segunda-feira, 16 de junho de 2014

PAIS GAYS FALAM DOS DESAFIOS QUE ENFRENTAM NA CRIAÇÃO DOS FILHOS


16.06.2014
"MEUS AMIGOS GAYS FICARAM MUITO EMOCIONADOS”
Porque disseram que eu estava realizando o desejo de outras pessoas.
Minha família aceitou muito bem, e minha irmã sempre me ajuda com os cuidados. Também tenho duas babás que me auxiliam à noite e de dia.
Tenho um companheiro há dois anos, mas adotei o Saulo sozinho e estou com a guarda provisória. Ele me ajuda a cuidar e tem afinidade grande com menino, mas é como se fosse um sobrinho para ele.
Na minha cidade, todos sabem que sou homossexual e nunca sofri preconceito. Tenho outros amigos gays que têm filhos e nenhum deles passou por momentos muito absurdos de constrangimento. Acho que o preconceito está diminuindo bastante, mas depende da forma com que você se coloca perante à sociedade"
Alemberg José de Santana, 48 anos, médico e pai de Saulo, 4 meses, de Ilhéus (BA) | Depoimentos dados a Fernanda Carpegiani - Do UOL, em São Paulo Mary Melgaço/UOL
EU E O JUNIOR ESTAMOS JUNTOS HÁ 22 ANOS.
A Teodora chegou em dezembro de 2005, depois de um longo processo.
Eu e o Junior estamos juntos há 22 anos e entramos com o pedido no cadastro de adoção em 1998, mas foi negado.
Em 2004, tentamos de novo e fomos aprovados. Ela sempre lidou numa boa com o fato de sermos gays.
Nós fomos explicando aos poucos que éramos dois homens que moravam juntos, que nos amávamos muito e que era preciso ter respeito com todo mundo.
Criamos a Teodora com essa ideia de diversidade e de que todo mundo é diferente. Durante o processo de adoção da Helena, nós descobrimos que elas eram irmãs biológicas e isso foi uma ótima surpresa"
Vasco Pedro da Gama (à esquerda), 42 anos, cabeleireiro, pai de Teodora, 12 anos, e Helena, 3 anos, de Catanduva (SP) Arquivo Pessoal
“NUNCA SOFRI PRECONCEITO, TALVEZ PORQUE NUNCA TENHA ESCONDIDO NADA”.
Isso inclusive abre os olhos de quem não tem contato com pessoas homoafetivas, para que percebam que é uma família normal.
Hoje, eu e a Adriana estamos separadas e dividimos a guarda deles, mas sempre colocamos que eles têm duas mães.
Esse inclusive é o cartão de visitas da Ana. Ela chega e já fala que tem duas mães e o pai dela é o papai do céu. Quando entrou na escola, ela me perguntou por que não tinha pai e eu expliquei que era normal, que cada criança tinha um tipo de família e que algumas têm pai e mãe, outras têm dois pais, outras têm só mãe e algumas não têm nenhum. Foi engraçado porque uma colega da escola chegou a dizer: 'poxa, que chato que só tenho uma mãe, queria ter duas!'
Munira Khalil, 33 anos, comerciante e mãe dos gêmeos Eduardo e Ana Luísa, 5 anos, que foram gerados com o seu óvulo no útero de sua ex-companheira, de São Paulo (SP) Arquivo Pessoal
"O PROCESSO DE ADOÇÃO DO ALYSON DEMOROU SETE ANOS, FOI A GESTAÇÃO MAIS LONGA DA HISTÓRIA”.
Ele veio com 11 anos e já tinha hábitos próprios, como não gostar de comer salada. Mas dialogamos muito e agora ele já está comendo alface. Algo curioso é que no primeiro dia de aula, ele disse: 'sou carioca, negro, tenho dois pais e não vou admitir piadinhas, porque isso é discriminação e eu posso denunciar'. Nós sempre conversamos sobre isso e ele é muito preparado. Agora vamos adotar mais duas crianças e estamos muito felizes. É um sonho, igual a quando você engravida. Eu e o David estamos casados há 24 anos e agora seremos uma família com dois cachorros e três filhos" | Toni Reis (de camiseta roxa), 50 anos, educador e pai de Alyson Miguel, 14 anos, de Curitiba (PR) Arquivo Pessoal
"O GRANDE PROBLEMA AINDA É O PRECONCEITO”.
Os meus pais não aceitam até hoje o fato de eu viver com uma mulher. Na escola, é tranquilo, nós duas vamos às reuniões de pais e todos os professores sabem. A Gislaine mora comigo desde que eu estava grávida de seis meses. Engravidei de um namorado, mas depois descobri que ele já tinha família e nós terminamos. Aí a Gi apareceu e assumiu os dois de uma vez. A gente tinha 17 anos na época. Ela me ajuda com a educação dele, nós moramos juntas há 12 anos. No Dia das Mães, ele sempre faz dois presentinhos e fala que é muito feliz porque tem duas mães que cuidam dele. Nunca tive uma conversa sobre isso, porque as coisas aconteceram naturalmente, mas, em breve, acho que vai ser necessário, para ele entender melhor. Nossa maior preocupação hoje é fazer com que o João cresça sem preconceito"
Luciana Moreira (de camiseta verde), 35 anos, empresária e mãe de João Vitor, 11 anos, de Taubaté (SP) Arquivo Pessoal
CONSEGUIMOS CRIAR TRÊS PESSOAS DE BEM E DE CARÁTER
"Minha gravidez não foi planejada e eu eduquei a Bruna sozinha até os quatro anos, quando conheci a Cida.
Nós nos ajudamos muito, porque, na época em que fomos morar juntas, eu fazia faculdade à noite, então ela cuidava da minha filha durante esse período.
Em contrapartida, sou uma pessoa mais severa e ela queria alguém que tivesse mais pulso com os filhos.
Como eu tinha flexibilidade de horário durante o dia, ficava com eles (a Bruna mais os dois filhos da companheira) nesse tempo e a gente invertia os cuidados. Uma preocupação nossa foi criá-los sem ter preconceitos, então, lá em casa, meninos e meninas sempre dividiram as mesmas tarefas de casa.
O mais gratificante é que, apesar de muita gente defender o modelo de família tradicional, nós conseguimos criar três pessoas de bem e de caráter"
Rosangela Garcia Salatiel (à direita), 48 anos, advogada e mãe de Bruna, 23 anos, de São Bernardo do Campo (SP) Arquivo Pessoal.
http://m.noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2014/06/16/pais-gays-falam-dos-desafios-que-enfrentam-na-criacao-dos-filhos.htm?imagem=1

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