Paulo Roberto Ceccarelli. Psicólogo, Psicanalista,
in Somos, 3, 1, SP, 2000
A conquista cada vez maior pelo direito à diferença vem, aos poucos, propiciando às minorias não apenas uma maior visibilidade como também o exercício pleno da cidadania. Dentre as reivindicações que mais tem causado polêmica está a questão da adoção de crianças por casais homossexuais, a chamada "homopaternidade".
Alguns países da Europa, assim como em alguns estados americanos, entendem que a qualificação, ou não, para uma adoção deve passar por considerações outras - financeiras, estabilidade psíquica, idade... - e não pela orientação sexual do cidadão.
Os que são contra a homopaternidade alegam ser de fundamental importância a presença do par homem/mulher para que a criança tenha uma organização psíquica equilibrada. Argumenta-se também que a família se desintegraria e que, mais cedo ou mais tarde, isto traria conseqüência catastróficas para a organização social.
Juntam-se a isso, as posições religiosas que vêem na homopaternidade uma ratificação de uma relação - a relação entre pessoas do mesmo sexo - considerada contra-natureza. O argumento psicológico, que defende a importância do par homem/mulher para a saúde psíquica da criança, dificilmente se sustenta.
Não é necessário lembrar as inúmeras situações onde um dos pais, senão os dois, não participa, às vezes nem mesmo existe, na vida da criança. Isso sem falar da possibilidade, oferecida já há alguns anos, da mulher engravidar-se através de um banco de esperma de doador anônimo.
Na clínica infantil, exemplos não faltam onde o problema apresentado pela criança traduz a grande confusão dos pais quanto a seus respectivos papéis, o que pode gerar, conseqüentemente, uma indefinição o lugar da criança como filho, ou filha.
Não sem interesse, é a pesquisa apresentada por uma professora da Universidade de Los Angeles. A pesquisa mostra que crianças criadas por uma mãe que, após a separação, continuou sozinha, apresentam muito mais problemas do que aquelas cujas mães vivem, após a separação, com uma mulher.
Paulo Roberto Ceccarelli. Psicólogo, Psicanalista, Doutor em Psicopatologia Fundamental e. Psicanálise (Universidade de Paris VII).
http://pt.scribd.com/doc/230404986/Consideracoes-Sobre-a-Homopaternidade
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