Sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Postado e Escrito por Renata Palombo
A adoção, por si só, já é um tema muito complexo de ser abordado, em se tratando de adoção tardia a complexidade aumenta ainda mais. Vemos que a adoção tardia é permeada por muitos preconceitos e infelizmente no Brasil, os poucos estudos científicos que existem nessa área descrevem casos clínicos e psiquiátricos que associam a adoção a problemas e fracassos.
No entanto, nos últimos anos o tema tem sido cada vez mais divulgado e discutido, principalmente pelo aumento de Grupos de Estudo e Apoio a Adoção. Isso tem refletido socialmente de forma positiva, colaborando para desmistificar os conceitos errados sobre adoção. Fato que esse avanço acontece “a passos de formiga”, mas não deixa de ser um avanço que precisa ser valorizado.
Hoje, no Brasil, a adoção é vista como solução para infertilidade, o q faz com que a maioria dos candidatos a pais adotivos desejem adotar um bebê. Em geral somente as crianças até três anos conseguem colocação em famílias substitutas. As crianças mais velhas são adotadas por estrangeiros ou permanecem nas instituições até completarem a maioridade.
É bem verdade que a LENTIDÃO da justiça contribui MUITO para que muitas crianças com perfil para adoção permaneçam institucionalizadas e cresçam nos abrigos. Porém este é assunto para outro post.
As justificativas dos adotantes para rejeitarem crianças mais velhas relacionam-se fundamentalmente com o medo das dificuldades na educação (como se ter filhos biológicos ou adotar bebês garantisse controle e sucesso na educação destes).
Muitos acreditam que crianças adotadas tardiamente viriam com padrões sociais estabelecidos e não seriam capazes de se adaptar a nova realidade familiar e atender aos anseios dos pais (como se filhos biológicos ou adotados bebês atendesse a todos os anseios parentais).
Os preconceitos mais comuns quanto a adoção tardia são:
a) medo de adotar crianças mais velhas pela dificuldade da educação
b) receio que a criança venha com maus hábitos
c) a criança saberá de sua origem, sendo melhor adotar bebê e esconder dela que é adotada simulando por toda a vida uma família biológica.
Muitas famílias não bancam a adoção tardia porque não sabem diferenciar entre a aceitação/inserção completa da criança na família, e o desejo/tentativa de apagar suas origens e história de vida.
É necessário que pais adotivos tenham muito claro que ainda que adotem recém-nascidos jamais poderão apagar a origem e história de vida pregressa à eles. Viver na mentira não é o mais indicado para construir a base de uma família. Saber que é adotado não é o grande vilão das crianças que apresentam problemas emocionais ao longo da vida... o grande vilão é sem duvida o significado que os pais dão para esta adoção. Podemos citar aqui alguns significados ruins que se dá para a filiação adotiva como por exemplo, usar a adoção como prêmio de consolação para infertilidade e depositar na crianças suas frustrações por nunca ter conseguido gerar biologicamente, valorizar mais o “sangue que corre na veia” do que a convivência e a aceitação incondicional, usar a adoção da criança para resolver um problema conjugal, usar a adoção como forma de responder a uma cobrança social de que é necessário ter filhos, desejo de fazer caridade... entre tantos outros significados disfuncionais que poderíamos citar aqui.
A adoção desta maneira termina por não ser um processo nada fácil. Seria necessário uma mudança na sociedade e um preparo das pessoas para proporcionar de fato o encontro de pais para todas as crianças.
Hoje, o fato é que uma imensa quantidade de crianças acima de três anos continuam sem família enquanto uma imensa quantidade de candidatos a adoção pleiteiam crianças mais novas.
As crianças maiores ficam à espera de pais, e pais a espera de bebês.
Adoção Tardia: Por que não?
Fonte da Imagem:http://www.paisefilhos.pt/
Fonte consultada: Ebrahim, S. G. (2001). Adoção Tardia: Altruísmo, Maturidade e Estabilidade Emocional. Psicol. Relfex. Crit. vol. 14 nº1 Porto Alegre
http://descobrindoamaternagem.blogspot.com.br/2014/01/adocao-tardia-por-que-nao.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+DescobrindoAMaternagem+(Descobrindo+a+Maternagem) — com Renata Palombo.
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