sexta-feira, 8 de março de 2013

Uma nova revolução feminina se anuncia!


08/03/2013 | DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Notícia publicada na edição de 08/03/2013 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 001 do caderno Ela - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.

Leila Gapy
leila.gapy@jcruzeiro.com.brUma nova revolução feminina se anuncia, silenciosa e lentamente, mas forte. Desta vez não haverá passeatas ou queima de sutiãs - como em 1968. Trata-se apenas da volta ao lar. Ou, pelo menos, da conciliação pacificada desta dupla jornada, agora mais simplista. É que depois de lutar pela igualdade de direitos e independência, uma geração de mulheres em conflito se formou, ansiando por dar conta dos vários papéis impostos. Porém, eis que agora surgem as mulheres que, apesar de brilharem como profissionais, estão, cada vez mais, optando por voltar a cuidar da casa e da família.

Isso quando não fazem essa escolha antes mesmo da carreira deslanchar, já visualizando a insatisfação futura, determinada pelo acréscimo de funções. E quando nenhuma das duas alternativas é possível, há ainda as que optam por trabalhar meio período, somente enquanto os filhos estudam. É o grito de liberdade de escolha, desta vez mais consciente e compartilhada junto da família. Não há dados exatos ainda. Mas o número de donas-de-casa que buscam por auxílio previdenciário já chega a quase 300 mil, com expectativa de alcançarem a marca de 1 milhão de mulheres em 2015, segundo o governo federal.

Amélias da modernidade
É o caso da sorocabana Cristina Faense Puente, de 47 anos. Contabilista, trabalhou a vida toda até que a vontade de ser mãe superou qualquer outra expectativa. Ela conta que foram 21 anos de casamento, tentando engravidar, até que optou pela adoção, há seis anos. E antes mesmo do compromisso ser firmado, ela deixou o emprego. "Eu sabia que a adoção poderia ocorrer a qualquer momento, então não queria nem deixar a empresa na mão, quanto mais deixar meus filhos sem minha presença", conta.

Na opinião dela, a divisão da atenção com o trabalho, só dificultaria a criação e educação dos filhos. "Eu pensava que as crianças já vinham desprovidas do convívio familiar, eu não poderia fazer isso novamente e terceirizar a educação. Então, junto do meu marido (Jorge Puente, 50 anos), optei por deixar o trabalho", recorda. Inara e Lorran, hoje com 7 e 9 anos respectivamente, chegaram há quase cinco anos e a mãezona já estava preparada para recebê-los.

Mas a adaptação não foi fácil para ela. "Depender do marido não é fácil e os serviços domésticos não têm fim. Mas quando penso que escolhi isso, me sinto bem. Eu sempre trabalhei, construímos essa casa juntos. Construímos uma vida juntos. Depender da aposentadoria dele (marido) para criar os filhos não me incomoda. São nossos filhos. Faço os serviços domésticos com carinho, cuido das crianças porque quero, não me arrependo. Eu quis ser mãe", diz ela que, quando as crianças forem maiores, pretende voltar a trabalhar. "Não julgo as pessoas, cada caso é um caso.

No meu, foi possível voltar para casa", comemora. Já Patrícia Ribeiro, de 34 anos, optou por ser dona de casa quando ainda namorava o marido, o metalúrgico Adilson Luiz Ribeiro, de 38 anos. "Decidimos, antes de casar, que eu cuidaria dos nossos filhos, que seríamos presentes. Trabalhei como costureira e babá até ter meus filhos", detalha a mãe de Rafael, de 7 anos, e Bruno, de 5 anos.

E ela se diz bem resolvida por depender do marido. "Estamos juntos nisso. Ele trabalha fora, mas eu também não paro. A minha presença em casa se justifica por várias coisas, como brincar com os meninos, andar de bicicleta, passear, levar nas aulas de judô, inglês, futebol. Sem contar a casa, que também cuido, a alimentação. Às vezes brinco que trabalho mais dentro de casa do que quando trabalhava fora", fala, explicando que já ouviu de tudo, desde quem é a favor até quem é contra. "Mas isso varia de pessoa para pessoa. Cada um tem um jeito de pensar", diz.

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