25/08/2014
Elaine Felchacka
Esperar pelo filho tão desejado é a parte mais difícil para as famílias que estão na fila de adoção. Conter a ansiedade é tarefa que precisa ser exercitada diariamente até que o processo finalize e a criança ou adolescente possa ir para a nova casa. Mas antes é preciso estar em dia com a parte burocrática. O primeiro passo é o casal, mulher ou homem interessado em se habilitar para adoção procurar a Vara de Infância e Juventude, munido de documentos pessoais. A Justiça não vai habilitar alguém interessado sem que esta pessoa esteja em plenas condições de assumir a paternidade.
A Vara de Infância e Justiça busca pais para as crianças e não filhos para os pais. No Paraná, há 3.722 interessados habilitados e 662 crianças acolhidas - só em Curitiba, 330 pais e 180 menores. “A criança é o foco”, afirma Halia Pauliv de Souza, presidente do Grupo de Apoio à Adoção Consciente. Para entrar na lista de habilitado o interessado tem de levar cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou declaração relativa ao período de união estável; cópias da identidade e CPF; comprovante de renda e residência. A Justiça também vai exigir atestados de sanidade física e mental; certidão de antecedentes criminais e certidão negativa de distribuição cível.
Depois de cadastrado e habilitado, o casal terá de esperar pela chamada da Justiça. É neste período que a ansiedade toma conta.
Todos os pais, sejam casados ou solteiros, passam por esta fase até vencer todas as etapas para conseguir a adoção. E o melhor caminho até que o processo se finde é buscar apoio e aproveitar este tempo para se preparar para receber o novo integrante da família. Em Curitiba não faltam pessoas solidárias e voluntárias para ajudar os papais e mamães que estão querem entrar no processo. “Tem que ficar calmo, ter tranquilidade. Quando nos ligaram, o Alexandre [marido] já achou que tínhamos um filho e não é assim”, explica Solange Pardini Augusto, que adotou há dois anos e meio um casal de irmãos, hoje com 5 e 8 anos de idade.
Alexandre José Augusto, marido de Solange, aconselha que os futuros papais e mamães aproveitem este tempo para se preparar e avaliar se realmente querem adotar, por se tratar de uma decisão para a vida toda. “Neste meio tempo, nós pesquisamos, estudamos, aprendemos o que é adoção. Quando nossos filhos chegaram, nós já estávamos mais maduros. A ideia que tínhamos de adoção era completamente diferente do que aprendemos no decorrer destes anos de espera”, acrescenta Alexandre, lembrando que ele e a esposa ficaram pouco mais de dois anos em processo até a chegada do casal de irmãos.
CUIDADO COM AS TENTAÇÕES!
A decisão de participar de um processo de adoção, embora pareça simples, exige muita reflexão. Com mais de 19 anos de experiência em apoio a famílias, homens e mulheres que querem adotar, além de ser mãe de duas filhas e duas netas adotivas, Halia Pauliv de Souza, presidente do Grupo de Apoio à Adoção Consciente, explica a necessidade de só buscar a adoção quando tiver a certeza do desejo. “Tem que ter muita disponibilidade porque a adoção é doação. Se tratando de casal, um não deve ir no embalo do outro. Tem que ser um desejo dos dois e não um aceitar a adoção apenas para agradar o outro. Tem que ter o real desejo em ambos”, destaca.
O casal Solange e Alexandre Augusto, que há dois anos e meio adotou um casal de irmãos, alerta que, além da paciência, este prazo de espera é também um período para resistir a tentações. Enquanto esperavam pela chegada dos filhos, Solange e Alexandre tiveram três propostas para adotar uma criança ilegalmente. “É muito comum ter possibilidades de adoção ilegal, mas é preferível aguardar na fila porque este é o caminho correto. Se a adoção ilegal for descoberta, não é uma criança que você vai devolver é o seu filho”, enfatiza Solange.
Ela lembra destaca ainda que muitas vezes, a informação vem de uma pessoa próxima, sem más intenções, mas que conhece alguém que pode ajudar. “Tem que ter muito cuidado, geralmente a informação vem de pessoas idôneas, que nem estão se dando conta do risco, que só querem ajudar porque conhecem um advogado que faz o processo, algo assim”, acrescenta Solange.
Solange e Alexandre: ideia de adoção era completamente diferente. Foto: Ciciro Back
http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/823278/?noticia=ADOTAR+REQUER+PLANEJAMENTO+E+MUITA+PREPARACAO+DO+CASAL
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