quinta-feira, 29 de maio de 2014

ABC ABRIGA 26 MENORES APTOS PARA A ADOÇÃO


Região conta com 22 abrigos e orfanatos; cerca de 397 jovens de 2 a 17 anos não vivem com suas famílias 
29/05/2014
ALYSSON RODRIGUES
OSCAR BRANDTNERIS
Da Redação*
Nos abrigos e orfanatos do ABC, há 26 crianças e adolescentes aptas a serem adotadas legalmente por uma nova família. Esse número corresponde a 6% dos 397 jovens que vivem em casas assistenciais da região, segundo o CNA (Cadastro Nacional de Adoção).
A Fundação Criança de São Bernardo, por exemplo, possui três unidades em diferentes pontos da cidade, que abrigam cerca de 54 jovens, de 2 a 17 anos. Apenas um deles pode ser adotado por perda total de vínculo com a família.
Para Eloísa Helena Daniel, diretora técnica da fundação, o número apresentado pelo CNA são altos, já que existe um esforço para ressaltar a importância de manter o jovem com sua família original. 
“A maioria das crianças em acolhimento possui uma família, e nós precisamos investir em um trabalho com elas para que se mantenha esse vínculo. É um índice alto se relacionarmos com essa necessidade”, afirmou.
Caso não sejam adotados, os jovens deixam as casas de assistência quando atingem a maioridade. Grande parte sai delas preparada para ser independente ou acaba criando um novo vínculo de convivência, mesmo de maneira informal e sem passar por um procedimento jurídico.
Ainda segundo Eloísa, quando adolescentes não conseguem uma família até os 18 anos, é feito um investimento educacional para que eles consigam sua autonomia. "Inclusive existem casos de adultos com mais de 25 anos que ainda nos procuram para pedir conselhos e ajuda nesse processo.”
A região possui 22 casas assistenciais que cuidam de menores a partir dos dois anos de idade. Na maioria dos casos, as situações são de abandono, maus tratos e impossibilidade financeira da família natural.
Por conta disso, o processo jurídico exige um acompanhamento interdisciplinar durante todo o período, onde uma equipe busca cumprir a missão de estabelecer um convívio saudável e afetivo entre o menor e a família.
A advogada Larissa Monforte Ferreira comentou que o processo é “rígido e cuidadoso por conta de diversos fatores que visam, prioritariamente, o bem estar da criança ou do adolescente que enfrenta esse tipo de situação”.
Segundo Larissa, “a adoção nunca é uma medida preferencial, e sim uma atitude excepcional, onde a prioridade é sempre manter o vínculo de paternidade e filiação entre a criança e sua família original. Caso contrário, avós e tios, por exemplo, podem ser uma segunda opção considerável”.
A adoção, quando efetivada, é um ato sem a possibilidade de cancelamento. Isso faz com que o vínculo jurídico com os pais biológicos nunca se restabeleça, mesmo que aqueles que adotaram venham a morrer.
Para adotar, é necessária uma diferença de 18 anos entre a criança e o adotando, com idade mínima de 18 anos, independentemente do estado civil. Ascendentes (avós e bisavós) não podem adotar seus descendentes. Adolescentes maiores de 12 anos precisam estar conscientes do fato e concordarem com isso na presença de um juiz responsável pelo caso.
“Em alguns casos, você percebe que existem problemas psicológicos e de convivência maiores na família que quer adotar do que na família original do adotado. Por isso existe esse processo de acompanhamento, que não é só jurídico”, afirmou Larissa.
ADOTANDOS
Em contrapartida, existem casais que não conseguem ter filhos, enfrentam um processo jurídico complicado e, em grande parte dos casos, não conseguem efetivar a adoção.
Segundo a psicóloga Miriam Fernandes Lambiase, esse tipo de situação cria diversos problemas na convivência de uma família, afetando psicologicamente a mulher.
“No caso de mulheres que não conseguem ter filho, é comum existir o sentimento de não ser completamente mulher, o que acaba criando uma ansiedade muito grande e a sensação de serem inúteis por não ser mãe”, afirmou a psicóloga.
Um outro problema gerado por essa aflição da família que não consegue ter um filho é a incompreensão da necessidade de uma reeducação do adotado, que, em grande parte dos casos, chega com traumas e uma educação desestruturada.
“As famílias acabam pressionando uma perfeição na criança, isso pelo fato de terem em mente que fizeram um favor em adotá-la, o que os fazem pensar que ela não possa cometer erros”, disse Miriam.
Crianças da casa de apoio Raio de Luz recebendo doações de empresas - Foto: Oscar Brandtneris 
*Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia da Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo
http://www.metodista.br/rronline/noticias/cidades/2014/05/regiao-possui-26-jovens-e-adolescentes-para-adocao/view

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