domingo, 22 de junho de 2014

Entidade Filhos do Amor auxilia adoção em Resende

Publicado em 21/06/2014, às 16h04
 



Última atualização em 21/06/2014, às 16h04
Divulgação
Voluntários diversos participam da entidade, como assistentes sociais, psicólogos entre outros profissionais

Projeto: Voluntários diversos participam da entidade, como assistentes sociais, psicólogos entre outros profissionais
Lilian Silva
(ESPECIAL PARA O DIARIO DO VALE)

Uma criança adotada ganha nova vida. Elas passam a ser filhos de verdade e precisam se adaptar a um novo lar, família e amigos. Para que esta história seja perfeita é necessário, no entanto, o preparo dos pais adotivos que precisam de muita disposição para enfrentar as exigências burocráticas. Apesar da certeza de que a nova missão é um caminho bem trabalhoso, o mesmo pode resultar em uma grande recompensa. Devido a essa caminhada, a cada mês o Grupo de Apoio à Adoção de Resende Filhos do Amor (Gaarfa), vem ganhando novos adeptos.
A entidade, que surgiu em 2013, se reúne uma vez por mês, sempre nos terceiros sábados, e conta atualmente com aproximadamente 80 integrantes - todos voluntários. Na lista daqueles que auxiliam os trabalhos, estão casais interessados em adoção, ou simplesmente voluntários que aderiram à proposta do grupo. Os bons frutos do Gaarfa, único no Sul do Estado, já estão sendo colhidos por famílias de vários municípios como Madureira e Mendes no Rio de Janeiro, e Guaratinguetá e Lorena, em São Paulo. Atualmente, cerca de vinte e cinco casais são acolhidos pelo grupo.

- A ideia do grupo nasceu em casa com o nosso filho através da experiência de pais na adoção, onde presenciamos a devolução de crianças. Percebemos que algumas famílias supervalorizam a relação com o filho adotivo e não admitem as dificuldades comuns na relação, sem contar a falta de preparo dos adotantes - ressaltou o professor Cláudio Mendonça, pai de um menino adotivo de 9 anos de idade. Ele acrescentou que no processo de adoção, as famílias estão despreparadas para enfrentar as diversas etapas a serem cumpridas, como o Período de Aproximação, Estágio de Convivência, Guarda Provisória, Processo Judicial de Adoção, entre outros.
Entidades registradas
Para dar sustentação às famílias, o grupo contou com o apoio de entidades de adoção registradas no estado do Rio de Janeiro e no país. O projeto contou ainda com o apoio de profissionais diversos, como assistentes sociais, psicólogas da Vara da Infância e Juventude, da Comarca de Resende, além do Núcleo Jurídico da Universidade Estácio de Sá. Sem fins lucrativos, ou laços religiosos, o Gaarfa, se tornou um espaço onde as famílias e voluntários tiram duvidas jurídicas e expõem suas experiências sobre o assunto.

Embora seja um número com bastante oscilação, o Gaarfa contabiliza, de acordo com o Cadastro Nacional da Adoção, a existência de 5,4 mil crianças e adolescentes disponíveis para adoção no país. O número de pretendentes, no entanto, é cinco vezes maior, chegando a 30 mil. Somente na Justiça do Rio, em uma média anual, chegam mais de dois mil pedidos de habilitação para adoção. No ano passado, foram recebidas 2.301 novas ações e proferidas 2.299 sentenças. De janeiro a abril deste ano, as Varas da Infância, da Juventude e do Idoso receberam 753 pedidos e proferiram 836 decisões.
O Poder Judiciário fluminense tem, atualmente, 83 varas com competência em matéria de Infância e Juventude. O Estado do Rio de Janeiro conta com 2.575 menores acolhidos em 195 abrigos.
A entidade lembra, no entanto, que nem todos os menores acolhidos estão liberados para a adoção. "Há todo um processo para que esta criança seja reintegrada à família, e segue para adoção somente crianças e adolescentes cujos recursos para reintegrá-los à família de origem, já tenham se esgotado", enfatizou Cláudio Mendonça.
Preconceito é obstáculo
As exigências em relação ao perfil, principalmente à idade continuam sendo um fator que dificulta as adoções, onde 98% dos interessados querem um filho com até seis anos de idade. À medida que a idade da criança aumenta, há uma redução no percentual de cadastro de interessados. Para menores com dois anos de idade, por exemplo, existe uma procura de apenas 20% de famílias interessadas em adoção.
Os percentuais caem ainda mais, se tratando de menores com sete anos de idade, onde os registros revelam o interesse de apenas 2% dos pretendentes. A faixa etária com maior número de crianças, na fila de adoção, é de 16 anos de idade. São 628 registros, com apenas 0,04% dos candidatos que optam por filhos com essa idade.
O preconceito, segundo o coordenador do Gaarfa, atrapalha pois há cautela sobre a adoção de meninos, negros e com mais de três anos idade. Na lista de prioridades de adoção, estão bebês com até três meses de idade, brancos e saudáveis.
- O preconceito é o principal obstáculo para fechar a conta das adoções - ressaltou o professor, citando um exemplo para refletir. O caso do jogador Mario Balotelli, de origem ganesa, adotado por pais italianos, com sérios problemas de saúde aos três anos de idade. Criado junto com outros três filhos do casal, somente pôde ter a cidadania italiana aos 18 anos quando pôde ingressar no time italiano. "Imagine o que esses pais passaram, brancos, italianos com um filho negro, que hoje é o orgulho de uma nação. Vale uma reflexão!", concluiu Mendonça.
Lei de adoção
A nova lei de adoção, 12010/09, que veio reforçar o Estatuto da Criança e do Adolescente, somada à determinação do Conselho Nacional da Justiça (CNJ), que baixou o Provimento 36/2014, publicado no Diário da Justiça, agiliza segundo o Gaarfa, os trâmites para a adoção, cujos processos chegam a levar anos para serem concluídos. A visita às casas de acolhimento, onde os casais podem conhecer as crianças em processo de adoção, é outro avanço da nova legislação.
- As modificações encurtam os trâmites para as famílias interessadas em adotar. A chamada destituição familiar, que deveria durar no máximo quatro meses, chegava, em alguns casos, há cinco anos - ressaltou o representante do Gaarfa, citando o caso dele como exemplo. Após cinco anos com a tutela do filho, somente há dois meses, o professor Claudio Mendonça obteve a guarda definitiva da criança. "É um processo lento e cansativo", concluiu o professor.

Quem pode adotar?
Adultos com mais de 21 anos, independentemente do estado civil, podendo ser solteiro, casado, divorciado, ou viver em concubinato. Há exigência ainda quanto a idade mínima do interessado na adoção, que precisa comprovar ser pelo menos 16 anos mais velho que a criança a quem pretende adotar. A Justiça não prevê adoção por homossexuais. Neste caso, a autorização fica a critério do juiz responsável pelo processo.
Os avós ou irmãos da criança pretendida, não podem participar do processo de adoção. Neste caso, cabe um pedido de guarda ou tutela, que deverá ser ajuizado na Vara de Família da cidade onde residem. Pais que perderam o pátrio poder não podem entrar na lista de adoção de crianças e adolescentes. Só podem ser colocados para adoção as crianças e adolescentes que já tiveram todos os recursos esgotados no sentido de mantê-los no convívio com a família de origem.
Para casal, "integração é lenta e feita dia após dia"
Após a adoção, Claudio Mendonça e a mulher Carla, lembram que foram dois meses sem uma noite de sono tranquila. Isto porque, o filho com 3 anos de idade, também, com olheiras, enfrentava dificuldades em se adaptar à casa nova. A alternativa do casal foi optar pelo revezamento - onde cada um acompanhava o pequeno em noites alternadas. Para o casal O esforço valeu a pena. A criança superou os medos e se integrou à nova vida familiar. "Tudo tem seu tempo. Hoje nosso filho está bem adiantado, em uma escola privada, e se mostra um vencedor", concluíram.

Leia mais: http://diariodovale.com.br/noticias/4,91282,Entidade-Filhos-do-Amor-auxilia-adocao-em-Resende.html#ixzz35O7Utv3k
http://diariodovale.com.br/noticias/4,91282,Entidade-Filhos-do-Amor-auxilia-adocao-em-Resende.html#axzz35NRNLVKR


Nenhum comentário: