Ana Paula Ximenes e Max Victor Freitas conheceram-se quando eram estudantes no Curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Entre as afinidades descobertas durante o namoro estava o tempo que dedicavam juntos aos estudos, os investimentos em viagens para congressos no Brasil e no exterior, o consenso para casarem após a formatura e os filhos para mais tarde. Posteriormente à união civil do casal, foram dez anos compartilhando especializações fora do País, estruturando consultórios em Fortaleza e ambos dedicando-se às carreiras profissionais. Max Victor é reumatologista e Ana Paula, oftalmologista. “Éramos mais jovens e realizamos sonhos importantes naquela época: nossas formaturas e o casamento. Os filhos só viriam após a estabilidade profissional. Passaram 10 anos até nosso relógio biológico despertar para isso.”, compartilha Ana Paula. A médica Ana Paula descobriu que desenvolvera endometriose (transtorno ginecológico que causa infertilidade) logo após parar com o uso dos anticoncepcionais. Foram dois anos de tratamento para tentar engravidar e sem sucesso. Ana Paula e Max Victor tomaram nova e definitiva decisão em 2006: a adoção do primeiro filho. Os médicos contam que se informaram sobre os meios legais para a adoção de crianças e se submeteram esperançosos ao processo legal. “Ainda não existia o Cadastro Nacional de Adoção. Preenchemos o questionário sobre o perfil da criança, mas não definimos o sexo. Não constituímos advogado, não visitamos abrigos, submetemo-nos totalmente ao tempo e ao modo da Justiça. Queríamos fazer tudo certo e acreditávamos que isso cooperaria a nosso favor de alguma forma.”, afirma Ana Paula.
O BEBÊ DANIEL
“A primeira ligação do Juizado da Infância e Juventude, a primeira visita ao abrigo e a primeira criança: deu tudo certo!”, vibra Ana Paula. O tempo de espera por Daniel foi um ano. Ele estava acolhido no Abrigo Tia Júlia, possuía 10 meses de vida e já estava destituído do Poder Familiar. Eles queriam uma criança com até um ano de idade e aguardaram pela Justiça terrena e divina. “Os nossos filhos chegaram a nós por designios divinos!”, afirma Ana Paula. Os médicos receberam a guarda definitiva de Daniel em 2008. O primeiro filho do casal completou seis anos em 2013.
A SEGUNDA ADOÇÃO
As famílias de Ana Paula e Max Victor compartilhavam da esperança dos dois de serem pais. As avòs tiveram papéis preponderantes e até hoje apoiam e ajudam Ana Paula com as crianças Daniel e João, seis e dois anos respectivamente. O menino João com dois anos de idade chegou à família em 2013. A mãe Ana Paula conta que ela e o esposo foram orientados a realizar novo cadastro no Juizado da Infância e Juventude, preencher novo questionário para o perfil da criança e inscrever-se no Cadastro Nacional de Adoção. “Nós éramos como estranhos para Justiça. Começamos tudo de novo para a adoção de mais um filho”, completa Max Victor. Mais uma vez, Ana Paula e Max Victor logo se apegaram a João e a criança a eles. O período de adaptação dos pretendentes a adoção do menino demorou mais em razão do número maior de relatórios que deveriam ser emitidos pela assistente social durante as visitas do casal ao Abrigo Casa de Jeremias e da criança à casa do casal nos fins de semana através de autorização da Justiça. O casal reconheceu a necessidade atual dessas medidas de proteção e o acompanhamento sobre a vida da criança abrigada ante a perspectiva do novo lar. “A adoção não é um ato de caridade. É uma decisão muito séria e irrevogável; adotamos porque decidimos amar verdadeiramente e incondicionalmente”, declara Ana Paula.
João comemorou dois anos de idade em 2013, no convívio feliz com os pais e o irmão Daniel de seis anos. Os médicos receberam a guarda definitiva do filho mais novo em novembro deste ano.
ELES TÊM O DIREITO DE SABER
Ana Paula explica que os pretendentes a Adoção são orientados pelo Juizado da Infância e Juventude a contar sobre a adoção aos filhos. “A criança tem o direito de saber a história dela, isso ficou muito claro e é imprescindível para a felicidade plena da família, sem dúvida.”, afirma o casal. Os irmãos Daniel e João compartilham os brinquedos, atividades extraescolares e estudam no mesmo colégio. Ana Paula emocionou-se ao falar das suas perspectivas mais importantes para os filhos: que eles sejam homens honestos e responsáveis.
http://www.oestadoce.com.br/noticia/adocao-nao-e-caridade
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