sábado, 24 de maio de 2014

FAMÍLIAS QUE SE ENCONTRAM


24 de Maio de 2014
Neste Dia Mundial da Adoção, Jocélia, Altair, Priscila e Luiz Felipe contam como se encontraram há três anos e, enfim, se tornaram uma família completa – mesmo tendo que passar por várias dificuldades no período de adaptação
Diário de Guarapuava Harald Essert
Quem se habilita a adotar no Brasil – assim como em Guarapuava – procura o seguinte perfil: um único bebê de até dois anos, indiferente do sexo (mas com preferência por meninas), sem problemas de saúde, sem deficiência física ou mental, e da cor branca ou parda.
Mas nem todos pensam assim. O auditor fiscal Altair e a publicitária Jocélia de Souza, quando foram cadastrados no sistema nacional de adotantes, tiveram a oportunidade de conhecer os irmãos Priscila e Luiz Felipe, que na época tinham seis e quatro anos, e são negros. Caso não fossem adotados naquela oportunidade, os irmãos seriam separados, e provavelmente encaminhados a famílias diferentes. Os quatro então decidiram se unir
“Eu e a Jocélia somos casados há 13 anos, desde 2001, e a gente ficou um tempo tentando a concepção, mas não aconteceu. E em 2010, quando ocorreu o terremoto no Haiti, ao assistir uma reportagem sobre as crianças que ficaram órfãs, aquilo mexeu muito com a gente. Então começamos a conversar sobre adoção, e pensamos que, como somos apenas dois, teríamos condições de fazer mais alguma coisa por alguém”, relembrou Altair.
Como não haviam feito restrições sobre grupos familiares (aceitariam adotar mais de um), cor de pele ou idade, o casal encontrou a possibilidade de adotar em pouquíssimo tempo. A primeira oportunidade surgiu três meses depois, em uma casa lar na Vila Carli, com dois meninos. No entanto, a adoção acabou não acontecendo. Menos de um mês depois, eles recebiam uma ligação de Minas Gerais. “Perguntaram se queríamos ir conhecê-los, e nós fomos”, contou Jocélia. Foi aí que eles conheceram seus filhos.
Perfil e preconceito
A maioria dos adotantes aguarda vários anos antes de poder conhecer crianças que correspondam ao seu perfil. Segundo a juíza da Vara da Infância e Juventude de Guarapuava, Rafaela Zarpelon, em geral os pais que querem adotar somente crianças com menos de dois anos ficam na fila por quatro ou cinco anos, até que surja um bebê disponível. “Temos muitos adolescentes aptos. O problema é que não existem pessoas que queiram adotá-los. Um adotante que foi incluído hoje no cadastro de Guarapuava, e que aceitar adotar um adolescente, vai conhecer seu filho em pouquíssimo tempo”, afirmou.
Os órgãos responsáveis pelo processo de adoção em Guarapuava tentam mudar a mentalidade dos pais que se dispõem a adotar. Uma das formas é, durante as entrevistas, mostrar que existem alternativas ao perfil mais procurado. Além disso, no grupo psicossocial pré-adoção (do qual têm de participar os candidatos a adotante), ao mesmo tempo em que se compartilham informações e experiências, se tentam quebrar mitos em relação à adoção de adolescentes e crianças mais velhas.
“Aqui em Guarapuava tivemos diversas adoções de adolescentes que tiveram muito sucesso. Hoje os pais podem ver os filhos fazendo faculdade, se formando, e vivendo como se fosse uma família biológica”, acrescentou a juíza.
***Leia a matéria completa no Diário de Guarapuava deste final de semana, 24 e 25.
Jocélia, Altair e os filhos Luiz Felipe e Priscila superaram a difícil fase de adaptação, e hoje colhem os frutos (Foto: Harald Essert/Diário)

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