quinta-feira, 14 de março de 2013

Quando a lei é mais forte que o laço afetivo

DRAMA

14/03/2013 - 06:00h
Editor: Valdomiro da Motta 
Repórter: Phamela Hinhel 
Ibirama, 13 de julho de 2012. Mais uma vida chegava ao mundo. Pelo ventre de Kesia Miranda Alves Fernandes nascia Lohan Neri Fernandes. Diferente da história da maioria das crianças, nesta, o menino foi separado da mãe biológica por questões que vão além dos recursos financeiros.
Guabiruba. Três meses depois. Kesia escolhia Odete Maria Lang, moradora do Bairro Guabiruba Sul, para ser a mãe adotiva de Lohan. Odete era, na época, namorada de Mauro Portugal da Silva, que seria o pai do bebê, fruto de um relacionamento extraconjugal. Apesar disso, ela perdoou os dois e aceitou criar a criança. Após o término do relacionamento, Mauro foi para Itajaí e Odete continuou cuidando de Lohan, que tinha se tornado a alegria da casa. Mesmo que por apenas cinco meses. 
6 de março de 2013. O ar nebuloso da manhã daquela quarta-feira, quando a equipe de reportagem da Rádio Cidade chegou à casa de Odete, era semelhante à expressão presente na face dela. Em pé, junto à porta, ela segurava as últimas peças de roupa que Lohan tinha usado. Afinal, era a única lembrança física que lhe restara do menino.
Por determinação judicial, Lohan foi levado dos braços dela, tendo como destino o Lar Sagrada Família, em Brusque. O motivo: a adoção feita por ela não era dentro da legalidade. Precisava passar por todos os trâmites que a legislação determina.
“A criança estava tão feliz. Eu cuidava dele a cada segundo, dava comida, fruta, dava tudo pra ele”, relembra Odete, em meio à emoção das palavras carregadas e que faziam brotar um nó na garganta. Antes dela, conta, outro casal teria cuidado da criança por cerca de três meses. Era difícil aceitar que não mais tinha a presença de Lohan. 
Odete namorou por um ano o pai da criança. O relacionamento terminara por razões que vão além da traição. A chegada de Lohan à vida dela aconteceu quando o menino tinha três meses de vida. E ele ficou por outros cinco. Até que em uma sexta-feira, final da tarde, dia 1 de março de 2013, o bebê foi levado. 
“Disseram que tinha DNA pronto e que ele não era o pai. Mas mentiram pra mim. Eu conversei com o advogado e ele disse que o DNA vai ficar pronto só no fim do ano. O promotor e a promotora fizeram a solicitação do DNA. (...) Eu amo bastante. E não só eu. Meus filhos, tudo aqui. Eu chorava, me ajoelhava, pelo amor de deus deixa ele aqui. E eles não deixaram”, conta Odete, sem conter a emoção nos olhos e nas palavras.
O conselho tutelar de Guabiruba, que acompanhou o caso e a denúncia feita à justiça,  não quis se manifestar sobre o assunto. Uma das conselheiras, Franciele Nagel, comentou apenas que o caso está sendo acompanhado desde novembro de 2012. A informação, segundo ela, é de que uma denúncia chegou até o órgão. Ainda segundo a conselheira tutelar, os avós maternos da criança, que moram em Ascurra, têm interesse em cuidar do menino.
Procurada pela reportagem da Rádio Cidade para saber como fica a situação de uma criança que é levada para o abrigo, a direção do Lar Sagrada Família não quis se manifestar. Disse que apenas a juíza que está cuidando do caso poderia falar sobre o assunto. 
Também procurada, a juíza Maria Augusta Tridapalli, que determinou a retirada da criança de Odete, não recebeu a reportagem. A assessoria da magistrada disse que ela estava com a agenda cheia e que o caso de Lohan corre em segredo de justiça. A intenção era saber da juíza quais os procedimentos legais e como uma pessoa deve proceder para não adotar uma criança de forma ilegal.
Na próxima reportagem, você vai saber quais os trâmites legais para que um processo de adoção seja feito. E mais, qual o papel dos conselhos tutelares em situações como esta.
Colaborou: Wilson Schmidt Junior


http://www.radiocidadeam.com.br/web/noticia.php?cod_noticia=23879

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