PRECONCEITO NA ADOÇÃO DE CRIANÇAS NEGRAS CAIU EM MT, DIZ ASSOCIAÇÃO
20/11/2013
Contato pessoal entre pais e crianças pode ter ajudado, diz
instituição. No estado, porém, espera ainda é longa para as crianças
mais velhas.
Carolina Holland Do G1 MT
O contato pessoal entre os futuros pais e as crianças que estão à
espera de uma família pode ter ajudado a diminuir a preferência por
crianças brancas na hora da adoção. Pelo menos, é o que diz acreditar a
presidente da Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção
(Ampara), Lindacir Rocha. Para ela, a cor da pele não é mais
justificativa para que crianças fiquem muito tempo aguardando um lar.
A Ampara realiza cursos preparatórios para os pretendentes que querem
adotar crianças. A formação já existia, mas passou a ser obrigatória a
partir de 2009, por força de uma lei federal. Entretanto, na opinião de
Lindacir, foi uma mudança na abordagem da preparação, no ano seguinte,
que ajudou a diminuir a discriminação em relaçãos às crianças negras.
“Começamos a levar os pretendentes ao lugar onde estavam essas crianças
como uma forma de estimular esse contato. Antes, tudo era feito pelo
papel. Com o passar do tempo, fomos percebendo que podia ser criada,
nesses encontros, uma relação entre as partes”, relata a presidente.
De acordo com dados da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja),
há atualmente 68 crianças aptas a adoção em Mato Grosso, sendo 29
meninas e 39 meninos, com idades entre 3 e 17 anos. Do total, 42 são
pardas, 18 são brancas, 6 são negras, uma é amarela e, a outra,
indígena.
"Há pais brancos que querem adotar negros. O biotipo é
diferente, mas o amor é igual", diz Lindacir. Para a presidente da
Ampara, o fato de uma criança ser negra já não a coloca mais como
preterida pelas famílias que querem adotar um filho. “Se existe uma
espera mais longa, podemos atribuir a outros fatores, como a idade mais
avançada, porque muitas pessoas ainda preferem as crianças mais novas”,
diz Lindacir.
A secretária-geral substituta da Ceja, Ivone Moura,
também afirma que a cor da pele não é o elemento mais importante na hora
da escolha de um filho adotivo. “Isso não faz mais diferença. Não há
mais preconceito declarado daqueles que não querem negros na família. A
espera das negras acaba sendo a mesma das crianças brancas ou pardas,
por exemplo”, afirma.
Porém, o caminho a percorrer ainda deve ser
longo para os demais integrantes do grupo dos "inadotáveis", como
denomina Lindacir, do qual faziam parte os negros e, atualmente, figuram
irmãos e deficientes físicos e mentais. "Esses demoram mais para serem
escolhidos. Temos muito o que fazer, mas podemos mudar isso também",
espera Lindacir.
http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2013/11/preconceito-na-adocao-de-criancas-negras-caiu-em-mt-diz-associacao.html
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