ADOÇÃO TEM 132 CASAIS ‘CONTRA’ 14 CRIANÇAS
30/04/2013
Incompatibilidade numérica vem das exigências referentes à cor da pele, idade e outras condições Michele Stella
michele.stella@bomdiajundiai.com.br
Cinco dias depois de se inscreverem no cadastro de adoção em Jundiaí, a
empresária Ana Paula Franco Gimenez, 34 anos, e seu marido, o
retificador mecânico Anderson Roberto Gimenez, 37, conheceram Kauã. O
menino hoje representa a realização do maior sonho do casal.
E essa
conquista, curiosamente, durou exatos nove meses - tempo de uma gestação
e inferior ao normalmente esperado pela maioria dos casais na fila da
adoção.
“Mais de 90% dos pretendentes traça o perfil do filho dos
sonhos como sendo um bebê, de pele branca, com olhos claros e sem
problemas de saúde”, aponta o juiz da Vara da Infância e Juventude de
Jundiaí, Jefferson Barbin Torelli.
Como essa não é a realidade da
maioria das crianças prontas para serem presenteadas com uma nova
família, a espera se alonga - hoje, são 132 casais em busca de filhos
adotivos e 14 crianças à espera de novos lares.
Mas quem opta pela
adoção sem fazer exigências, como Ana Paula e Anderson, retira
obstáculos do caminho. “O Kauã veio já com uma história de vida, com
traumas e cicatrizes. Mas nós optamos por amá-lo e é um amor
incondicional”, diz Ana Paula, emocionada.
A adoção tardia será um
dos temas de encontro nacional que, neste ano, ocorrerá em Jundiaí. O
Enapa (Encontro Nacional de Grupos de Apoio à Adoção) está marcado para o
fim do mês de maio e deve reunir pessoas de toda a região. A
expectativa é grande de acordo com o presidente da Associação Projeto
Semente, Francisco Manoel Netto Soares.
“É um evento para orientar,
tirar dúvidas e ajudar toda pessoa interessada pela adoção”, diz,
contando ser pai de dois filhos adotivos - Maria de Fátima, de 13 anos, e
Chiquinho, de 11.
VIDA REAL
A maioria das crianças que
hoje vive em abrigos sofreu com a violência, abuso e abandono de acordo
com Jefferson Torelli. E entre tantos motivos, o uso de drogas é o
principal deles. “São pais e mães viciados, geralmente pelo crack, que
então não conseguem cuidar dos filhos”, diz o juiz, destacando a
seriedade de um problema social muito conhecido.
SEM PRECONCEITO
De acordo com a legislação, qualquer pessoa com mais de 18 anos e que
comprove condições de cuidar de uma criança pode tentar a adoção. Casais
heterossexuais, homossexuais, víúvos, mães solteiras...
Para a
professora Renata Longui, 33, e a policial militar Fábia Simões, 37, não
houve barreiras impostas pelo judiciário. Elas adotaram, recentemente,
dois irmãos: Carlos Henrique, 7, e Giovana, 6. “Os profissionais do
abrigo demonstraram certo preconceito, mas o juiz autorizou inclusive a
certidão no nome das duas”, comemora Fábia.
http://www.redebomdia.com.br/noticia/detalhe/49523/Adocao+tem+132+casais+%91contra%92+14+criancas
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