20.03.2013
G1 - Portal de Notícias da Globo - SP
Mãe biológica registrou boletim porque disse estar sendo assediada. Irmãos foram retirados da família e entregues a casais do interior paulista.
A advogada Lenora Panzetti admitiu, nesta quarta-feira (20), que uma das mães adotivas dos cinco irmãos baianos, que foram retirados de casa, em 2011, e entregues a casais do interior de São Paulo, está há pelo menos três dias na cidade natal das crianças, Monte Santo (BA). Os garotos foram devolvidos aos pais biológicos por determinação da Justiça da Bahia, nesta quarta, a mãe baiana registrou um boletim porque disse que as crianças estão sofrendo assédio, inclusive, dentro da escola.
Lenora afirmou por telefone que sua cliente decidiu ir para Monte Santo sem consultá-la, mas defendeu que ela está no direito de qualquer cidadão "de ir e vir". Segundo a advogada, a médica moradora de Indaiatuba (SP) foi para a cidade baiana porque desde que as crianças foram devolvidas aos pais ela tem recebido informações de que a caçula, que viveu com ela por um ano e oito meses, está com a saúde debilitada.
"Não existe impedimento legal para que ela esteja lá. Se ela foi, foi por conta própria. E o fato de ela estar na mesma cidade não significa que tenha havido assédio ou tentativa de sequestro, como foi levantado levianamente", disse a advogado, que contou também que a médica está na cidade acompanhada de um amigo.
DENÚNCIAS
A mãe biológica das crianças, Silvânia da Silva, que detém a guarda dos cinco irmãos, relatou na delegacia que uma mulher entrou na escola onde dois filhos mais velhos estudam e os colocou no celular para falar com alguém de São Paulo. Silvânia diz que a situação ocorreu no dia 14 de março e que, desde então, ela se sente insegura. A advogada das famílias paulistas nega que a pessoa que entrou na escola seja a mãe adotiva.
"Desde que as crianças foram levadas, não houve contato com nenhum dos pais daqui de São Paulo. Ninguém falou com elas. Esta pessoa que teria entrado lá é um morador da cidade que quis constatar as coisas que nós também soubemos, que eles estavam mal", falou.
A mãe baiana diz também que a família vem sofrendo "investidas" de um homem que estaria em busca de informações sobre sua filha. Segundo Silvânia, um homem se apresentou como comprador de terras em sua casa na segunda-feira (11). "Ele veio aqui em casa anteontem, disse que queria comprar o terreno vizinho. Ele disse que queria acertar a comprar de um terreno com meu marido. Eu passei o número do celular errado do meu marido. Ele voltou na terça e eu dei uma queixa na delegacia", acrescenta Silvânia.
Sobre as tentativas de aproximação do amigo da mãe biológica que a acompanha em Monte Santo, Lenora diz não saber detalhes sobre o que tem ocorrido na cidade, mas afirma que as informações que têm são de que os contatos são amigáveis. "Não tem porquê eles serem tratados como bandidos", disse a advogada que afirmou também que não há razão para a mãe adotiva voltar para São Paulo. "Você só tem de fugir se está fazendo alguma coisa de errado".
PROMOTORIA
A promotora de Justiça do caso, Severina Fernandes, afirmou que já foi constatada a tentativa de entrada de uma pessoa na escola dos garotos, mas não disse se considera o fato um assédio ou outro crime. Ela informou ao G1 Bahia que as circunstâncias ainda serão apuradas. O delegado que investiga as denúncias não foi encontrado para comentar o andamento das investigações.
Os advogados que defendem os pais biológicos foram procurados pelo G1 para comentar as falas da defesa dos pais adotivos, mas ninguém foi encontrado ou retornou as ligações até a publicação desta matéria.
O CASO
O casal Silvânia e Gerôncio, pais das crianças, contaram que elas foram retiradas de casa em junho de 2011, pela polícia, após ordem do juiz Vítor Manoel Xavier Bizerra, que na época atuava em Monte Santo. O caso foi denunciado no Fantástico, da Rede Globo. Dos cinco filhos do casal, dois foram levados para Campinas. Os outros foram para Indaiatuba, cidade vizinha. Em 27 de novembro de 2012, o juiz Luiz Roberto Cappio determinou que as cinco crianças baianas voltassem a viver com os pais biológicos.
Os cinco filhos da lavradora Silvânia da Silva voltaram com a mãe biológica para a cidade de Monte Santo no dia 23 de dezembro de 2012.
Através da assessoria, o Tribunal de Justiça da Bahia disse que o juiz Luiz Roberto Cappio, que acompanhava o caso como juiz substituto, foi remanejado para a cidade de Euclides da Cunha, onde é titular da comarca. De acordo com o órgão, essa alteração de juízes ocorre anualmente no mês de janeiro, no entanto, só foi realizado depois que Cappio pudesse concluir o processo de Monte Santo.
http://www.interjornal.com.br/noticia.kmf?canal=5&cod=20006183
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