terça-feira, 27 de maio de 2014

SÃO JOÃO POSSUI NOVE CRIANÇAS NA FILA DE ESPERA PARA ADOÇÃO


26/05/14
São João
Condições culturais, crianças acima de 6 anos, negras e com necessidades especiais são muito difíceis de serem adotadas
Em 25 de maio comemora-se o Dia Nacional da Adoção, atitude que leva alguém a, não podendo ou não querendo ter filhos pelas vias biológicas, querer dividir sua vida com eles de outra forma.
Muitas pessoas que optam pela adoção, como a atriz australiana Nicole Kidman, defendem a ideia de que as crianças adotivas são amadas em dobro, pois foram “escolhidas”, ao contrário de uma gestação que, em alguns casos, não é programada.
A infertilidade é uma das causas mais alegadas na hora de adotar uma criança mas atualmente, casais em união homoafetiva, pessoas solteiras e outros perfis a tem buscado para realizar-se enquanto pais.
Para saber um pouco mais sobre estas duas partes –pais e filhos—que, ao se unirem em adoção passam a construir uma história, a reportagem do O MUNICIPIO conversou com os psicólogos judiciários Wagner Fernandes David e Cláudia Tamaso.
AGUARDAR A SUA VEZ
Em São João, há nove crianças/adolescentes disponíveis para adoção.
“São três grupos de três irmãos, com idade entre 10 e dezessete anos, de etnia branca”, diz Wagner.
O psicólogo explica que os pretendentes podem escolher o perfil da criança a ser adotada, o qual fica registrado numa planilha elaborada pelo Conselho Nacional de Justiça.
“Havendo grupo de irmãos, devem ser adotados pelo (s) mesmo (s) pretendente (s), de modo a não romper o laço fraternal entre eles”, afirma o psicólogo.
E justifica que, no entanto, é importante analisar, inicialmente,como é a qualidade desses laços, sempre refletindo sobre o melhor interesse da criança.
LEIS E DIFICULDADES
Segundo Wagner, a nova Lei da Adoção abre oportunidade para a excepcionalidade, havendo justificativa para que os irmãos sejam adotados separadamente.
“No Brasil, devido às condições culturais e mitos sobre a adoção, as crianças acima de 6 anos, negras ou portadoras de necessidades especiais são muito difíceis de serem adotadas”, reconhece o psicólogo.
A nova Lei da Adoção disponibilizou o prazo de 120 dias para conclusão da ação de destituição do Poder Familiar.
Wagner argumenta que a nova Lei indicou prazos e recursos a serem utilizados, a fim de agilizar ações que envolvam crianças/adolescentes para que, realmente, sejam priorizados e considerados enquanto seres em desenvolvimento.
O psicólogo jurídico salienta que é preciso entender a adoção como medida excepcional. Inicialmente, a família biológica precisa ter garantido o acesso da criança a condições de dignidade, saúde, educação...enfim, precisa ser avaliada e receber apoio de instâncias, governamentais e não governamentais, como redes de proteção à infância e adolescência.
“A compreensão de família deve, ainda, significar mais do que laços biológicos e consanguíneos, constitui-se por laços afetivos”, considera Wagner.
E tal compreensão, de acordo com ele, está muito bem orientada por nossos dispositivos legais - Código de Processo Civil e Estatuto da Criança e do Adolescente.
A lei não determina uma renda familiar mínima como condição para adotar. As condições psicossociais do pretendente - avaliada pelo Setor Técnico Judiciário - serão um dos aspectos a se considerar pela autoridade judiciária.
MUDANÇAS POSITIVAS
Se até há algum tempo, crianças mais velhas tinham dificuldade para serem adotadas, Cláudia Tamaso, também psicóloga judiciária, observa que isso tem melhorado.
“Haviam alguns mitos sobre a adoção mas hoje, pessoas já buscam por crianças de até 6 anos, idade que ‘subiu’ na procura”, avalia Cláudia.
Outro ponto que a psicóloga lembra é o fato de que, pais adotivos são acima de tudo, pais. Filhos adotivos passam a ser simplesmente filhos e sendo assim, há o direito de que, após os 18 anos, eles possam ter ciência e acesso ao seu próprio processo de adoção.
Os processos legais devem ser conservados, pois fazem parte da vida das pessoas envolvidas.
“Adotivos ou não, são pais acima de tudo e é preciso dar liberdade aos filhos, para que saibam sua história e respeitá-los, caso queiram conhecer seus pais biológicos”, finaliza a psicóloga.
http://www.omunicipio.jor.br/Sao-Joao/2014/05/sao-joao-possui-nove-criancas-na-fila-de-espera-para-adocao.html

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