24/10/2012
Aula de filosofia aborda os mitos inautênticos e autênticos. Saiba o que um voluntário representa para a sociedade.
Do G1 PE
Crianças abandonadas ou retiradas da família pela Justiça, no Recife, não vão para a rua. Nesta casa elas encontram amor e carinho. Hoje o Lar do Nenen abriga 17 crianças, mas esse número muda a cada dia. Todo o trabalho de vestir, alimentar, cuidar é feito por voluntários. São 45 pessoas que se revezam nas tarefas.
Dona Lúcia é quem está aqui há mais tempo. Trabalha como voluntária do Lar do Nenen há 29 anos. Quando chegou, o lar estava pra fechar. "Eu achei que a gente tinha que fazer todo o esforço possível porque aqui não tinha uma casa de adoção. Ninguém [...] Colocava o filho na porta da pessoa, na cestinha, na caixinha", contou a voluntária Lúcia Gomes Lins.
Hoje, aos 81 anos, faz questão de vir até aqui pelo menos uma vez por semana. Ajuda fazendo trabalhos manuais para o bazar. "Eu hoje só faço quase companhia, só quase companhia porque eu venho aqui na segunda-feira fico costurando essas coisas, levo um bocado de coisa pra casa. No dia de vender vou pra lá ajudar a vender um dia. Eu faço parte da casa ainda e quero fazer até o fim da vida", disse dona Lúcia.
Tanta dedicação inspira quem está por perto. Dona Lúcia é um exemplo para as outras voluntárias. "Foi assim que através dela a gente conseguiu se inspirar por ela ter criado a instituição, ter passado tantos anos na instituição e ter nos passado tudo isso. A prova maior de tudo isso é o amor que todas as voluntárias dão às nossas crianças", comentou a voluntária Sandra Maria Moraes.
Para entender o que pessoas como dona Lúcia representam para a sociedade vamos fazer uma viagem no tempo. O conceito de mito surgiu na antiguidade. "Os mitos da antiguidade apresentavam funções muito definidas: a função de cuidar da vida, de dar resposta aos desafios apresentados pela natureza. Os mitos expressavam também, na antiguidade, os desejos humanos e também os desejos inconscientes [...] Hércules ou Perseu são os heróis plenos na mitologia grega. Teseu é outro mito pleno. Os mitos hoje não têm essa mesma função que tinham no passado, mas nós temos a herança deles", informou o professor de filosofia Fábio Medeiros.
Hoje nós convivemos diariamente com dois tipos de mitos. Os inautênticos não são reais. São heróis como os das histórias em quadrinhos. "O homem-aranha, o Thor, o Hulk, o homem de ferro, esses mitos eles expressam um certo desejo inconsciente da humanidade em fazer, por exemplo, o bem. Resolver algo que é próprio do humano que é a violência, resolver o problema da justiça, que se fazem presentes no nosso imaginário, naquilo que nós desejamos", explicou Medeiros.
Os mitos autênticos existem. Pessoas comuns como você, seu vizinho, seu amigo. Pessoas como dona Lúcia. "São pessoas reais que fazem aspectos da justiça, ações de justiça, de bondade, de serventia, de querer bem ao outro num propósito como o que nós vimos no Lar do Nenen. Com o trabalho voluntário, que é um trabalho muito significativo que independe, inclusive, de quem sejam as crianças, mas que necessitam de um apoio, de uma ajuda, de um cuidado", disse o professor.
http://g1.globo.com/pernambuco/vestibular-e-educacao/noticia/2012/10/
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