quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

PAIS E FILHOS DE CORAÇÃO


07/01/2014
Por Natália Fávero/ON
Grupo de Apoio a Adoção de Passo Fundo ajuda a orientar, apoiar, discutir e divulgar a adoção legal.

O Adotchê surgiu há cerca de um ano e meio em Passo Fundo e está se consolidando como um auxílio para casais ou pessoas que estão com a intenção de adotar ou que já adotaram seus filhos de coração. O grupo oferece esclarecimentos, troca de experiências e incentivo a adoção. Um trabalho voluntário que só tem o desejo de ajudar pessoas que querem ser pai e mãe e crianças que querem ser filhos. Nesta história, pais e filhos não estão ligados pelos laços de sangue, mas sim pelo sentimento mais forte entre os seres humanos: o amor.
O primeiro encontro do grupo Adotchê foi realizado no dia 4 de setembro de 2012. A ideia surgiu durante o Curso de Formação para Pretendentes a Pais por Adoção, realizado pelo Judiciário. “Nestes encontros surgiu a necessidade de conversar mais sobre a adoção. Os participantes fizeram uma parceria com a UPF e formaram o grupo”, explicou a presidente do Adotchê, Daniela Lange Rossetto.
As reuniões são mensais e oferecem todos os esclarecimentos necessários sobre o período pré e pós-adoção. O grupo é formado por voluntários e participam pais que estão em processo de adoção, pretendentes, pais que já adotaram, psicólogas, assistentes sociais das casas de acolhimentos e pessoas que simpatizam com a causa. As reuniões são realizadas na primeira quarta-feira de cada mês, a partir das 19h30, no prédio da Faculdade de Medicina da UPF. O grupo tem uma parceria com o Serviço de Assistência Jurídica da Faculdade de Direito da UPF (Sajur) que oferece auxílio gratuito para as pessoas que desejam ingressar com um processo de adoção.
Durante os encontros são discutidos diversos temas relacionados a adoção e também costumam contar com a presença de profissionais. As principais dúvidas dos casais pretendentes é como fazer para adotar. Já para quem está na fila é saber quanto tempo de espera. Para os casais que já adotaram, os questionamentos são em relação aos tramites legais como guarda provisória e definitiva, dúvidas na hora de matricular os filhos na escola.
O grupo também incentiva a adoção tardia, a adoção entre irmãos e de crianças com problemas de saúde. O tempo de espera na fila dependerá do perfil que o casal escolheu. No questionário para adoção, o casal estabelece idade, sexo, cor da pele, de cabelo, de olhos, se pode ter algum problema de saúde, entre outros. “A grande maioria dos casais de Passo Fundo não foge da realidade brasileira e desejam crianças entre 0 a 3 anos. Este perfil não é compatível com as crianças que às vezes estão disponíveis para adoção. Quem pede por este perfil deve aguardar um pouco mais”, disse a presidente do Adotchê.

“ADOÇÃO NÃO É CARIDADE”
A presidente do Adotchê enfatizou que o desejo de adotar tem que partir do coração. “As pessoas não devem adotar pelo simples sentimento de querer fazer o bem para alguém. As crianças não estão interessadas no teu dinheiro. Elas querem teu amor, carinho, atenção. Estão ávidas por um pai e uma mãe”, enfatizou Daniela. Há várias razões que levam as pessoas a adotarem uma criança. “Alguns casais adotam por questões biológicas porque não conseguem engravidar e outros já tem seus filhos biológicos, mas sentem a vontade de ter mais um filho. A vontade de adotar vem da simples vontade de ser pai e mãe”, declarou a presidente do Adotchê.

DESAFIOS
A questão burocrática é um dos principais desafios citados pelo grupo. A adoção depende da Justiça. “O Poder Judiciário tem a função de inserir as crianças nas suas famílias biológicas, não sendo possível, e esgotadas todas as possibilidades, elas vão para a adoção. Durante este processo, as crianças ficam tempo nas casas de acolhimento e demoram a serem adotadas. Os casais pretendentes querem dar amor, carinho e estão ansiosos e aflitos por um filho. É difícil esperar e é preciso lidar com o psicológico deles para que se acalmem”, revelou Daniela.

PRECONCEITO AINDA É UMA REALIDADE
Não deve haver distinção entre filhos biológicos e adotivos. São filhos do coração. “A adoção deve ser encarada como uma maternidade normal. Existe preconceito na sociedade e, às vezes, por má fé de alguns, estas crianças serão tratadas diferentes. O preconceito é grande”, salientou Daniela.

PAIS DE CORAÇÃO
No dia 29 de novembro de 2012, o casal Maria Helena Mendes e Vilson Carniel recebeu a notícia que seriam os pais de coração de Eduarda e Gregori, que na época tinham 1 ano e 1 mês e 2 anos e 5 meses, respectivamente. Foram dois anos de espera. “Quando recebi a notícia estava aqui no escritório. Primeiro conhecemos eles por foto e já amamos. Digo que as fotos foram meu primeiro ultrassom. No dia seguinte, conhecemos as crianças pessoalmente. Houve uma interação muito bonita, uma troca gostosa de carinho e amor entre nós quatro”, revelou a mãe de coração. A rotina do casal mudou completamente. “Mudou da água pro vinho. Foi uma mudança de 360 graus, até no espaço físico. Há muito tempo vivíamos só nós dois. Sempre fomos muito ligados a crianças, mas como não coseguia engravidar devido a um problema de saúde, resolvemos nos adaptar”, contou Maria Helena.
Um sentimento incondicional. “Ser mãe é maravilhoso. Não sabemos mais viver sem eles. É muito bom escutar eles chamando de noite porque caiu o bico ou porque precisam de carinho. Quando chamam mamãe pra mim é como se fosse uma canção. Eles só precisam de amor, carinho e atenção, o resto é complemento”, declarou a mãe. O casal faz parte do grupo Adotchê. “Quando nos inscrevemos, o perfil desejado era de crianças até dois anos e depois que participamos do grupo mudamos de perfil, porque ouvimos as pessoas dizer o quanto estavam felizes com a adoção de crianças com três, cinco, sete anos. O grupo é uma forma de trocar experiências e de orientação”, revelou Maria Helena.
Confira no vídeo o depoimento dos pais de coração, Maria Helena e Vilson, desenvolvido por estudantes do curso de Publicidade e Propaganda da UPF. Outras informações sobre o grupo podem ser conferidas no Facebook: https://www.facebook.com/AdotcheGrupo
Créditos: Divulgação/ Fernanda Cecenote - Maria Helena e Vilson com seus filhos Eduarda e Gregori
http://www.onacional.com.br/comunidade+em+acao/45435/pais+e+filhos+de+coracao

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