Portal EBC 29.08.2014
Bruna Ramos
João e Thamara Nogueira são jovens (ele tem 26 anos e ela, 27), se casaram há pouco mais de dois anos e sempre sonharam ser pais. Além dos próprios filhos, tinham interesse em adotar. Pensavam na adoção tardia de irmãos, duas características destoantes do perfil padrão procurado pela maioria dos pais no Cadastro Nacional de Adoção.
Formado em pedagogia, pela Universidade Federal de Brasília (UnB), João é professor temporário da Secretaria de Educação. Escalado para trabalhar com pré-adolescentes especiais, conheceu uma criança de 11 anos que tinha problemas de socialização e precisava de acompanhamento. João, então, montou um plano de atendimento e passou a visitá-lo em seu abrigo, para dar continuidade ao trabalho. E foi a chegada a este abrigo que mudou a vida do pedagogo.
Na casa de acolhimento, João se encantou por um menino. Conheceu, também, a irmã deste garoto. E, com o convívio, foi se afeiçoando cada vez mais. Aos poucos, João foi conhecendo o resto da família: eram seis irmãos, que antes de irem para o abrigo Aldeias Infantis SOS, em Brasília, estavam em situação de rua. “Eu e Thamara nos tornamos padrinhos afetivos dessas crianças e fomos tendo um entrosamento cada vez maior”, relata João.
O casal, que morava com os pais de João, levou os seis irmãos para uma temporada de 20 dias em sua casa, durante as férias, em dezembro de 2013. A experiência aumentou a vontade que já havia se manifestado, a de adotar o grupo. Com crianças com idades entre 9 e 3 anos, Thamara se viu, durante um passeio no parque, sozinha com as quatro menores. “Fiquei com as trigêmeas de 5 anos e a caçula, de 3. Foi um pouco difícil, mas eu consegui”, explica a estudante de pedagogia que sentiu mais forte, naquele momento, que tudo ia dar certo.
João e Thamara entraram, então, com o processo de adoção. Único casal da lista a querer adotar crianças com aquele perfil, eles não tiveram qualquer dificuldade. “Por causa da especificidade das crianças, o processo foi bem rápido”, conta João. A agilidade com que as coisas aconteceram passou como um tsunami na vida do casal. “Primeiro trocamos o carro, depois fomos atrás de uma casa para alugar”, enumeram os novos pais.
Há duas semanas com a guarda provisória dos seis filhos, João e Thamara têm contado com o apoio de muita gente disposta a ajudar, dando roupas, brinquedos e eletrodomésticos. “Nossa rotina mudou toda. Mas a gente não sente falta de nada da estrutura de organização da vida que a gente tinha antes. Pelo contrário, tudo é bem melhor hoje e a gente se sente bem mais realizado”, comemora João, que passou a acordar às 5h para dar tempo de arrumar todas as crianças e deixá-las na escola.
Para Thamara, as dificuldades que surgem da nova situação não se sobrepõem à descoberta e realização de ser mãe. “Foi um sonho. Mais do que eu imaginava de ser mãe. Mudou minha vida. Transforma até quem você é”, se derrete. Como Thamara ajudou a cuidar do irmão mais novo, sempre soube que estaria pronta para a maternidade. A família, segundo a vontade do casal, ainda não está completa. Ambos ainda pensam em pelo menos um filho biológico e outra adoção. “Eu queria muito fazer uma adoção internacional de uma chinesa”, revela a mãe.
Ainda se adaptando à nova rotina, João e Thamara revelam que já são chamados de pai e mãe e que as crianças todas entendem que aquela é a sua nova família, que a partir de agora começam um novo capítulo de suas vidas. “A gente tinha uma história, nossas histórias se encontraram e agora é a continuação de duas histórias na construção de outra história, uma história só”, resume o pai do sexteto.
http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2014/08/casal-adota-seis-irmaos-e-transforma-a-historia-de-varias-vidas
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