terça-feira, 1 de abril de 2014

DEFENSORIA VAI REQUERER A PRIMEIRA ADOÇÃO POR CASAL HOMOAFETIVO EM ICOARACI


31/03/2014
Da Redação
Agência Pará de Notícias
O Núcleo de Atendimento Especializado à Criança e ao Adolescente (Naeca,) da Defensoria Pública de Icoaraci (distrito de Belém) vai requerer a primeira ação de adoção por um casal homoafetivo na vila. Dária dos Santos e Rosa de Fátima informaram à Defensoria que já cuidam de um bebê de seis meses de vida, e que desejam a guarda da criança. O menino ainda não foi registrado pelos pais biológicos, o que o casal pretende fazer quando sair a decisão da Justiça.
A coordenadora do Naeca em Belém, Emilgrietty Santos, informou que esses casos ainda não são comuns. Segundo ela, há uma procura pequena de casais homoafetivos por adoção. A maioria absoluta dos casos que chegam ao Naeca é de adoção por casais heterossexuais.
Dária disse estar confiante de que a Justiça vai deferir a adoção, embora tema o preconceito. “Tenho medo de julgamentos preconceituosos, mas não vou desistir”, afirmou. Aos 50 anos, Dária e sua companheira, Rosa de Fátima, 42 anos, cuidam do bebê desde seu nascimento. Ela contou que o casal está disposto a lutar pela guarda da criança. “Receio que possam alegar que, por sermos um casal homossexual, não temos capacidade de criar o menino com decência, o que não é verdade. No que depender de nós duas, nosso filho será um homem de caráter”, garantiu ela, que trabalha como designer.
Dária e Rosa, que estão juntas há mais de sete anos, disseram que o menino é o sétimo filho de uma família sem condições financeiras. A mãe, que é sobrinha de Rosa, já pretendia doar a criança, como fez com outros filhos. A mãe biológica passou a morar com o casal a partir do sétimo mês de gravidez. “Queríamos garantir que ela tivesse uma boa nutrição e cuidados médicos”, disse Dária. O casal proporcionou moradia, alimentação e assistência médica à mulher, e também construiu e mobiliou um quarto para o bebê.
Dária afirmou que, na família, a adoção foi aceita por todos. “É muito importante poder contar com a força de todos, principalmente dos parentes diretos do bebê, como a avó materna”, disse ela.
O casal deu entrada no pedido formal de adoção na última quinta-feira (27), na Defensoria de Icoaraci, onde foram solicitados os documentos necessários para concretizar a ação, entre os quais a declaração de união estável do casal e uma avaliação de psicólogo e assistente social.
A relação do casal, segundo Dária, se fortaleceu mais ainda com a presença da criança, por isso ela recomenda a adoção para outros casais homoafetivos que desejam constituir uma família. Elas aguardam, agora, o parecer favorável da Justiça. “O importante é assegurar os direitos do menino como nosso filho”, declarou Dária dos Santos.
Micheline Ferreira
Defensoria Pública do Estado do Pará
http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=97960

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