23/06/2014
Por Editoria de web em Jornalismo
Milhares de menores passam a infância e a adolescência em abrigos aguardando uma adoção. No entanto, muitos não são adotados e, por lei, têm que deixar os abrigos. Eles saem das entidades sem endereço, sem emprego, sem escola e sem contato com a família.
Um exemplo deste abandono é uma jovem de 23 anos, que conta, em entrevista exclusiva à Rádio Itatiaia, como é difícil a vida após sair do abrigo. Com ajuda de uma funcionária do abrigo – que ofereceu a própria casa para ela morar - e muita vontade de vencer, ela conseguiu se formar em direito.
Dos seis irmãos que foram retirados da mãe pela justiça, somente um foi adotado. Atualmente, apenas três têm contato, moram juntos, de aluguel, em um conjunto habitacional, na Região Metropolitana da capital. Ex-abrigado, o irmão, de 22 anos, também está na faculdade.
A trajetória de parte dessa família, no entanto, é uma exceção. Segundo a advogada, a maioria dos jovens que saem dos abrigos não segue o mesmo caminho e, por falta de suporte, muitos acabam se prostituindo, entrando para o tráfico de drogas e tendo filhos que serão uma nova geração nos abrigos.
Na conclusão do curso de direto, o tema de monografia da jovem foi, justamente, ausência de estrutura no pós-abrigo. “Teoricamente, por lei, quando a gente é desligado, o orfanato teria que manter contato por seis meses, mas para dar suporte psicológico, não de estrutura de emprego, financeiramente”, explica a advogada.
Belo Horizonte possui, atualmente, 43 abrigos para crianças e adolescentes, encaminhados pelo Conselho Tutelar e pela Vara da Infância e da Juventude. São cerca de 600, quase todas ocupadas.
A gerente de Abrigamento da Secretaria de Assistência Social de Belo Horizonte, Elizabeth Itaboraí, reconhece que a legislação é falha e dificulta a vida dos jovens que completam 18 anos e são obrigados a deixar os abrigos. No entanto, ela disse que está previsto a criação de repúblicas para jovens.
“Para a faixa etária após os 18 anos, a única previsão que a gente tem é da república para jovens. Para Belo Horizonte está previsto, neste ano, a implantação de duas repúblicas: uma feminina e outra masculina. Estamos aguardando a liberação da verba via Fundo Municipal da Criança e do Adolescente”, disse.
Ouça a reportagem especial da Itatiaia
Fonte: Rádio Itatiaia
http://www.itatiaia.com.br/noticia/ex-morador-de-abrigo-que-se-tornou-advogada-relata-drama-de-quem-completa-18-anos-nas-instituicoes
Nenhum comentário:
Postar um comentário