28.11.2013
Cintia
Há alguns dias conversei com a diretora de um abrigo no Brasil, e,
senti um profundo desejo de escrever sobre a importância do estágio de
convivência exigido pela Lei. Para alguns pode parecer desnecessária
essa convivência prévia, pois o desejo de sentir que a família está
completa, faz com que os futuros pais acreditem que podem suportar
qualquer dificuldade vindoura. Mas a realidade é diferente, e, se esse
estágio for negligenciado, os resultados podem ser desastrosos.
Principalmente quando se trata de adoção internacional.
Adoção vai
muito além do discurso de ser um ato de amor, adoção é um compromisso
para a vida toda, e demanda tempo de estudo e muito preparo, para
enfrentar as dificuldades que poderão surgir. Adoção é o compromisso de
que você vai cuidar dessa criança até que ela se torne um adulto
independente, como você faria com um filho biológico! Mas, infelizmente,
nem todas as histórias de adoção terminam assim. Há muitas crianças que
mesmo depois de terem sido adotadas, acabam sendo devolvidas para os
cuidados do governo.
Sinto-me tão desconfortável e impotente diante
de casos como o que trago hoje para vocês. Ficaria feliz se pudesse
ajudar alguém a entender que devolver uma criança que já havia sido
rejeitada, é a situação mais dolorosa, traumática e desnecessária que
essa criança pode sofrer.
O caso que desejo compartilhar hoje é a
história de um menino que chamarei de “Pedro”. Pedro foi a primeira
criança que conheci que acabou passando por esta situação de devolução
no processo de adoção. Pedro foi retirado de seus pais biológicos quando
ele era um bebê. Ele era o menino mais sorridente e mais fofinho que eu
já conheci, era um garoto feliz. Minha mãe e eu, na época adolescente
ainda, visitávamos com frequência Pedro, e, sempre que possível,
levávamos para casa nos fins de semana.
Quando Pedro tinha cerca de
dois anos de idade, foi adotado por uma família italiana. Infelizmente,
dois anos depois, ele estava de volta no mesmo abrigo.
Quando eu o
vi, não podia acreditar que a meu menininho feliz tinha se tornado uma
criança muito triste. Sem sorrisos, sem abraços, sem reação emocional. A
única coisa que ele queria era ficar sozinho num quarto escuro.
Quando questionei a diretora do abrigo sobre o que tinha acontecido, ela
me deu a seguinte resposta: “Quando a família vem ao encontro de uma
criança que quer adotar, eles têm que passar por um tempo de convívio”.
Este período é para a família conhecer a personalidade da criança, e
para a criança conhecer a família. É muito importante que esse momento
seja o mais realista possível. A família deve tentar viver a sua rotina
normal e deixar que a criança se adapte ao seu novo estilo de vida. A
família de Pedro, assim como muitas outras famílias, estava com medo de
que Pedro não gostasse deles. Então, o que eles fizeram na época de
convivência foi cobrir o menino de presentes. Muitos brinquedos, doces,
passeios divertidos e dizendo sim para tudo que ele queria, não ajudou a
ver como seria a vida futura em família. Que criança não estaria super
feliz e comportando-se super bem nesta situação?
Depois que eles
retornaram para a Itália e chegaram em casa, em algum momento, eles
tiveram que começar a dizer NÃO. Eles não podiam dar tudo o que Pedro
queria.
Imagino que Pedro não deve ter entendido nada ou ficado
revoltado. Como que aquelas pessoas que davam tudo que eles queriam
mudaram tanto? Além disso ele estava em um pais tão diferente, comida,
idioma, clima tudo… Quem conhece crianças pode imaginar como deve ser
complicado mudar a rotina de uma criança de 2 anos de idade.
E, de
repente, os pais de Pedro descobriram que o menino bonitinho e
sorridente também sabia chorar e fazer birra. Os pais eram um casal de
idade avançada e não sabiam o que fazer com Pedro, talvez pensassem que
não teriam energias para lidar com a situação e decidiram devolve-lo. ”
Ainda não sei como o Sistema de Adoção Internacional, ou mesmo o
Governo Brasileiro, permitiu a esta família devolver essa criança.
Imagino que não foi nada fácil, porque eles ficaram com Pedro por dois
anos!
Felizmente, Pedro foi adotado novamente, agora por uma família
brasileira que também adotou sua irmã e o irmão que vieram para o
abrigo enquanto ele estava na Itália.
Sua adaptação não foi fácil.
Ele precisou de muita ajuda para lidar com suas emoções. Pedro fez
terapia por anos até que ele pode entender que esta família não iria
desistir dele. Finalmente ele está bem vivendo com sua “família”.
Não posso deixar de repetir, adoção é algo sério e para toda a vida!
Agora, eu gostaria de ouvir de meus amigos que são pais adotivos. Você
poderia compartilhar alguns pensamentos com as famílias que, talvez,
estão passando por um período de dificuldade na adaptação com seus novos
filhos?
http://asavinglove.com/2013/ 11/28/adotado-e-devolvido/
28.11.2013
Cintia
Há alguns dias conversei com a diretora de um abrigo no Brasil, e, senti um profundo desejo de escrever sobre a importância do estágio de convivência exigido pela Lei. Para alguns pode parecer desnecessária essa convivência prévia, pois o desejo de sentir que a família está completa, faz com que os futuros pais acreditem que podem suportar qualquer dificuldade vindoura. Mas a realidade é diferente, e, se esse estágio for negligenciado, os resultados podem ser desastrosos. Principalmente quando se trata de adoção internacional.
Adoção vai muito além do discurso de ser um ato de amor, adoção é um compromisso para a vida toda, e demanda tempo de estudo e muito preparo, para enfrentar as dificuldades que poderão surgir. Adoção é o compromisso de que você vai cuidar dessa criança até que ela se torne um adulto independente, como você faria com um filho biológico! Mas, infelizmente, nem todas as histórias de adoção terminam assim. Há muitas crianças que mesmo depois de terem sido adotadas, acabam sendo devolvidas para os cuidados do governo.
Sinto-me tão desconfortável e impotente diante de casos como o que trago hoje para vocês. Ficaria feliz se pudesse ajudar alguém a entender que devolver uma criança que já havia sido rejeitada, é a situação mais dolorosa, traumática e desnecessária que essa criança pode sofrer.
O caso que desejo compartilhar hoje é a história de um menino que chamarei de “Pedro”. Pedro foi a primeira criança que conheci que acabou passando por esta situação de devolução no processo de adoção. Pedro foi retirado de seus pais biológicos quando ele era um bebê. Ele era o menino mais sorridente e mais fofinho que eu já conheci, era um garoto feliz. Minha mãe e eu, na época adolescente ainda, visitávamos com frequência Pedro, e, sempre que possível, levávamos para casa nos fins de semana.
Quando Pedro tinha cerca de dois anos de idade, foi adotado por uma família italiana. Infelizmente, dois anos depois, ele estava de volta no mesmo abrigo.
Quando eu o vi, não podia acreditar que a meu menininho feliz tinha se tornado uma criança muito triste. Sem sorrisos, sem abraços, sem reação emocional. A única coisa que ele queria era ficar sozinho num quarto escuro.
Quando questionei a diretora do abrigo sobre o que tinha acontecido, ela me deu a seguinte resposta: “Quando a família vem ao encontro de uma criança que quer adotar, eles têm que passar por um tempo de convívio”.
Este período é para a família conhecer a personalidade da criança, e para a criança conhecer a família. É muito importante que esse momento seja o mais realista possível. A família deve tentar viver a sua rotina normal e deixar que a criança se adapte ao seu novo estilo de vida. A família de Pedro, assim como muitas outras famílias, estava com medo de que Pedro não gostasse deles. Então, o que eles fizeram na época de convivência foi cobrir o menino de presentes. Muitos brinquedos, doces, passeios divertidos e dizendo sim para tudo que ele queria, não ajudou a ver como seria a vida futura em família. Que criança não estaria super feliz e comportando-se super bem nesta situação?
Depois que eles retornaram para a Itália e chegaram em casa, em algum momento, eles tiveram que começar a dizer NÃO. Eles não podiam dar tudo o que Pedro queria.
Imagino que Pedro não deve ter entendido nada ou ficado revoltado. Como que aquelas pessoas que davam tudo que eles queriam mudaram tanto? Além disso ele estava em um pais tão diferente, comida, idioma, clima tudo… Quem conhece crianças pode imaginar como deve ser complicado mudar a rotina de uma criança de 2 anos de idade.
E, de repente, os pais de Pedro descobriram que o menino bonitinho e sorridente também sabia chorar e fazer birra. Os pais eram um casal de idade avançada e não sabiam o que fazer com Pedro, talvez pensassem que não teriam energias para lidar com a situação e decidiram devolve-lo. ”
Ainda não sei como o Sistema de Adoção Internacional, ou mesmo o Governo Brasileiro, permitiu a esta família devolver essa criança. Imagino que não foi nada fácil, porque eles ficaram com Pedro por dois anos!
Felizmente, Pedro foi adotado novamente, agora por uma família brasileira que também adotou sua irmã e o irmão que vieram para o abrigo enquanto ele estava na Itália.
Sua adaptação não foi fácil. Ele precisou de muita ajuda para lidar com suas emoções. Pedro fez terapia por anos até que ele pode entender que esta família não iria desistir dele. Finalmente ele está bem vivendo com sua “família”.
Não posso deixar de repetir, adoção é algo sério e para toda a vida!
Agora, eu gostaria de ouvir de meus amigos que são pais adotivos. Você poderia compartilhar alguns pensamentos com as famílias que, talvez, estão passando por um período de dificuldade na adaptação com seus novos filhos?
http://asavinglove.com/2013/
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