sexta-feira, 20 de junho de 2014

Instituições atuam em mutirão para que crianças de abrigos tenham um lar


A principal meta é verificar se essas crianças foram destituídas do poder familiar para serem adotadas ou retornar ao convívio do lar

05/06/2014 06:59
Mais de 250 crianças encontram-se em abrigos no Estado do Piauí. Para diminuir a permanência de crianças e adolescentes nessas instituições, a 1ª Vara da Infância e da Juventude, deu início ontem (04) ao mutirão de audiências concentradas.
Entre os dias 4, 5, 6, 9, 10 e 11 de junho, representantes do Tribunal de Justiça do Piauí, Ministério Público, Defensoria Pública, secretarias municipais de Educação, Saúde, Assistência Social, Habitação e órgãos não-governamentais que compõem a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente no município de Teresina, irão atuar em conjunto para analisar a situação dessas crianças e verificar se elas foram destituídas do poder familiar e estão habilitadas para serem adotadas ou retornar aos convívio do lar.
Segundo a juíza Maria Luíza Moura Mello e Freitas, titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude, o mutirão está sendo feito para chamar a responsabilidade e o Poder Público para disponibilizar para aos juízes programas que insiram as crianças as suas famílias. “A gente encaminha as crianças e adolescentes para os abrigos, no entanto não existem, dentro da Política Pública, programas para encaminhar essas famílias às crianças que estão aqui, então elas acabam perdendo a oportunidade de ter seus filhos de volta”, pontuou.
Foto: Marcela Pachêco/O Dia

A coordenadora do abrigo Lar Maria João de Deus, Tammya Tércia, disse que a instituição passa por algumas dificuldades para atender a demanda de crianças que chegam ao abrigo. “Nós temos 60 vagas no abrigo e estamos com 61 crianças. Somos o único abrigo estadual. Então, crianças de todos os municípios são trazidas para cá. Além disso, falta recursos humanos, falta profissionais para dar andamento aos processos, o que acaba que as crianças ficam mais tempo institucionalizadas”, relatou.
Ainda de acordo com Tammya Tércia, quando as crianças ficam muito tempo em abrigos, elas acabam sofrendo danos, principalmente por não ter um vínculo familiar. “O espaço para um bom desenvolvimento psicossocial de uma criança é o convívio familiar. Por mais que o abrigo cuide e dê assistência, nada substitui o afeto e atenção individualizada”, frisou.
Outros abrigos no Estado também passam pela mesma condição de superlotação. A juíza Maria Luíza Moura Mello e Freitas informou que a Casa Dom Barreto atende atualmente 100 crianças, a Casa Savina Petrilli tem 122 crianças e os abrigos Masculino, Feminino e Tucunaré atendem 10 crianças cada. Esse número de crianças presentes nos abrigos é muito elevado, principalmente quando leva-se em consideração que a maior parte dessas crianças ainda apresentam vínculo familiar e estão impossibilitadas de serem adotadas. É o que explicou a psicóloga Teresa Rachel, da 1ª Vara da Infância.
“O Conselho Nacional de Justiça recomenda que os processos de destituição do poder familiar tramitem mais rápido, facilitando a adoção, mas na realidade isso ainda não funciona. Nós temos mais de 100 pretendentes e menos de 10 crianças para adoção, porque, para entrarem numa lista de adoção, elas precisam ser destituídas do poder familiar, onde os pais nunca mais poderão ter acesso à criança, mas esse processo é muito demorado”, lamentou.
Repórter: Isabela Lopes - Jornal O Dia

http://www.portalodia.com/noticias/piaui/instituicoes-atuam-em-mutirao-para-que-criancas-de-abrigos-tenham-um-lar-205408.html 

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