domingo, 24 de novembro de 2013

ADOÇÃO


Nov.2013

Se uma criança de quase cinco anos à espera de adoção corre o risco de jamais encontrar um lar, o que esperar se ela tem epilepsia e autismo? Contrariando as probabilidades, entretanto, Claudio Rivelino Nunes da Silva e Rosani Araujo Silva, casados há quase duas décadas, enxergaram no pequeno Luciano muito mais do que as necessidades especiais dele, mas o filho que tanto desejavam para completar suas vidas.
“Gostamos muito de crianças, mas nosso sonho acabava sempre sendo adiado”, conta Claudio. Em 2007, quando um câncer de mama obrigou Rosani a tomar um forte medicamento, os médicos alertaram que talvez ela se tornasse incapaz de gerar uma criança. A partir daquele dia, todas as dúvidas em relação à adoção foram postas de lado e o casal decidiu ir em busca do desejado filho. “Fomos no Fórum de Cachoeirinha e nos inscrevemos. Inicialmente, queríamos um bebê, mas então o Luciano entrou em nossa vida”, conta Rosani.
Uma amiga do casal os avisou da existência do menino e, quando o conheceram, foi amor à primeira vista. Eles relatam que pessoas próximas ficavam surpresas pelo fato de estarem adotando uma criança com autismo e epilepsia, mas eles não se deixaram levar pelas críticas. Assim que chegou, Luciano era uma criança agressiva, os pais, porém, souberam dar a ele o tempo de adaptação de que precisava. “Ele se tornou uma criança amorosa, apesar de todas as suas limitações”, relata a mãe. Três vezes por semana, o menino frequenta um centro terapêutico para autistas, em Porto Alegre e, desde que foi adotado, há cinco anos, é aluno da Escola Municipal de Ensino Especial Lampadinha, em Cachoeirinha.
Quando entraram com o processo de adoção, Claudio e Rosani desconheciam a existência dos irmãos de Luciano, que estavam em um abrigo de Gravataí. Enquanto o menino era adotado pelo casal, as outras três crianças encontravam um novo lar nos braços de Eva (53) e Gilberto Gidioni Silva Martins (55) – história retratada na edição 181 da Revista Evidência Gravataí. Foi Lucas (12), o irmão mais velho, quem avisou aos pais adotivos que havia um outro membro na família. “Ele disse ao Gilberto: ‘Pai, tenho outro irmão que eu não sei por onde anda, ele é doentinho e era eu quem cuidava dele’”, relembra Claudio. A descoberta fez com que os irmãos se reencontrassem através de um passeio organizado pelos casais. “Assim que reviu o Luciano, o Lucas o abraçou com lágrimas escorrendo”, narra o pai. Após o primeiro encontro, ocorrido no Parcão de Gravataí, as famílias se reuniram outras vezes.
Universo particular
Além da atenção e cuidados especiais que o caso de Luciano necessita, Rosani e Claudio oferecem amor, carinho e paciência em tempo integral. O menino retribui a tanta dedicação iluminando a casa com seu sorriso onipresente e alegria contagiante. “O Luciano já acorda sorrindo, é a luz da casa”, afirma Rosani, que acrescenta: “ele nos ensinou a dar valor ao que realmente importa na vida, a ter paciência e a nos colocarmos no lugar do outro”. O primeiro encontro do casal com o filho foi suficiente para arrebatar o coração de Claudio. “Eu o segurei pela mão, mas ele me soltou e estendeu os dois braços, pedindo colo. Assim que eu o peguei, ele me abraçou e colocou a cabeça no meu ombro. Aí eu tive certeza que era ele, não sei explicar, mas foi uma empatia muito grande”, relata. Para o casal, as exigências criadas por pessoas que desejam adotar uma criança são empecilhos que dificultam o processo. “Tu não estás escolhendo uma mercadoria, é sentimento. Quem visita um abrigo sabe que aquelas crianças clamam por amor e fariam de tudo por um carinho, um abraço. É muito doído”, afirma Rosani.
Se o autismo de Luciano o impede de se expressar como as demais crianças de sua idade, os pais aprenderam a ler seus sinais. “Ele vive no mundinho dele, mas, muitas vezes, conseguimos nos comunicar apenas por um olhar”, explica a mãe. O casal relata que não há como prever de que modo o quadro de Luciano se desenvolverá no futuro. “Sabemos que ele será dependente de nós para sempre, mas queremos que ele se desenvolva dentro de suas limitações”, conta. Durante o dia, Luciano gosta de assistir a corridas de Fórmula 1 – gravadas em DVDs – e de escutar música infantis, mas apenas as clássicas, como “Atirei o pau no gato”. Rosani, que se declara uma criança grande, participa da festa do filho. “Eu gostaria de entender como posso amá-lo tanto sem ele ter nascido de dentro de mim, hoje não consigo imaginar minha vida sem ele”, afirma. Claudio enfatiza que uma adoção não pode ser confundida com boa ação, segundo ele, um ato gerado com esse propósito não duraria uma semana. “O que as pessoas precisam é parar de enxergar os problemas quando decidem adotar uma criança, mas o ser humano”, conclui.
http://www.revistaevidencia.com.br/artigos/edicao-85---novembro/267-adocao.html
ADOÇÃO
Nov.2013

Se uma criança de quase cinco anos à espera de adoção corre o risco de jamais encontrar um lar, o que esperar se ela tem epilepsia e autismo? Contrariando as probabilidades, entretanto, Claudio Rivelino Nunes da Silva e Rosani Araujo Silva, casados há quase duas décadas, enxergaram no pequeno Luciano muito mais do que as necessidades especiais dele, mas o filho que tanto desejavam para completar suas vidas. 
“Gostamos muito de crianças, mas nosso sonho acabava sempre sendo adiado”, conta Claudio. Em 2007, quando um câncer de mama obrigou Rosani a tomar um forte medicamento, os médicos alertaram que talvez ela se tornasse incapaz de gerar uma criança. A partir daquele dia, todas as dúvidas em relação à adoção foram postas de lado e o casal decidiu ir em busca do desejado filho. “Fomos no Fórum de Cachoeirinha e nos inscrevemos. Inicialmente, queríamos um bebê, mas então o Luciano entrou em nossa vida”, conta Rosani.
Uma amiga do casal os avisou da existência do menino e, quando o conheceram, foi amor à primeira vista. Eles relatam que pessoas próximas ficavam surpresas pelo fato de estarem adotando uma criança com autismo e epilepsia, mas eles não se deixaram levar pelas críticas. Assim que chegou, Luciano era uma criança agressiva, os pais, porém, souberam dar a ele o tempo de adaptação de que precisava. “Ele se tornou uma criança amorosa, apesar de todas as suas limitações”, relata a mãe. Três vezes por semana, o menino frequenta um centro terapêutico para autistas, em Porto Alegre e, desde que foi adotado, há cinco anos, é aluno da Escola Municipal de Ensino Especial Lampadinha, em Cachoeirinha.
Quando entraram com o processo de adoção, Claudio e Rosani desconheciam a existência dos irmãos de Luciano, que estavam em um abrigo de Gravataí. Enquanto o menino era adotado pelo casal, as outras três crianças encontravam um novo lar nos braços de Eva (53) e Gilberto Gidioni Silva Martins (55) – história retratada na edição 181 da Revista Evidência Gravataí. Foi Lucas (12), o irmão mais velho, quem avisou aos pais adotivos que havia um outro membro na família. “Ele disse ao Gilberto: ‘Pai, tenho outro irmão que eu não sei por onde anda, ele é doentinho e era eu quem cuidava dele’”, relembra Claudio. A descoberta fez com que os irmãos se reencontrassem através de um passeio organizado pelos casais. “Assim que reviu o Luciano, o Lucas o abraçou com lágrimas escorrendo”, narra o pai. Após o primeiro encontro, ocorrido no Parcão de Gravataí, as famílias se reuniram outras vezes.
Universo particular
Além da atenção e cuidados especiais que o caso de Luciano necessita, Rosani e Claudio oferecem amor, carinho e paciência em tempo integral. O menino retribui a tanta dedicação iluminando a casa com seu sorriso onipresente e alegria contagiante. “O Luciano já acorda sorrindo, é a luz da casa”, afirma Rosani, que acrescenta: “ele nos ensinou a dar valor ao que realmente importa na vida, a ter paciência e a nos colocarmos no lugar do outro”. O primeiro encontro do casal com o filho foi suficiente para arrebatar o coração de Claudio. “Eu o segurei pela mão, mas ele me soltou e estendeu os dois braços, pedindo colo. Assim que eu o peguei, ele me abraçou e colocou a cabeça no meu ombro. Aí eu tive certeza que era ele, não sei explicar, mas foi uma empatia muito grande”, relata. Para o casal, as exigências criadas por pessoas que desejam adotar uma criança são empecilhos que dificultam o processo. “Tu não estás escolhendo uma mercadoria, é sentimento. Quem visita um abrigo sabe que aquelas crianças clamam por amor e fariam de tudo por um carinho, um abraço. É muito doído”, afirma Rosani.
Se o autismo de Luciano o impede de se expressar como as demais crianças de sua idade, os pais aprenderam a ler seus sinais. “Ele vive no mundinho dele, mas, muitas vezes, conseguimos nos comunicar apenas por um olhar”, explica a mãe. O casal relata que não há como prever de que modo o quadro de Luciano se desenvolverá no futuro. “Sabemos que ele será dependente de nós para sempre, mas queremos que ele se desenvolva dentro de suas limitações”, conta. Durante o dia, Luciano gosta de assistir a corridas de Fórmula 1 – gravadas em DVDs – e de escutar música infantis, mas apenas as clássicas, como “Atirei o pau no gato”. Rosani, que se declara uma criança grande, participa da festa do filho. “Eu gostaria de entender como posso amá-lo tanto sem ele ter nascido de dentro de mim, hoje não consigo imaginar minha vida sem ele”, afirma. Claudio enfatiza que uma adoção não pode ser confundida com boa ação, segundo ele, um ato gerado com esse propósito não duraria uma semana. “O que as pessoas precisam é parar de enxergar os problemas quando decidem adotar uma criança, mas o ser humano”, conclui.
http://www.revistaevidencia.com.br/artigos/edicao-85---novembro/267-adocao.html

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