22/05/2014
A conta não fecha: há mais postulantes a adoção no Estado, 796 no total, do que crianças aptas a ganhar um novo lar
No dia 25 de maio comemora-se o Dia Nacional da Adoção e no Estado 796 pessoas estão habilitadas pela Justiça Capixaba a espera do futuro filho. Algumas delas já conseguiram a guarda provisória, mas as dificuldades para a conclusão do processo vem dos dois lados, tanto dos pais quanto das crianças. A conta não fecha: há mais postulantes a adoção do que crianças aptas a ganhar um novo lar. O pior, a maior parte delas fogem ao perfil exigido pelos candidatos a novos pais e o tempo de espera pode chegar a três anos.
Crianças novas e bebês, sem irmãos: esse é o perfil mais escolhido pelos brasileiros e também capixabas. Entretanto, no Espírito Santo, das 147 crianças e adolescentes em situação de abrigamento esperando os novos pais - sendo 95 meninos e 52 meninas -, 90% possuem mais de quatro anos. Outro fator dificulta o quadro: 45 delas estão em condição especial de saúde. Os dados são da Comissão Estadual Judiciária de Adoção do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, do dia 20 de maio.
O processo burocrático enfrentado pelas famílias também pode se tornar um empecilho. O tempo entre a entrega dos cerca de dez documentos exigidos pela Justiça e o requerimento e análise do pedido de habilitação pelo juiz e também Ministério Público, além de todo o programa de preparação e entrevistas, pode chegar a seis meses. Feito esse processo, o tempo de contato do judiciário informando que encontrou a criança com o perfil solicitado pode ser de mais um ano. A demora também pode existir no processo de contato com a criança, os encontros e a obtenção da guarda provisória. Ao todo, as famílias podem esperar três anos, podendo renovar o pedido para mais três.
Apesar de todo o trabalho, a diretora científica da Associação de Terapia Familiar do Espírito Santo e integrante do Grupo Ciranda, Daniela Reis, afirma que o processo traz maior segurança para as famílias e também para as crianças e adolescentes.
"Essa conta não fecha. E como hoje a gente tem a obrigação de fazer a adoção por vias legais, o processo pode parecer um pouco mais complicado, mas traz mais segurança tanto para a família quanto para a criança, porque uma vez que o juiz determina a adoção, ela é irrevogável, não dá para devolver o filho e nem tirar o filho dessa família", afirma.
Daniela afirma ainda que uma das barreiras enfrentadas no processo de adoção no país tem sido vencida, a do preconceito, e acredita que esse seja um dos fatores que tenha aumentado a procura por adoção. "Ainda existe muito preconceito em relação à adoção: de que criança adotada é problema dobrado, de que menino adotado já vem com carga genética muito complicada e que vai desenvolver um comportamento complicado. Mas não é isso que a gente tem visto na realidade, muitas vezes os filhos biológicos, de pais biológicos, apresentam muito mais problemas que os filhos adotados. Tudo depende como é feita a chegada dessa criança na família", aponta.
A psicóloga Hildeséia dos Santos Afonso, 44 anos, nunca teve esse preconceito. Os dois filhos que tem com o marido, Alcemir Jovarini, são adotados. O casal foi na contramão dos padrões exigidos pelas famílias para adoção: Luan, hoje com nove anos, chegou ao lar de Hildeséia já com cinco anos; Mariana, com atuais seis anos, veio aos quatro.
"Foi uma decisão bem amadurecida minha e do meu marido, foi uma decisão consciente, porque existe muitos mitos em relação a adoção tardia: que elas já tem uma personalidade pronta, que já tem uma história, tem uma dificuldade de adaptar a uma nova família. E a gente avaliou que isso é possível de mudar desde que ofereça um ambiente afetivo, que ela se sinta pertencente a esse espaço", apontou.
O sonho de construir uma família com o parceiro, fez com que o advogado Patrick Nogueira, 39 anos, e Alex, 44 anos, entrassem na fila para adoção. O perfil escolhido pelo casal é de crianças até três anos. Por ser o primeiro filho, eles querem poder vivenciar todas as etapas, até mesmo da troca de fraldas. Patrick conta como é a sensação da espera.
"Vivemos uma situação de angústia. Estar grávido, sem estar grávido. Você não sabe com qual idade vai vir, qual é o sexo. Não pode montar o quarto. Você tem que aguardar um pouco para fazer a primeira visita. É uma expectativa, é um coração pronto, mas aguardando", contou.
Mesmo assim, Patrick afirma que é uma felicidade sem fim estar habilitado pela Justiça para receber uma criança em seu lar. Com alguma sorte, em pouco tempo, ele fará parte das 16 famílias que conseguiram concluir o processo de adoção junto ao Judiciário Capixaba, de janeiro a maio deste ano. Em 2013, 92 crianças e adolescentes receberam um novo lar. Para o Dia Nacional da Adoção, o Tribunal de Justiça do Estado prepara uma programação especial de domingo a terça-feira (27). No dia 25, será realizada a Primeira Caminhada pela Adoção, saindo da Praça dos Namorados, em Vitória, às 9 horas.
Fonte: Rádio CBN Vitória (93,5 FM)
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2014/05/noticias/cidades/1481563-adocao-147-criancas-e-adolescentes-na-espera-de-novos-pais.html
Crianças novas e bebês, sem irmãos: esse é o perfil mais escolhido pelos brasileiros e também capixabas. Entretanto, no Espírito Santo, das 147 crianças e adolescentes em situação de abrigamento esperando os novos pais - sendo 95 meninos e 52 meninas -, 90% possuem mais de quatro anos. Outro fator dificulta o quadro: 45 delas estão em condição especial de saúde. Os dados são da Comissão Estadual Judiciária de Adoção do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, do dia 20 de maio.
O processo burocrático enfrentado pelas famílias também pode se tornar um empecilho. O tempo entre a entrega dos cerca de dez documentos exigidos pela Justiça e o requerimento e análise do pedido de habilitação pelo juiz e também Ministério Público, além de todo o programa de preparação e entrevistas, pode chegar a seis meses. Feito esse processo, o tempo de contato do judiciário informando que encontrou a criança com o perfil solicitado pode ser de mais um ano. A demora também pode existir no processo de contato com a criança, os encontros e a obtenção da guarda provisória. Ao todo, as famílias podem esperar três anos, podendo renovar o pedido para mais três.
Apesar de todo o trabalho, a diretora científica da Associação de Terapia Familiar do Espírito Santo e integrante do Grupo Ciranda, Daniela Reis, afirma que o processo traz maior segurança para as famílias e também para as crianças e adolescentes.
"Essa conta não fecha. E como hoje a gente tem a obrigação de fazer a adoção por vias legais, o processo pode parecer um pouco mais complicado, mas traz mais segurança tanto para a família quanto para a criança, porque uma vez que o juiz determina a adoção, ela é irrevogável, não dá para devolver o filho e nem tirar o filho dessa família", afirma.
Daniela afirma ainda que uma das barreiras enfrentadas no processo de adoção no país tem sido vencida, a do preconceito, e acredita que esse seja um dos fatores que tenha aumentado a procura por adoção. "Ainda existe muito preconceito em relação à adoção: de que criança adotada é problema dobrado, de que menino adotado já vem com carga genética muito complicada e que vai desenvolver um comportamento complicado. Mas não é isso que a gente tem visto na realidade, muitas vezes os filhos biológicos, de pais biológicos, apresentam muito mais problemas que os filhos adotados. Tudo depende como é feita a chegada dessa criança na família", aponta.
A psicóloga Hildeséia dos Santos Afonso, 44 anos, nunca teve esse preconceito. Os dois filhos que tem com o marido, Alcemir Jovarini, são adotados. O casal foi na contramão dos padrões exigidos pelas famílias para adoção: Luan, hoje com nove anos, chegou ao lar de Hildeséia já com cinco anos; Mariana, com atuais seis anos, veio aos quatro.
"Foi uma decisão bem amadurecida minha e do meu marido, foi uma decisão consciente, porque existe muitos mitos em relação a adoção tardia: que elas já tem uma personalidade pronta, que já tem uma história, tem uma dificuldade de adaptar a uma nova família. E a gente avaliou que isso é possível de mudar desde que ofereça um ambiente afetivo, que ela se sinta pertencente a esse espaço", apontou.
O sonho de construir uma família com o parceiro, fez com que o advogado Patrick Nogueira, 39 anos, e Alex, 44 anos, entrassem na fila para adoção. O perfil escolhido pelo casal é de crianças até três anos. Por ser o primeiro filho, eles querem poder vivenciar todas as etapas, até mesmo da troca de fraldas. Patrick conta como é a sensação da espera.
"Vivemos uma situação de angústia. Estar grávido, sem estar grávido. Você não sabe com qual idade vai vir, qual é o sexo. Não pode montar o quarto. Você tem que aguardar um pouco para fazer a primeira visita. É uma expectativa, é um coração pronto, mas aguardando", contou.
Mesmo assim, Patrick afirma que é uma felicidade sem fim estar habilitado pela Justiça para receber uma criança em seu lar. Com alguma sorte, em pouco tempo, ele fará parte das 16 famílias que conseguiram concluir o processo de adoção junto ao Judiciário Capixaba, de janeiro a maio deste ano. Em 2013, 92 crianças e adolescentes receberam um novo lar. Para o Dia Nacional da Adoção, o Tribunal de Justiça do Estado prepara uma programação especial de domingo a terça-feira (27). No dia 25, será realizada a Primeira Caminhada pela Adoção, saindo da Praça dos Namorados, em Vitória, às 9 horas.
Fonte: Rádio CBN Vitória (93,5 FM)
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2014/05/noticias/cidades/1481563-adocao-147-criancas-e-adolescentes-na-espera-de-novos-pais.html
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