10/08/2014
Ariane Viana Do G1 Presidente Prudente
Funcionário público de 38 anos conseguiu guarda do menino de 10 anos. Data é comemorada por ambos que curtem a 'nova vida' desde março.
A decisão de adotar uma criança é sempre muito avaliada por casais que desejam ter uma família, mas não podem ter filhos. E quando essa vontade de aumentar os integrantes parte de um homem solteiro? Para algumas pessoas, isso pode soar com um pouco de desconfiança ou como um tabu. No entanto, para o funcionário público Ruyter Luciano da Silva, de 38 anos, morador de Presidente Prudente, não tem nada de complicado nessa história. Ele adotou um garoto de 10 anos e comemora seu primeiro Dia dos Pais neste domingo (10).
O desejo pela paternidade está presente em sua vida desde os seus 21 anos, mas só depois de uma longa jornada entre entrega de documentos e atendimentos psicológicos, Silva entrou na fila de pais que querem adotar uma criança, em 2013. Após cerca de oito meses, ele recebeu a ligação tão desejada do Fórum: um menino estava à disposição do contato de uma nova família na Sociedade Civil Beneficente Lar Santa Filomena
“Quando recebi o convite do abrigo para conhecê-lo, não foi amor à primeira vista, como a maioria dos casos. Aos poucos fomos nos conhecendo, passeando nos fins de semana, brincando e, quando eu me dei conta, já nos víamos todos os dias e tínhamos muito em comum. Diante de um relacionamento tão bom com o menino, eu me senti realmente o pai dele e, por isso, abri meu coração para o meu primogênito”, relata ele ao G1.
No dia 18 de março deste ano, o juiz concedeu a guarda provisória com fins de adoção do garoto para Silva, se tornando, como ele mesmo diz, “paimãe” ou “pãe”.
Mas afinal, por que um homem solteiro decide adotar? Para o funcionário público, não existe uma explicação lógica, apenas o desejo de cuidar, criar e educar uma criança que fará parte de sua vida. "O instinto de paternidade existe, assim como o de maternidade. Mas a adoção é uma escolha baseada no amor, assim como deveria ser a escolha de pais que têm filhos biológicos, que, muitas das vezes, não dão valor aos seus filhos de sangue. Eu, felizmente, fiz minha escolha e adotei a atitude de amar meu menino de coração, realizando o meu sonho”, comenta.
Segundo o Silva, o preconceito enfrentado por um pai solteiro ainda está presente na sociedade. Ele considera um tabu a ser quebrado, já que algumas pessoas desconfiam da sexualidade ou até das intenções do homem que não é casado, dificultando a socialização da criança no novo meio em que irá viver.
“Algumas pessoas pensam que por eu não ser casado, não tenho responsabilidade suficiente para cuidar de uma criança, até mesmo porque só existe a minha renda. Mas sei que minha vontade de ser pai é muito maior do que qualquer falta de apoio”, explica ele, que conta com a ajuda de uma empregada doméstica para auxiliar nos cuidados do filho.
No dia a dia, ele diz que situações engraçadas são muitas mais frequentes do que as constrangedoras. Conforme Silva, é muito comum encontrar amigos que ainda não sabem que ele adotou o garoto, recentemente. “Alguns me peguntam: 'Ele é seu filho? Mas eu não sabia que você tinha casado'. Mas depois eu explico que sou pai solteiro e o adotei. No entanto, sem exceção, todos ficam surpresos com a notícia”, conta.
Dos programas ao lado do pai, o tímido menino conta que as idas ao clube e os passeios de carro estão entre os favoritos. "Eu gosto muito de brincar com meu pai quando ele está de folga e com os filhos dos amigos dele, já estou bem enturmado", revela.
Silva diz ainda, orgulhoso, que a identificação entre os dois cresce a cada dia. "Eu sou uma figura masculina muito forte para ele, que tem me imitado no jeito e nas roupas que visto. Quando compro algo novo, ele quer um parecido para ele, como um óculos que comprei há algum tempo. Tive que comprar um pra mim e outro para ele", lembra.
Diante do seu primeiro Dia dos Pais, Silva não esconde a felicidade de ter realizado o seu sonho e também do menino, que morou no abrigo por um ano até conseguir um novo lar. “Esse dia tão especial não pode ser comemorado da melhor forma, afinal já consegui o presente mais extraordinário que Deus poderia me dar, o meu filho. Com certeza, um dos sentimentos mais profundos de toda a minha vida”, finaliza.
Pai e filho se conheceram no Lar Santa Filomena e, desde então, não se desgrudaram mais (Foto: Ariane Viana/G1)
Silva comemora seu primeiro Dia dos Pais ao lado do seu primigênito (Foto: Ariane Viana/G1)
Garoto de 10 anos morava no abrigo há um ano (Foto: Ariane Viana/G1)
Ruyter Luciano Silva de 38 anos é solteiro e adotou recentemente um garoto de 10 anos (Foto: Ariane Viana/G1)
http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/noticia/2014/08/solteiro-pai-adotivo-celebra-primeiro-dia-dos-pais-e-luta-para-quebrar-tabus.html
Pai e filho se conheceram no Lar Santa Filomena e, desde então, não se desgrudaram mais (Foto: Ariane Viana/G1)
Silva comemora seu primeiro Dia dos Pais ao lado do seu primigênito (Foto: Ariane Viana/G1)
Garoto de 10 anos morava no abrigo há um ano (Foto: Ariane Viana/G1)
Ruyter Luciano Silva de 38 anos é solteiro e adotou recentemente um garoto de 10 anos (Foto: Ariane Viana/G1)
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