28.11.2013
Jornal do Povo
Jane Machado, negra, adotou duas filhas brancas Jane Machado é a mãe de coração de Tatiane e Cátia, suas filhas adotivas
A servidora municipal aposentada Jane Maria Borges Machado, 58 anos,
homenageada deste ano da Câmara Municipal pela Semana da Consciência
Negra como personalidade negra do ano, é mais do que uma ativista dos
direitos dos negros.
Ela também é mãe de uma improvável família. Em
1986 Jane adotou duas meninas. O detalhe é que Jane é negra e as duas
meninas adotadas são brancas. “O ato de adotar é um missão que Deus dá
para as pessoas”, explica Jane.
Em 1986 ela, na época com 32 anos,
teve esta atitude. “Não me preocupei com o preconceito de ser negra e
ter adotado duas meninas de cor branca, mas admito que sofri preconceito
de outras pessoas”. Suas filhas são Cátia, professora, hoje com 28
anos, e Tatiane, dona de casa, 30 anos.
No ano em que adotou as
filhas, Jane trabalhava na Creche Sagrada Família como cuidadora e um
dia as irmãs Cátia Elisa da Silva, na data com 1 ano, e Tatiane da
Silva, com 3 anos, foram deixadas na creche. “Naquele dia, no final da
tarde, os pais das outras crianças buscaram seus filhos, porém, ninguém
apareceu para levar as meninas para casa”, relata emocionada.
ABANDONO
Nesse dia então, Jane acabou levando as meninas para sua residência. No
dia seguinte voltou à creche com as crianças e a situação se repetiu. O
abandono estendeu-se por aproximadamente um mês até que um dia uma
colega sugeriu que a creche deveria ir até a delegacia registrar a
situação do abandono das irmãs, pois Jane poderia ser acusada como
sequestradora das meninas.
Jane aceitou a sugestão e foi à Polícia.
Ao conversar com o delegado Erasmo Machado, ele, na mesma hora,
concedeu a guarda provisória das crianças para ela. Como nos meses
seguintes nenhum familiar das garotas procurou a creche, Jane tornou-se
mãe de Cátia e Tatiane.
O QUE DIZEM AS FILHAS
“Sempre fui
muito unida com minha mãe. Na Escola Getúlio Vargas, onde ela
trabalhava, eu estudava no turno da manhã. Então, de tarde eu sempre
ficava com ela para auxiliar.
Se existiu algum preconceito, era bem
escondido, pois nunca notei algo do tipo. Em relação à adoção, sou
totalmente a favor, eu adotaria.
Faria como minha mãe: pegaria uma
criança maiorzinha”. Cátia “Na época da escola sofri preconceito. Teve
uma vez que até briguei com um garoto, pois ele falou que minha mãe era
negra.
O meu relacionamento com ela é igual ao de uma filha de
sangue com sua mãe. Para mim não existe diferença. A adoção é um ato de
amor, pois amar uma criança que não saiu do seu ventre não é fácil,
porém, mesmo sendo difícil, eu também adotaria”. Tatiane
TRÊS PERGUNTAS PARA
Jane Machado, mãe adotiva de Cátia e Tatiane
O preconceito não fez você em algum momento se arrepender de ter adotado as meninas?
“Não. Muitos foram os momentos que vivenciei de preconceito, porém não
dava atenção aos comentários maldosos. Quando achava que deveria dizer
algo até respondia. Muitas pessoas perguntavam se eu era babá delas ou
empregada da família das meninas.
Quando revelava que as meninas
eram minhas filhas adotivas, as pessoas, espantadas, questionavam como
isso poderia ser possível”.
Nunca tentaram lhe tirar as garotas?
“Uma vez um casal italiano me visitou propondo dinheiro para que lhe
desse as crianças. As irmãs seriam levadas para a Itália. Nesta época,
vivíamos em condições financeiras precárias, porém não havia dinheiro no
mundo que viesse a pagar o amor que tenho pelas minhas filhas”.
Quando adotou as meninas, você era solteira. Não quis casar depois disso?
“Não. Eu era solteira na época em que fiquei com as meninas e preferi
não me casar, pois decidi dedicar totalmente minha vida para minhas
filhas. Eu não escolhi adotar. Foi Deus que me presenteou com as
meninas.
Acredito que quando nascemos já viemos com o destino
traçado, e quando eu nasci Deus me disse que eu teria filhas do coração.
Eu amo minhas filhas de paixão, assim como sei que elas me amam”.
Fonte: Jornal do Povo
http:// www.jornaldopovo.com.br/site/ busca.php?palavra=Jane&tipo=1&a ba&
28.11.2013
Jornal do Povo
Jane Machado, negra, adotou duas filhas brancas Jane Machado é a mãe de coração de Tatiane e Cátia, suas filhas adotivas
A servidora municipal aposentada Jane Maria Borges Machado, 58 anos, homenageada deste ano da Câmara Municipal pela Semana da Consciência Negra como personalidade negra do ano, é mais do que uma ativista dos direitos dos negros.
Ela também é mãe de uma improvável família. Em 1986 Jane adotou duas meninas. O detalhe é que Jane é negra e as duas meninas adotadas são brancas. “O ato de adotar é um missão que Deus dá para as pessoas”, explica Jane.
Em 1986 ela, na época com 32 anos, teve esta atitude. “Não me preocupei com o preconceito de ser negra e ter adotado duas meninas de cor branca, mas admito que sofri preconceito de outras pessoas”. Suas filhas são Cátia, professora, hoje com 28 anos, e Tatiane, dona de casa, 30 anos.
No ano em que adotou as filhas, Jane trabalhava na Creche Sagrada Família como cuidadora e um dia as irmãs Cátia Elisa da Silva, na data com 1 ano, e Tatiane da Silva, com 3 anos, foram deixadas na creche. “Naquele dia, no final da tarde, os pais das outras crianças buscaram seus filhos, porém, ninguém apareceu para levar as meninas para casa”, relata emocionada.
ABANDONO
Nesse dia então, Jane acabou levando as meninas para sua residência. No dia seguinte voltou à creche com as crianças e a situação se repetiu. O abandono estendeu-se por aproximadamente um mês até que um dia uma colega sugeriu que a creche deveria ir até a delegacia registrar a situação do abandono das irmãs, pois Jane poderia ser acusada como sequestradora das meninas.
Jane aceitou a sugestão e foi à Polícia. Ao conversar com o delegado Erasmo Machado, ele, na mesma hora, concedeu a guarda provisória das crianças para ela. Como nos meses seguintes nenhum familiar das garotas procurou a creche, Jane tornou-se mãe de Cátia e Tatiane.
O QUE DIZEM AS FILHAS
“Sempre fui muito unida com minha mãe. Na Escola Getúlio Vargas, onde ela trabalhava, eu estudava no turno da manhã. Então, de tarde eu sempre ficava com ela para auxiliar.
Se existiu algum preconceito, era bem escondido, pois nunca notei algo do tipo. Em relação à adoção, sou totalmente a favor, eu adotaria.
Faria como minha mãe: pegaria uma criança maiorzinha”. Cátia “Na época da escola sofri preconceito. Teve uma vez que até briguei com um garoto, pois ele falou que minha mãe era negra.
O meu relacionamento com ela é igual ao de uma filha de sangue com sua mãe. Para mim não existe diferença. A adoção é um ato de amor, pois amar uma criança que não saiu do seu ventre não é fácil, porém, mesmo sendo difícil, eu também adotaria”. Tatiane
TRÊS PERGUNTAS PARA
Jane Machado, mãe adotiva de Cátia e Tatiane
O preconceito não fez você em algum momento se arrepender de ter adotado as meninas?
“Não. Muitos foram os momentos que vivenciei de preconceito, porém não dava atenção aos comentários maldosos. Quando achava que deveria dizer algo até respondia. Muitas pessoas perguntavam se eu era babá delas ou empregada da família das meninas.
Quando revelava que as meninas eram minhas filhas adotivas, as pessoas, espantadas, questionavam como isso poderia ser possível”.
Nunca tentaram lhe tirar as garotas?
“Uma vez um casal italiano me visitou propondo dinheiro para que lhe desse as crianças. As irmãs seriam levadas para a Itália. Nesta época, vivíamos em condições financeiras precárias, porém não havia dinheiro no mundo que viesse a pagar o amor que tenho pelas minhas filhas”.
Quando adotou as meninas, você era solteira. Não quis casar depois disso?
“Não. Eu era solteira na época em que fiquei com as meninas e preferi não me casar, pois decidi dedicar totalmente minha vida para minhas filhas. Eu não escolhi adotar. Foi Deus que me presenteou com as meninas.
Acredito que quando nascemos já viemos com o destino traçado, e quando eu nasci Deus me disse que eu teria filhas do coração. Eu amo minhas filhas de paixão, assim como sei que elas me amam”.
Fonte: Jornal do Povo
http://
Nenhum comentário:
Postar um comentário