PESQUISA IDENTIFICA ADOÇÃO DE CRIANÇAS EM RONDÔNIA PARA SERVIDÃO DOMÉSTICA
Seg, 21 de Outubro de 2013
Agazeta
O Ministério da Justiça divulgou no Dia Internacional contra o Tráfico
de Seres Humanos-- pesquisa em que detalha modalidades e rotas de
tráfico de pessoas no Brasil. Entre as formas de exploração
identificadas, o trabalho mapeou clubes explorando menores para jogar
futebol.
Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o
trabalho é o primeiro feito no país de forma mais abrangente sobre o
problema que ele classifica como um "crime subterrâneo".
"São
indicadores positivos para a articulação de políticas dos órgãos de
governo para orientar o enfrentamento de um tipo de crime que não é
muito fácil de ser combatido", afirmou o ministro.
Segundo Cardozo,
as estatísticas oficiais mostram baixo número de inquéritos e pessoas
identificadas como vítimas. Pelo levantamento, entre 2005 e 2011 apenas
475 brasileiros foram identificados fora do país como vítimas de tráfico
de pessoas. Ele revelou não haver dados precisos sobre o número de
vítimas não só no Brasil como no mundo.
"O número de inquéritos e
vítimas é muito menor que o que imaginamos", disse Cardozo lembrando que
campanhas fazem aumentar o número de denúncias. "A Campanha Coração
Azul aumentou em 1.500% o número de ligações para o número 180 [que
denuncia exploração de mulheres]".
A pesquisa, denominada
"Diagnóstico sobre tráfico de pessoas nas áreas de fronteira", foi
realizada no primeiro semestre deste ano pela Secretaria Nacional de
Justiça, órgão do ministério.
O trabalho reúne informações colhidas
por várias investigações realizadas ao longo dos últimos cinco anos por
CPI's em vários parlamentos, inquéritos policiais e reportagens. Foram
feitas ainda entrevistas com entidades que trabalham contra a exploração
do trabalho e sexual, além de vítimas e familiares.
O aspecto mais
relevante do diagnóstico é a identificação de rotas de tráfico de
pessoas e a finalidade para a qual se destinam as vítimas. São
identificadas a região de origem do traficado, por onde passa a pessoa,
qual seu destino e a finalidade que vai ser explorada.
No Brasil,
foram identificadas tanto rotas de chegada de pessoas do exterior e de
cidades do interior para serem exploradas em grandes cidades, como rotas
de brasileiros traficados para outros países com a mesma finalidade.
Além dos tipos mais comuns de tráfico --para exploração sexual e para
trabalho em regime análogo à escravidão, presentes em praticamente todos
os estados fronteiriços-- o levantamento identificou outras modalidades
da exploração de pessoas.
Segundo o relatório, foram identificados
casos de crianças adotadas em cidades do interior para servirem de
trabalhadoras domésticas nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul.
Roraima, Pará, Amapá, Mato Grosso do
Sul, Rio Grande do Sul e Paraná tiveram casos de pessoas exploradas para
servirem de "mulas" para o tráfico de drogas e outras substâncias
proibidas.
Uma nova modalidade de exploração foi identificada em
Porto Mutinho (MS) onde a prefeitura local apurou que crianças indígenas
do Paraguai cruzavam a fronteira para serem exploradas na mendicância
nas ruas da cidade. Para o ministro também foi surpresa a identificação
de que índios são levados em regime de trabalho escravo para lavouras
nas regiões Norte e Sul.
Houve também casos no Acre, Paraná e Pará
de adolescentes explorados em clubes de futebol --os nomes desses clubes
não foram informados. No Paraná, adolescentes sul-coreanos eram
trazidos ao Brasil por aliciadores para jogar futebol e ficaram com os
passaportes retidos, além de terem o dinheiro que era enviado pela
famílias roubado pela quadrilha.
http://agazetadoacre.com/geral/44670-2013-10-21-20-09-28.html
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