Diretora chegou à cidade com o objetivo de criar orfanato.
Com 20 filhos criados, ela luta para manter seus projetos educacionais.
Comente agora
A história da diretora pedagógica Mara Novello Gerbelli, de 59 anos, e dos trabalhos desenvolvidos por ela com a comunidade de Monteiro Lobato , no interior de São Paulo, se confundem. Mara tem uma trajetória de sonhos, dedicação profissional e contribuição social, e é exemplo de mulher determinada, que não desiste de seus objetivos. Sem dúvida, tem motivos para ter sua história reconhecida no Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta sexta-feira (8).
Nascida em Santa Catarina, Mara trabalhava na cidade de São Paulo quando decidiu se mudar para Monteiro aos 25 anos, com um único objetivo: criar junto com seu marido, Primo Augusto Gerbelli, um lar assistencial para crianças carentes.
Na época, era professora numa associação de estudos filosóficos da capital, que incentivou o projeto. “Eu estava grávida e tinha a ideia de fazer um trabalho voltado para crianças com a filosofia. Foi um ímpeto”, conta. A escolha pela cidade foi devido ao apelo literário e histórico do local.
Ao chegar ao município, Mara encontrou as primeiras dificuldades: a falta de crianças carentes, que acabaram sendo enviadas de São José dos Campos e outras cidades da região. “As pessoas começaram a conhecer o trabalho e foram chegando crianças das mais diversas origens, algumas órfãs, outras sem estrutura familiar”.
O projeto foi ganhando força e diante da formação pedagógica de Mara, seus ‘novos’ filhos eram alfabetizados por ela e o marido, e em seguida encaminhados às escolas estaduais do município. Além da alfabetização, o casal também ensinava música, artesanato e astronomia. Diante da didática, outros pais se interessaram pelo modelo de ensino, o que incentivou Mara e Primo a construírem sua própria escola.
Nascida em Santa Catarina, Mara trabalhava na cidade de São Paulo quando decidiu se mudar para Monteiro aos 25 anos, com um único objetivo: criar junto com seu marido, Primo Augusto Gerbelli, um lar assistencial para crianças carentes.
Na época, era professora numa associação de estudos filosóficos da capital, que incentivou o projeto. “Eu estava grávida e tinha a ideia de fazer um trabalho voltado para crianças com a filosofia. Foi um ímpeto”, conta. A escolha pela cidade foi devido ao apelo literário e histórico do local.
Ao chegar ao município, Mara encontrou as primeiras dificuldades: a falta de crianças carentes, que acabaram sendo enviadas de São José dos Campos e outras cidades da região. “As pessoas começaram a conhecer o trabalho e foram chegando crianças das mais diversas origens, algumas órfãs, outras sem estrutura familiar”.
O projeto foi ganhando força e diante da formação pedagógica de Mara, seus ‘novos’ filhos eram alfabetizados por ela e o marido, e em seguida encaminhados às escolas estaduais do município. Além da alfabetização, o casal também ensinava música, artesanato e astronomia. Diante da didática, outros pais se interessaram pelo modelo de ensino, o que incentivou Mara e Primo a construírem sua própria escola.
Criação de escola
Junto com alguns professores e amigos interessados no projeto, Mara providenciou toda a documentação necessária junto à Diretoria de Ensino e em 1986 fundou o Centro Pedagógico Casa dos Pandavas, uma escola sem fins lucrativos, situada na zona rural de Monteiro. No início, professores e funcionários trabalhavam de maneira voluntária. A partir de 1988, a mesma associação que iniciou o projeto criou uma gráfica que tinha o lucro destinado à manutenção do local.
O trabalho da escola cresceu paralelo ao lar assistencial e na década de 90 Mara já possuía cerca de 20 'filhos adotivos', além de dois biológicos. “Alguns passavam um tempo com a gente de maneira informal com o consentimento e a procura dos próprios pais”, diz. “Nossa ideia foi fazer um verdadeiro núcleo familiar para que essas crianças não continuassem abandonadas e fossem recolocadas na sociedade de cabeça erguida”, acrescenta.
Junto com alguns professores e amigos interessados no projeto, Mara providenciou toda a documentação necessária junto à Diretoria de Ensino e em 1986 fundou o Centro Pedagógico Casa dos Pandavas, uma escola sem fins lucrativos, situada na zona rural de Monteiro. No início, professores e funcionários trabalhavam de maneira voluntária. A partir de 1988, a mesma associação que iniciou o projeto criou uma gráfica que tinha o lucro destinado à manutenção do local.
O trabalho da escola cresceu paralelo ao lar assistencial e na década de 90 Mara já possuía cerca de 20 'filhos adotivos', além de dois biológicos. “Alguns passavam um tempo com a gente de maneira informal com o consentimento e a procura dos próprios pais”, diz. “Nossa ideia foi fazer um verdadeiro núcleo familiar para que essas crianças não continuassem abandonadas e fossem recolocadas na sociedade de cabeça erguida”, acrescenta.
A gráfica foi a principal mantenedora da escola até 2009. Neste período, professores puderam ser registrados e pais se interessaram ainda mais em matricular os filhos. “Chegamos a ter fila de crianças para serem matriculadas na escola”, afirma.
Desafios e reconstrução dos sonhos
Sem o apoio da associação da capital, Mara viu seu projeto profissional e social em risco. “Fizemos uma reunião com os pais avisando que fecharíamos, porém eles se colocaram ao nosso lado e percebemos a necessidade da comunidade com a escola”. A partir de então, o projeto recomeçou com novo nome e a escola virou Instituto Pandavas.
Desafios e reconstrução dos sonhos
Sem o apoio da associação da capital, Mara viu seu projeto profissional e social em risco. “Fizemos uma reunião com os pais avisando que fecharíamos, porém eles se colocaram ao nosso lado e percebemos a necessidade da comunidade com a escola”. A partir de então, o projeto recomeçou com novo nome e a escola virou Instituto Pandavas.
Os professores e funcionários voltaram a trabalhar voluntariamente e pais, amigos e empresas se mobilizaram para ajudar o local por meio de doações. Alguns professores tiveram que conciliar as aulas com outras atividades e muitos foram obrigados a abandonar o projeto para conseguirem obter renda.
Ainda em 2009, Mara foi convidada para ser secretária de Educação no município, cargo que ocupou até 2012, sem deixar de lado os trabalhos com a escola. “Não me sinto diminuída por sair da secretaria e voltar a dar aulas. Foi um privilégio passar pela prefeitura e ter tido experiências maiores com o universo da educação.”
De volta à escola, também voluntariamente, Mara está de peito aberto para encarar os desafios e se emociona ao avaliar o trabalho realizado até então. “Isto é aquele sonho de juventude, em que achamos que podemos mudar o mundo. Hoje temos a consciência de que não podemos mudá-lo, mas podemos fazer a diferença na comunidade em que vivemos”, diz com voz embargada.
A diretora também acredita na força de sua intuição para tomar atitudes e decisões tanto no trabalho quanto no lar, principalmente nos momentos mais difíceis. “Acredito muito na intuição feminina, e ela é primordial para direcionar meus sonhos”, afirma.
Hoje, mais de 30 anos após chegar a Monteiro Lobato, boa parte dos filhos cresceram, centenas de alunos se formaram pela escola, diversos obstáculos permearam e continuam em meio aos sonhos de uma mulher que se entregou à projetos pessoais e sociais. Para ela, todo o trabalho dedicado não é em vão, e tem consciência de sua missão onde vive. “Foi isso que eu vim fazer no mundo. É uma doação minha. Sei que tenho muito ainda a ensinar”, afirma.
Junto com o marido Primo Augusto, Mara cuida dos filhos ainda crianças em 1980, logo no início da criação do lar assistencial. (Foto: Arquivo pessoal)Ainda em 2009, Mara foi convidada para ser secretária de Educação no município, cargo que ocupou até 2012, sem deixar de lado os trabalhos com a escola. “Não me sinto diminuída por sair da secretaria e voltar a dar aulas. Foi um privilégio passar pela prefeitura e ter tido experiências maiores com o universo da educação.”
De volta à escola, também voluntariamente, Mara está de peito aberto para encarar os desafios e se emociona ao avaliar o trabalho realizado até então. “Isto é aquele sonho de juventude, em que achamos que podemos mudar o mundo. Hoje temos a consciência de que não podemos mudá-lo, mas podemos fazer a diferença na comunidade em que vivemos”, diz com voz embargada.
A diretora também acredita na força de sua intuição para tomar atitudes e decisões tanto no trabalho quanto no lar, principalmente nos momentos mais difíceis. “Acredito muito na intuição feminina, e ela é primordial para direcionar meus sonhos”, afirma.
Hoje, mais de 30 anos após chegar a Monteiro Lobato, boa parte dos filhos cresceram, centenas de alunos se formaram pela escola, diversos obstáculos permearam e continuam em meio aos sonhos de uma mulher que se entregou à projetos pessoais e sociais. Para ela, todo o trabalho dedicado não é em vão, e tem consciência de sua missão onde vive. “Foi isso que eu vim fazer no mundo. É uma doação minha. Sei que tenho muito ainda a ensinar”, afirma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário