terça-feira, 26 de novembro de 2013

NEGOCIAÇÃO DE ADOÇÃO DE BEBÊ COMEÇOU QUANDO ELE TINHA UM MÊS DE VIDA


26/11/13
Fernanda Viegas/Ricardo Vasconcelos

Polícia Civil ainda não possui todos os emails trocados entre a adolescente do Rio de Janeiro e mãe da criança

A jovem Renata Soares da Costa, de 19 anos, teria começado a negociação para doação do filho Arthur, de 2 meses, quando a criança tinha aproximadamente um mês de nascido, segundo as investigações da Polícia Civil. A mulher está presa no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Centro-Sul, na capital.
O delegado Wanderson Gomes da Silva, do Departamento de Operações Especiais (Deoesp), informou que a polícia precisa avançar nas investigações, já que as trocas de e-mails entre Renata e a adolescente de 17 anos do Rio de Janeiro, que recebeu o menino, começaram no dia 12 de outubro. No entanto, a polícia só possui os registros de diálogo a partir do dia 4 de novembro. São 97 páginas com o conteúdo da troca de mensagens pela internet.
O último e-mail enviado por Renata à adolescente do Rio, foi por volta das 8h dessa segunda-feira (25). “Olha, toma muito cuidado. Não deixe ele (o bebê) chorar e sair para fora de casa, porque o mundo todo está procurando ele. Infelizmente foi parar em todas as mídias. Não posso impedir, até porque o pai dele (da criança) está indignado. Mas te peço que tenha muito cuidado”, alertou. Esse aviso chamou a atenção da polícia, que pretende investigar ainda como era o relacionamento entre Renata e Nulhia.
Renata chegou à delegacia com uniforme da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) e amamentou o filho. Ela presta novo depoimento. “De sábado até hoje (esta terça-feira, 26)não há nenhum indicativo de que tenha participação do pai (no crime)”, afirmou o delegado. Contudo, Silva informou que ainda não foi questionado à Renata se Jhoney Lima Santos Nulhia, de 24 anos, é mesmo o pai do menino.
Com o novo depoimento, a polícia pretende descobrir a real motivação para a doação. Ainda não foi confirmado se houve pagamento pelo bebê. O delegado ainda disse que Renata não apresentou nenhum desequilíbrio emocional. A família também confirma que ela não tem distúrbio mental, fazia faculdade de logística e trabalhava em uma rede de fast-food. No entanto, a Justiça pode solicitar que sejam feitos exames para avaliar se a mulher apresenta ou não algum problema psicológico.
Nulhia ainda não acredita no que Renata foi capaz de fazer. Para ele, ela está “perdida. Acredita que errar é humano, mas que agora precisa cuidar do filho. O rapaz acha que a história está toda mal contada. O jovem afirmou que tinha acesso ao e-mail da companheira, mas que não percebeu nada de errado. Ele ainda usa aliança de compromisso. Há uma expectativa para um novo encontro do casal, que se viu pela última vez nessa segunda-feira (25) a tarde na delegacia.
Renata contratou uma advogada nessa segunda-feira. Claudinéia de Souza Gonçalves de Araújo acompanha o depoimento da jovem. À reportagem, a advogada informou que vai avaliar a estratégia de defesa e que conversou bastante com Renata.

INVESTIGAÇÃO NO RIO DE JANEIRO
O casal de 17 anos que recebeu a criança como doação está detida por ato infracional, foi ouvido nessa segunda-feira e está à disposição da Justiça. De acordo com a Polícia Civil em Minas Gerais, a dupla teria contado para a família deles apenas que viriam para a capital mineira para resgatar uma situação de risco social.
A adolescente teria engravidado e ido morara com uma avó. Ela teria perdido o bebê e adotaria Arthur para suprir o perda do filho. Ela chegou com a criança no colo dizendo que era Miguel, o filho dela.
O delegado da Delegacia Anti-sequestro do Rio de Janeiro, Eduardo Soares, disse que as investigações em relação à adolescente que recebeu o bebê já foram concluídas. “Não identificamos nenhum indicio de que essa criança seria vendida ou repassada a outra pessoa. Nos e-mails que ela trocava com a mãe de Belo Horizonte também não foi falado em valor em momento algum”, ressaltou o Soares.

RELEMBRE O CASO
Nesse sábado (23), Renata contou que estava na avenida Oiapoque, no centro da capital, quando foi abordada embaixo do viaduto por dois homens e uma mulher. Eles teriam descido armados de um carro preto e exigido que ela entregasse o filho.
Na versão de Renata, dois dos suspeitos falavam um idioma que ela não compreendia e tinham aparência oriental, enquanto o outro, negro, disse que eles queriam apenas ficar com o bebê. O trio teria fugido rapidamente, em um veículo que ela não soube identificar modelo ou marca, levando ainda a bolsa da mulher, com fraldas e a mamadeira da criança.
Ainda segundo Renata, ela ficou muito nervosa e disse que ninguém passava pelo local no momento. Sem telefone celular, ela correu até uma banca de jornal, onde comprou um cartão para avisar ao namorado e pai da criança, Johney, e à PM, que registrou a ocorrência na Central de Flagrantes (Ceflan), no bairro Floresta.
Polícia Civil não acredita em distúrbio mental da mãe da criança.
http://www.otempo.com.br/.../negocia%C3%A7%C3%A3o-de-ado...

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