Não apenas em nome do “merchandising social”, mas
principalmente pelo potencial dramatúrgico, a adoção de crianças é um
dos temas mais frequentes da teledramaturgia brasileira.
Seja qual for a história em que se insere, é algo capaz de emocionar e fazer pensar, como acontece agora com o drama de Berna (Zezé Polessa) e Aisha (Dani Moreno) em Salve Jorge (Globo, 21h), e, a partir de hoje, com a estreia Sangue Bom, a nova novela das 7 de Maria Adelaide Amaral e Vicent Villari.
O assunto será, ainda, um dos pilares de Amor à Vida, que estreia no dia 20 na faixa das 9.
Entre as tantas vezes que o tema foi usado, algumas delas pela própria Glória Perez, o caso das personagens à sombra do tráfico de crianças é uma das melhores abordagens sobre o assunto em novelas. O resultado só não foi melhor porque a trama particular das personagens pareceu estar até agora em compasso de espera e, somente perto do fim da novela, Aisha encontrará a mãe biológica no Morro do Alemão. A patricinha turca, que ironia, é filha da barraqueira Delzuite (Solange Badim) e irmã da periguete Lurdinha (Bruna Marquezine) – e de quebra, tem um padrasto chamado Pescoço (Nando Cunha).
Mas mais empolgante do que o choque cultural e social entre Aisha e Delzuite deve ser a revelação de como aconteceu o processo de adoção irregular. Primeiro, a autora fez crer que a Berna, desesperada para ter um filho, caiu ingenuamente na conversa da traficante Wanda (Totia Meirelles). Sua aflição crescente, já mostrou que há algo mais – é capaz que ela não seja tão inocente assim e que tenha participado pessoalmente do roubo do bebê.
É interessante que a mulher de Mustafá (Antonio Calloni), elegante, mãe zelosa e, sem dúvida, uma das personagens “do bem”, seja também uma mentirosa capaz de arrancar o filho de outra mulher. É diferente, por exemplo, de uma Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) que, em outro registro, tirou Isabel (Carolina Dieckmann) de Maria do Carmo (Suzana Vieira) em Senhora do Destino (2007) por ser má – e “raposa loira e felpuda”, claro. É, por fim, mais que um roubo tresloucado para prender um homem, mas o espelho de um esquema, entre toda a carga de fantasia da novela, bastante próximo do real.
Berna fala com qualquer mulher mãe que esteja em frente à TV de muitas maneiras. Sua história é sobre alguém que quis muito um filho, com boas intenções. Mas também sobre quem pensou que, por ter dinheiro, poderia pular etapas do processo destinado à maioria dos mortais – e as consequências disso. Trata, ainda, da questão ética em torno da ideia que uma criança estará melhor se for criada por uma família de dinheiro.
De maneira distinta, e até com uma pitada de humor, a oposição entre o passado sem recursos e o presente confortável proporcionado por uma família adotiva está na espinha dorsal de Sangue Bom. Na novela das 7, Bárbara (Giulia Gam) é uma atriz decadente que, como algumas celebridades da vida real, adota crianças carentes – e usa isso para aparecer na imprensa. Numa de suas investidas pela fama, adotou a pequena Amora (Sophie Charlotte) e a transformou numa modernete à Paris Hilton. Entre o ser e o ter, o passado difícil da it girl, do qual ela ainda guarda a doce lembrança do amigo Bento (Marcos Pigossi), volta sempre para assombrá-la. Haverá, ainda, o núcleo do lar de adoção onde viveu o casal de mocinhos quando criança e ainda o vilão Fabinho (Humberto Carrão), comandado por Gilson (Daniel Dantas) e Salma (Louise Cardoso).
Em Amor à Vida, o autor Walcyr Carrasco também dará grande destaque ao tema, mas com outras nuances. A heroína Paloma (Paolla Oliveira) sofre um golpe do irmão, vilão Félix (Mateus Solano), e é separada da filha Paulinha (Klara Castanho), que acaba sendo adotada por Bruno (Malvino Salvador). No desenrolar da história, a mãe biológica e o pai de coração vão se apaixonar – isso é que é família moderna.
http://www.tribunahoje.com/noticia/62057/entretenimento/2013/04/29/adoco-de-criancas-e-o-tema-da-vez-nas-novelas.html
Seja qual for a história em que se insere, é algo capaz de emocionar e fazer pensar, como acontece agora com o drama de Berna (Zezé Polessa) e Aisha (Dani Moreno) em Salve Jorge (Globo, 21h), e, a partir de hoje, com a estreia Sangue Bom, a nova novela das 7 de Maria Adelaide Amaral e Vicent Villari.
O assunto será, ainda, um dos pilares de Amor à Vida, que estreia no dia 20 na faixa das 9.
Entre as tantas vezes que o tema foi usado, algumas delas pela própria Glória Perez, o caso das personagens à sombra do tráfico de crianças é uma das melhores abordagens sobre o assunto em novelas. O resultado só não foi melhor porque a trama particular das personagens pareceu estar até agora em compasso de espera e, somente perto do fim da novela, Aisha encontrará a mãe biológica no Morro do Alemão. A patricinha turca, que ironia, é filha da barraqueira Delzuite (Solange Badim) e irmã da periguete Lurdinha (Bruna Marquezine) – e de quebra, tem um padrasto chamado Pescoço (Nando Cunha).
Mas mais empolgante do que o choque cultural e social entre Aisha e Delzuite deve ser a revelação de como aconteceu o processo de adoção irregular. Primeiro, a autora fez crer que a Berna, desesperada para ter um filho, caiu ingenuamente na conversa da traficante Wanda (Totia Meirelles). Sua aflição crescente, já mostrou que há algo mais – é capaz que ela não seja tão inocente assim e que tenha participado pessoalmente do roubo do bebê.
É interessante que a mulher de Mustafá (Antonio Calloni), elegante, mãe zelosa e, sem dúvida, uma das personagens “do bem”, seja também uma mentirosa capaz de arrancar o filho de outra mulher. É diferente, por exemplo, de uma Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) que, em outro registro, tirou Isabel (Carolina Dieckmann) de Maria do Carmo (Suzana Vieira) em Senhora do Destino (2007) por ser má – e “raposa loira e felpuda”, claro. É, por fim, mais que um roubo tresloucado para prender um homem, mas o espelho de um esquema, entre toda a carga de fantasia da novela, bastante próximo do real.
Berna fala com qualquer mulher mãe que esteja em frente à TV de muitas maneiras. Sua história é sobre alguém que quis muito um filho, com boas intenções. Mas também sobre quem pensou que, por ter dinheiro, poderia pular etapas do processo destinado à maioria dos mortais – e as consequências disso. Trata, ainda, da questão ética em torno da ideia que uma criança estará melhor se for criada por uma família de dinheiro.
De maneira distinta, e até com uma pitada de humor, a oposição entre o passado sem recursos e o presente confortável proporcionado por uma família adotiva está na espinha dorsal de Sangue Bom. Na novela das 7, Bárbara (Giulia Gam) é uma atriz decadente que, como algumas celebridades da vida real, adota crianças carentes – e usa isso para aparecer na imprensa. Numa de suas investidas pela fama, adotou a pequena Amora (Sophie Charlotte) e a transformou numa modernete à Paris Hilton. Entre o ser e o ter, o passado difícil da it girl, do qual ela ainda guarda a doce lembrança do amigo Bento (Marcos Pigossi), volta sempre para assombrá-la. Haverá, ainda, o núcleo do lar de adoção onde viveu o casal de mocinhos quando criança e ainda o vilão Fabinho (Humberto Carrão), comandado por Gilson (Daniel Dantas) e Salma (Louise Cardoso).
Em Amor à Vida, o autor Walcyr Carrasco também dará grande destaque ao tema, mas com outras nuances. A heroína Paloma (Paolla Oliveira) sofre um golpe do irmão, vilão Félix (Mateus Solano), e é separada da filha Paulinha (Klara Castanho), que acaba sendo adotada por Bruno (Malvino Salvador). No desenrolar da história, a mãe biológica e o pai de coração vão se apaixonar – isso é que é família moderna.
http://www.tribunahoje.com/noticia/62057/entretenimento/2013/04/29/adoco-de-criancas-e-o-tema-da-vez-nas-novelas.html
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