(...)
Chega o dia do parto. Se esclarecida, essa mulher já informou ou vai
informar às enfermeiras que pretende dar seu filho para a adoção. As
enfermeiras, se esclarecidas, vão imediatamente comunicar o Conselho
Tutelar, sem fazer julgamentos. Os psicólogos e assistentes sociais do
Conselho Tutelar irão imediatamente recolher o recém-nascido a um
abrigo, também sem fazer julgamentos. Mas haverá julgamentos, nós bem
sabemos. Porque, como eu disse acima, os "pró-vida" tentam forjar uma
aura de compaixão em torno do ato de dar o filho para adoção mas,
cotidianamente, as mães que praticam esse ato de compaixão são
consideradas monstros sem coração que tiveram a 'coragem', a
'capacidade' de rejeitar a 'maior dádiva' de uma mulher. Como a mulher é
o que menos importa, muitos psicólogos e assistentes sociais pressionam
pesadamente a mãe para que fique com seu filho, o que aumenta sua dor,
sofrimento e culpa. Se a mulher for forte o suficiente para aguentar a
pressão, pode ser que ela saia da maternidade carregando apenas o
estigma e a culpa. Mas ela pode também sair carregando o filho que não
quer e do qual não pode cuidar. Indo para um abrigo ou para a casa da
mãe que a rejeita, essa criança está em uma situação de vulnerabilidade
ímpar. Levando consigo ou não seu filho, essa mulher terá passado por
uma das situações mais traumáticas de sua vida. Para que vocês tenham
uma ideia do tamanho desse trauma, na segunda matéria linkada neste
texto, a mãe que doa o filho se esteriliza como punição para seu ato.
(...)”
Tággidi Ribeiro
)
(...)”
Tággidi Ribeiro
)
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