18.05.2014
A maioria das crianças aptas para adoção hoje na região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) tem mais de dez anos e quase nenhuma perspectiva de ser adotada.
De acordo com o CNA (Cadastro Nacional de Adoção), há hoje 43 crianças para adoção nos dez municípios mais populosos da região - 30 delas com mais de dez anos, ou sete em cada dez.
Elas são consideradas velhas para a maioria dos requerentes e estão destinadas a se tornarem adultas dentro dos abrigos, sob o cuidado de funcionários e tutela do Estado, exceto raras exceções.
Com menos de dez anos é mais fácil colocá-las para adoção. Depois disso, as pessoas já não querem, disse o juiz da Vara da Infância e da Juventude de Ribeirão Preto, Paulo César Gentile.
Segundo ele, a maioria dos interessados na região busca por crianças recém-nascidas, brancas e do sexo masculino.
A espera por um bebê com essas características leva em média cinco anos. É o panorama nacional da adoção, disse o juiz da Infância e Juventude de Jaboticabal, Alexandre Baptista dos Santos.
Segundo o CNA, dos 30.424 interessados no país, só 252 (0,82%) aceitam crianças dessa idade. De acordo com Santos, há um problema cultural que dificulta a adoção de crianças mais velhas no país.
Crianças de até dois anos não passam muito tempo no abrigo. É fácil falar que a culpa é dos casais, mas não é só isso. É uma questão cultural e também do sistema, que deve ser mais ágil.
Culturalmente, o brasileiro pensa em adotar um bebê para integrá-lo com mais facilidade à família. Mas Santos diz que o adotante é quem deveria pensar em oferecer uma família à criança.
Segundo ele, um dos problemas está na morosidade do processo que torna uma criança apta a adoção.
Antes de entrar para o cadastro, o menor precisa passar por um processo judicial de destituição familiar que pode levar anos.
Na tentativa de mudar o quadro, associações e Justiça incentivam a adoção tardia aos que buscam o processo.
Às vezes, usamos um recurso extremo que é recorrer à mídia para encontrarmos uma família para os adolescentes, afirmou Gentile.
Os interessados em adotar precisam se cadastrar no Fórum e fazer um curso, em que são incentivados a visitar os abrigos e a pensarem na adoção de crianças mais velhas.
Ribeirão tem hoje dois abrigos que reúnem 68 crianças, o Cacav e o Carib/Nosso Clubinho. A minoria está apta à adoção. Segundo Gentile, muitas ainda estão em processo de destituição familiar.
Luíza Rodrigues de Oliveira, 52, e seu filho adotivo Vitor Hugo, 12, em treinamento de escoteiro. Edson Silva/Folhapress
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ribeiraopreto/2014/05/1456030-sete-em-cada-10-criancas-para-adocao-na-regiao-de-ribeirao-tem-mais-de-10-anos.shtml
De acordo com o CNA (Cadastro Nacional de Adoção), há hoje 43 crianças para adoção nos dez municípios mais populosos da região - 30 delas com mais de dez anos, ou sete em cada dez.
Elas são consideradas velhas para a maioria dos requerentes e estão destinadas a se tornarem adultas dentro dos abrigos, sob o cuidado de funcionários e tutela do Estado, exceto raras exceções.
Com menos de dez anos é mais fácil colocá-las para adoção. Depois disso, as pessoas já não querem, disse o juiz da Vara da Infância e da Juventude de Ribeirão Preto, Paulo César Gentile.
Segundo ele, a maioria dos interessados na região busca por crianças recém-nascidas, brancas e do sexo masculino.
A espera por um bebê com essas características leva em média cinco anos. É o panorama nacional da adoção, disse o juiz da Infância e Juventude de Jaboticabal, Alexandre Baptista dos Santos.
Segundo o CNA, dos 30.424 interessados no país, só 252 (0,82%) aceitam crianças dessa idade. De acordo com Santos, há um problema cultural que dificulta a adoção de crianças mais velhas no país.
Crianças de até dois anos não passam muito tempo no abrigo. É fácil falar que a culpa é dos casais, mas não é só isso. É uma questão cultural e também do sistema, que deve ser mais ágil.
Culturalmente, o brasileiro pensa em adotar um bebê para integrá-lo com mais facilidade à família. Mas Santos diz que o adotante é quem deveria pensar em oferecer uma família à criança.
Segundo ele, um dos problemas está na morosidade do processo que torna uma criança apta a adoção.
Antes de entrar para o cadastro, o menor precisa passar por um processo judicial de destituição familiar que pode levar anos.
Na tentativa de mudar o quadro, associações e Justiça incentivam a adoção tardia aos que buscam o processo.
Às vezes, usamos um recurso extremo que é recorrer à mídia para encontrarmos uma família para os adolescentes, afirmou Gentile.
Os interessados em adotar precisam se cadastrar no Fórum e fazer um curso, em que são incentivados a visitar os abrigos e a pensarem na adoção de crianças mais velhas.
Ribeirão tem hoje dois abrigos que reúnem 68 crianças, o Cacav e o Carib/Nosso Clubinho. A minoria está apta à adoção. Segundo Gentile, muitas ainda estão em processo de destituição familiar.
Luíza Rodrigues de Oliveira, 52, e seu filho adotivo Vitor Hugo, 12, em treinamento de escoteiro. Edson Silva/Folhapress
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ribeiraopreto/2014/05/1456030-sete-em-cada-10-criancas-para-adocao-na-regiao-de-ribeirao-tem-mais-de-10-anos.shtml
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