quarta-feira, 17 de outubro de 2012

PROCURA POR PERFIL IDEAL DIFICULTA ADOÇÃO DE CRIANÇAS



Divinópolis | Terça-feira, 16 de outubro de 2012
Por: Juliana Lelis
A barreira do preconceito é um dos grandes desafios do incentivo à adoção, já que muitas pessoas se prendem aos perfis de adoção, que só existem no fundo da mente de cada um.

Em Divinópolis, o número de crianças e adolescentes que esperam uma nova família é menor que o número de casais interessados a adotar. O perfil de meninas de cor branca e com faixa etária de até três anos, é o mais procurado e sendo assim não consegue atender a todas as famílias que procuram.
O Promotor de Infância e Juventude Carlos Fortes, contou que “É sabido, através de todas as pesquisas da área, que a esmagadora maioria dos brasileiros que desejam adotar preferem crianças recém nascidas ou abaixo de 3 (três) anos idade, brancas, saudáveis e do sexo feminino. Tal preferência é registrada no momento em que a pessoa (ou casal) se cadastra como possível adotante, perante o Juízo de sua residência. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) até 2009, 80,7% das pessoas cadastradas para adoção desejam crianças com no máximo 3 anos de idade, entretanto, apenas 7% das crianças “disponíveis para adoção” se encontram nesta faixa etária” contou.
Crianças acima de 10 anos e adolescentes, são o grupo menos procurado para adoção “Acima dos 10 anos de idade, então a adoção mostra-se pouco provável e na adolescência (acima de 12 anos), menos provável ainda. No ano de 2008, em Belo Horizonte apenas uma adoção de criança acima de 10 anos foi efetivada” disse.
O promotor também contou que “Além disso, há que se considerar que as crianças em situação de risco, consideradas “disponíveis para adoção” ou com situação ainda indefinida, muitas vezes têm um ou vários irmãos, muitas vezes são portadoras de alguma deficiência física ou mental, podem ser portadoras de doenças e são de raças variadas. Apenas 33% das crianças cadastradas para adoção são brancas, mas de idades variadas” contou.
A barreira do preconceito é um dos grandes desafios do incentivo à adoção, já que muitas pessoas se prendem aos perfis de adoção, que só existem no fundo da mente de cada um. “Por mais óbvio que nos pareça, é bom que se diga que as crianças que estão em abrigos não são criminosas, mas vítimas. Elas foram abrigadas porque seus pais, por motivos variados, não lhes garantiram o mínimo necessário dos seus direitos” disse.
Carlos Fortes concluiu informando que “ As crianças abrigadas são, via de regra, vítimas de maus tratos, de abandono, de negligência... são vilipendiadas por pais irresponsáveis, alcoólatras, drogados, apáticos, ausentes... por vezes são usadas para mendicância, prostituição, tráfico de drogas... e em alguns casos são órfãos, sem familiares que os possam receber e criar – como diuturnamente observamos nos casos trazidos à Justiça da Infância e Juventude” concluiu.
Já a empresária e fundadora do grupo de adoção “ De volta para casa”, Sandra Amaral, disse que “quando fui realizar a adoção da minha filha a 11 anos, passei por muitas dificuldades, uma delas era a falta de informação, porque naquela época não se sabia muito sobre as leis que envolvem a adoção. Um dos problemas que eu enfrentei foi porque aqui em Divinópolis para se adotar uma criança que tenha irmão você precisava adotar todos eles, então eu passei por dificuldades envolvendo isso, e a partir daí resolvi criar o grupo, para orientar, instruir as famílias que querem adotar uma criança” revelou.
Sobre o dito preconceito das pessoas que procuram apenas um padrão determinado de crianças, Sandra disse que “ esse perfil de criança perfeita que muitas famílias procuram, é um perfil imaginário, é algo que não existe na verdade, só existe na cabeça da pessoas, e isso vai muito do não conhecer da pessoa, do fato dela não estar orientada, e aqui no grupo o que nós fazemos é orientar as pessoas, é apresentar a elas a realidade, as levamos a conhecer as crianças de verdade, e isso é importante porque os pais tem que saber que as crianças adotadas são como crianças normais em todos os processos, elas dão birra, dão trabalho, choram, e precisam da atenção e do amor como todas as crianças” disse.
A empresária concluiu dizendo que “ para os pais que pretendem começar esse processo de adoção, eu os convido a visitar o grupo, lá eles serão orientados, instruídos e isso é muito importante, porque no momento que uma família decide adotar ela está muito movida pela euforia e emoção do momento e nós estamos aqui para instruí-las e prepará-las para receber essa mudança na vida delas, porque na verdade é uma grande mudança e essa criança tem que ser recebida com muito amor” concluiu.
http://www.g37.com.br/index.asp?c=padrao&modulo=conteudo&url=15399

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