Órfãos do Brasil
28/03/2013 | 06h03
Mãe biológica conta como entregou bebê para adoção por carência e alimenta esperança de que jovem adotada por israelenses seja sua filha
Mãe e filha foram separadas pouco depois do parto, em Itajaí, no Litoral Norte de SC
Foto:
Marcos Porto / Agencia RBS
Mônica Foltran
A dona de casa ouvia, mas custava a acreditar. Pelas palavras de um
policial militar, recebia notícias da filha que viu só uma vez, há quase
26 anos. As duas foram separadas pouco depois do parto, em Itajaí, no
Litoral Norte. Rute só pode amamentar. Um pequeno gesto, mas suficiente
para criar o laço afetivo entre mãe e filha.
Segundo os relatos de Rute da Silva Reis, de 51 anos, a filha nasceu em uma casa em Itajaí, foi dada a um casal desconhecido, mas levada sob condições suspeitas para uma adoção, em junho de 1987. Dali em diante, a dona de casa hoje moradora de Camboriú nunca mais teve notícias sobre o bebê.
Após o momento que considera o mais difícil de sua vida, quando entregou a recém-nascida por falta de condições de criá-la, Rute se casou. Ela tem oito filhos e todos conhecem bem sua angústia.
Poucos meses antes de dar à luz, a mulher conseguiu abrigo em uma residência em Balneário Camboriú, onde trabalharia como faxineira. Mas só poderia continuar lá com a condição de entregar o bebê. Pressionada, Rute conta que aceitou, mas que já havia até escolhido o nome da menina: Jaqueline.
— Na época, me lembro que me levaram (para ter o bebê) em uma casa que tinha a estátua de um cavalo, só isso. Voltei várias vezes a Itajaí, mas não achei nada — recorda.
Semelhanças físicas e coincidência de dados
Ontem, ao ver as fotos da jovem Bary Livny, a mulher não mostrou dúvidas de que ela é sua filha. A suspeita, ainda sem confirmação por DNA, é reforçada por envolvidos nas buscas.
De acordo com Amanda Boldeke, da ONG Desaparecidos do Brasil, que iniciou a procura em Santa Catarina, as chances são grandes:
— Pedi a foto da menina para ver semelhanças com prováveis irmãos antes do contato final. Ela tem, inclusive, um pequeno sinal, acima da sobrancelha, como a mãe. Até o policial que foi encontrar a Rute em Camboriú confirmou a semelhança.
O major Marcus Claudino, coordenador do programa SOS Desaparecidos da Polícia Militar, foi quem encontrou Rute, a partir dos documentos enviados por Bary. Segundo ele, além dos nomes verdadeiros no processo de adoção, outra evidência é que a jovem sempre soube da existência de um irmão mais velho.
Bary diz que vai aprender português
Em Israel, Bary Livny procura pela família brasileira há sete anos. Com ajuda dos familiares, buscava na internet e na imprensa local meios para ter as informações do passado. A jovem de 25 anos está ansiosa para o reencontro, mas prefere se resguardar. Pela internet, em inglês, limitou-se a dizer, ontem, que está muito feliz.
Ao amigo Lior Vilk, outro brasileiro que procura, de Israel, pela mãe biológica brasileira, Bary disse que quer aprender português, para poder se comunicar com Rute. Quer que seja um encontro mais reservado, só entre elas, sem tradutor e ainda sem data para acontecer.
A procura começou quando a jovem conheceu o amigo Lior, há cerca de um mês. Em contato com a ONG Desaparecidos do Brasil, com sede em Florianópolis, eles obtiveram apoio.
— Minha mãe tem um blog na internet em que ela conta a minha história. A mãe adotiva da Bary conversou com minha mãe e pediu ajuda — diz Lior.
PM chegou a localização
Em Santa Catarina as buscas partiram de uma lista de nomes de bebês nascidos em 27 de junho de 1987, na maternidade Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí. A ONG procurou a PM para apurar o caso.
A história de Rute é comum entre mães que prometeram os filhos ainda no ventre. O tráfico de bebês nos anos 1980 foi retratado pela série Órfãos do Brasil, publicada em agosto de 2012 pelo Diário Catarinense. As reportagens mostraram o drama de brasileiros levados para Israel. O jovem Lior Vilk foi um dos personagens principais.
http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/03/mae-e-filha-tentam-confirmar-vinculo-biologico-apos-adocao-em-itajai-litoral-norte-4088385.html
Segundo os relatos de Rute da Silva Reis, de 51 anos, a filha nasceu em uma casa em Itajaí, foi dada a um casal desconhecido, mas levada sob condições suspeitas para uma adoção, em junho de 1987. Dali em diante, a dona de casa hoje moradora de Camboriú nunca mais teve notícias sobre o bebê.
Após o momento que considera o mais difícil de sua vida, quando entregou a recém-nascida por falta de condições de criá-la, Rute se casou. Ela tem oito filhos e todos conhecem bem sua angústia.
Poucos meses antes de dar à luz, a mulher conseguiu abrigo em uma residência em Balneário Camboriú, onde trabalharia como faxineira. Mas só poderia continuar lá com a condição de entregar o bebê. Pressionada, Rute conta que aceitou, mas que já havia até escolhido o nome da menina: Jaqueline.
— Na época, me lembro que me levaram (para ter o bebê) em uma casa que tinha a estátua de um cavalo, só isso. Voltei várias vezes a Itajaí, mas não achei nada — recorda.
Semelhanças físicas e coincidência de dados
Ontem, ao ver as fotos da jovem Bary Livny, a mulher não mostrou dúvidas de que ela é sua filha. A suspeita, ainda sem confirmação por DNA, é reforçada por envolvidos nas buscas.
De acordo com Amanda Boldeke, da ONG Desaparecidos do Brasil, que iniciou a procura em Santa Catarina, as chances são grandes:
— Pedi a foto da menina para ver semelhanças com prováveis irmãos antes do contato final. Ela tem, inclusive, um pequeno sinal, acima da sobrancelha, como a mãe. Até o policial que foi encontrar a Rute em Camboriú confirmou a semelhança.
O major Marcus Claudino, coordenador do programa SOS Desaparecidos da Polícia Militar, foi quem encontrou Rute, a partir dos documentos enviados por Bary. Segundo ele, além dos nomes verdadeiros no processo de adoção, outra evidência é que a jovem sempre soube da existência de um irmão mais velho.
Bary diz que vai aprender português
Em Israel, Bary Livny procura pela família brasileira há sete anos. Com ajuda dos familiares, buscava na internet e na imprensa local meios para ter as informações do passado. A jovem de 25 anos está ansiosa para o reencontro, mas prefere se resguardar. Pela internet, em inglês, limitou-se a dizer, ontem, que está muito feliz.
Ao amigo Lior Vilk, outro brasileiro que procura, de Israel, pela mãe biológica brasileira, Bary disse que quer aprender português, para poder se comunicar com Rute. Quer que seja um encontro mais reservado, só entre elas, sem tradutor e ainda sem data para acontecer.
A procura começou quando a jovem conheceu o amigo Lior, há cerca de um mês. Em contato com a ONG Desaparecidos do Brasil, com sede em Florianópolis, eles obtiveram apoio.
— Minha mãe tem um blog na internet em que ela conta a minha história. A mãe adotiva da Bary conversou com minha mãe e pediu ajuda — diz Lior.
PM chegou a localização
Em Santa Catarina as buscas partiram de uma lista de nomes de bebês nascidos em 27 de junho de 1987, na maternidade Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí. A ONG procurou a PM para apurar o caso.
A história de Rute é comum entre mães que prometeram os filhos ainda no ventre. O tráfico de bebês nos anos 1980 foi retratado pela série Órfãos do Brasil, publicada em agosto de 2012 pelo Diário Catarinense. As reportagens mostraram o drama de brasileiros levados para Israel. O jovem Lior Vilk foi um dos personagens principais.
http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/03/mae-e-filha-tentam-confirmar-vinculo-biologico-apos-adocao-em-itajai-litoral-norte-4088385.html
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