27/05/2014
Evelin Araujo
O problema da adoção em Campo Grande não é que sobram casais e faltam crianças para adoção, mas sim que os casais estão buscando por “crianças ideais”. Atualmente, 70 casais querem adotar filhos, enquanto 20 crianças sonham com uma família.
Mas, a espera por 'bebês Johnson', em referência ao padrão de beleza usado antigamente para ilustrar comerciais de cosméticos infantis, acaba afastando crianças e casais campo-grandenses do sonho.
A situação é confirmada pela coordenadora e psicóloga do Núcleo de Adoção, Lílian Regina Zeola.
“Os pais estão em busca de crianças recém nascidas, de até os três anos de idade e meninas. Geralmente brancas e com um perfil aparente semelhante ao da família, para que essa criança não pareça adotada. Mas a realidade de Mato Grosso do Sul é outra. Temos muitas crianças negras e pardas”, avalia.
Por isso, a quantidade de casais na fila de espera supera a quantidade de crianças que, teoricamente, não se encaixaram no perfil que as famílias buscas. Parece absurdo, mas não é para a realidade da Capital.
“O desejo dos pais é respeitado, mas a gente precisa defender o lado da criança e mostrar suas necessidades a quem quer ajudar. As crianças nos abrigos são filhos de pais alcoólicos, com problemas familiares, que podem ter sido negligenciadas. Essa é a realidade e os pais que estão dispostos a adotar precisam entender isso”.
O processo para que a criança esteja destituída do poder familiar demora, o que acaba aumentando a idade dela para o momento da adoção. Outro fator é a nova lei da adoção, n° 12.010 de 2009.
De acordo com as novas diretrizes, as crianças não podem passar mais de dois anos nos abrigos. “O juiz da infância faz avaliações semestrais e acompanha porque a criança ainda não foi adotada. O motivo mais frequente é a indisponibilidade de pais que se adequem a realidade delas”, lamenta a psicóloga.
Mais do que forçar um casal a entender a necessidade de adotar uma criança para que ela não fique no abrigo, o Núcleo de Adoção mostra crianças aos pais para que eles vejam de perto suas necessidades.
Em um dos cursos de adoção, Lílian conta que levou dois irmãos, de 7 e 8 anos, para conversar. “Quando perguntados do que gostavam, eles responderam como crianças que são de futebol e que não gostavam da escola. As respostas mostraram aos pais que estavam ali como eles são pequenos e frágeis. Isso fez com que um casal que estava presente mudasse de ideia e lutasse pela guarda deles. Hoje, moram todos juntos”, conta.
Além disso, livros e filmes são recomendados para que os pais percebam como é o processo de adoção. Após a participação no curso, eles recebem um certificado, passam por avaliações de psicólogo e assistentes sociais e entram com uma ação de habilitação para adoção. Também podem ser feitas visitas supervisionadas em qualquer um dos 18 abrigos da Capital, que são mantidos por Ongs e igrejas ou pelo município, como é o caso dos dois SOS abrigos.
Aprovados pelo juiz, o casal passa a fazer parte do Cadastro Nacional de Adoção. “As crianças daqui são preferencialmente adotadas por casais da Comarca. Mas se um casal de outro lugar procura uma criança com o perfil que temos, eles passam na frente de casais que aguardam as crianças que têm preferência e que não temos disponíveis”.
A psicóloga trabalha há 12 anos com processos de adoção e diz que a realidade está mudando. “Hoje os pais estão mais sensíveis a realidade. Mas só vale a pena quando o casal quer mesmo mudar de ideia, não adianta forçar”.
Mas, a espera por 'bebês Johnson', em referência ao padrão de beleza usado antigamente para ilustrar comerciais de cosméticos infantis, acaba afastando crianças e casais campo-grandenses do sonho.
A situação é confirmada pela coordenadora e psicóloga do Núcleo de Adoção, Lílian Regina Zeola.
“Os pais estão em busca de crianças recém nascidas, de até os três anos de idade e meninas. Geralmente brancas e com um perfil aparente semelhante ao da família, para que essa criança não pareça adotada. Mas a realidade de Mato Grosso do Sul é outra. Temos muitas crianças negras e pardas”, avalia.
Por isso, a quantidade de casais na fila de espera supera a quantidade de crianças que, teoricamente, não se encaixaram no perfil que as famílias buscas. Parece absurdo, mas não é para a realidade da Capital.
“O desejo dos pais é respeitado, mas a gente precisa defender o lado da criança e mostrar suas necessidades a quem quer ajudar. As crianças nos abrigos são filhos de pais alcoólicos, com problemas familiares, que podem ter sido negligenciadas. Essa é a realidade e os pais que estão dispostos a adotar precisam entender isso”.
O processo para que a criança esteja destituída do poder familiar demora, o que acaba aumentando a idade dela para o momento da adoção. Outro fator é a nova lei da adoção, n° 12.010 de 2009.
De acordo com as novas diretrizes, as crianças não podem passar mais de dois anos nos abrigos. “O juiz da infância faz avaliações semestrais e acompanha porque a criança ainda não foi adotada. O motivo mais frequente é a indisponibilidade de pais que se adequem a realidade delas”, lamenta a psicóloga.
Mais do que forçar um casal a entender a necessidade de adotar uma criança para que ela não fique no abrigo, o Núcleo de Adoção mostra crianças aos pais para que eles vejam de perto suas necessidades.
Em um dos cursos de adoção, Lílian conta que levou dois irmãos, de 7 e 8 anos, para conversar. “Quando perguntados do que gostavam, eles responderam como crianças que são de futebol e que não gostavam da escola. As respostas mostraram aos pais que estavam ali como eles são pequenos e frágeis. Isso fez com que um casal que estava presente mudasse de ideia e lutasse pela guarda deles. Hoje, moram todos juntos”, conta.
Além disso, livros e filmes são recomendados para que os pais percebam como é o processo de adoção. Após a participação no curso, eles recebem um certificado, passam por avaliações de psicólogo e assistentes sociais e entram com uma ação de habilitação para adoção. Também podem ser feitas visitas supervisionadas em qualquer um dos 18 abrigos da Capital, que são mantidos por Ongs e igrejas ou pelo município, como é o caso dos dois SOS abrigos.
Aprovados pelo juiz, o casal passa a fazer parte do Cadastro Nacional de Adoção. “As crianças daqui são preferencialmente adotadas por casais da Comarca. Mas se um casal de outro lugar procura uma criança com o perfil que temos, eles passam na frente de casais que aguardam as crianças que têm preferência e que não temos disponíveis”.
A psicóloga trabalha há 12 anos com processos de adoção e diz que a realidade está mudando. “Hoje os pais estão mais sensíveis a realidade. Mas só vale a pena quando o casal quer mesmo mudar de ideia, não adianta forçar”.
SERVIÇO
O curso para adoção em Campo Grande começa nesta terça-feira (27) e termina amanhã (28), com início às 19h. Os pais se cadastram na hora e ouvem depoimentos de pais que já adotaram, conhecem crianças e tiram dúvidas sobre o processo.
O encontro acontece na Rua 25 de Dezembro, no Tribunal do Júri, prédio do Fórum de Campo Grande.
O curso para adoção em Campo Grande começa nesta terça-feira (27) e termina amanhã (28), com início às 19h. Os pais se cadastram na hora e ouvem depoimentos de pais que já adotaram, conhecem crianças e tiram dúvidas sobre o processo.
O encontro acontece na Rua 25 de Dezembro, no Tribunal do Júri, prédio do Fórum de Campo Grande.
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