16/11/2013
Tatiana Freire
Crianças assistidas nos abrigos de acolhimento em Campos participam de diversas atividades, inclusive de recreação
O Acolhimento Institucional é um espaço de proteção, provisório e
excepcional, destinado a crianças e adolescentes privados da convivência
familiar e que se encontram em situação de risco pessoal e social.
Atualmente, Campos é a terceira cidade fluminense com o maior número de
crianças acolhidas, 160, segundo o 11ª Censo do Módulo Criança e
Adolescente (MCA) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ),
divulgado em junho deste ano. Perde apenas para a capital e Duque de
Caxias, na Baixada Fluminense, que registram, respectivamente, 1.050 e
173 acolhimentos.
Em Campos, os vários tipos de violência e de
negligência, praticadas principalmente pelos pais, são as principais
causas que levam o Conselho Tutelar a encaminhar crianças e adolescentes
a uma das oito entidades de Acolhimento instaladas na cidade: Projeto
Lara/Centro de Referência da Criança (CRC), Aconchego, Conviver,
Cativar, Centro de Referência do Adolescente (CRA), Portal da Infância e
Pequeno Jornaleiro. As seis primeiras são municipais e as outras duas
financiadas pelo Fundo da Infância e da Adolescência (FIA). Todas elas
são vinculadas à Fundação Municipal da Infância e Juventude (FMIJ).
MUNICÍPIO JÁ INVESTIU MAIS DE R$ 6 MILHÕES
Quando os conselheiros verificam que a criança ou adolescente está
sofrendo violação de direito grave e que não tem condição de conviver em
ambiente familiar, nem na família extensa (parentes próximos), o
encaminha para acolhimento. No Centro de Referência as equipes avaliam
individualmente a história do menor a ser acolhido, avalia seu perfil e o
destina para o Acolhimento ideal. "O objetivo dos Acolhimentos é
recriar o lar. Buscamos ao máximo a desinstitucionalização. Trabalhamos
incessantemente para criar ambientes familiares em cada uma das
entidades e permitir que as crianças sintam-se bem nelas. É um trabalho
cansativo, mas muito gratificante. Não tem preço chegar num Acolhimento e
ver a alegria deles, sabendo que já sofreram tanto em seu ambiente
familiar", contou o presidente da FMIJ, Thiago Ferrugem.
Entre
janeiro e setembro deste ano foram investidos R$ 6,2 milhões nos seis
Acolhimentos municipais. Segundo Thiago, em novembro deste ano o número
de acolhimentos na cidade ultrapassa 170, o que elevaria Campos ao
segundo lugar entre as cidades com maior número de assistência no Estado
do Rio.
EDUCAÇÃO E ATIVIDADES
Além de estudar, condição
obrigatória, os acolhidos desenvolvem atividades extracurriculares:
jogam futebol - um deles no Goytacaz -, tocam em orquestras, trabalham
na Guarda Mirim e participam dos projetos da fundação. Eles também têm
acompanhamento diário com psicólogos, pedagogos e assistentes sociais.
A preocupação com qualidade do trabalho levou a FMIJ a conseguir, junto
ao MP, a criação da Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil para
dependentes químicos. A unidade vai acolher menores que atualmente ficam
no Centro de Referência do Adolescente. Segundo Thiago, "as crianças e
adolescentes que têm dependência de sustâncias psicoativas necessitam,
além do tratamento social característicos dos acolhimentos, de
tratamento de saúde".
Ele ainda explicou que para oferecer um
tratamento completo, a prefeitura promoverá a intersetorialidade entre a
FMIJ e a Secretaria de Saúde. O Termo de Cooperatividade Técnica entra
em vigor até fevereiro de 2014. Atualmente, 16 crianças e adolescentes
acolhidas fazem tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
PROJETO DE INCENTIVO À ADOÇÃO
"Chego ao Portal (da Infância) por volta das 7h todos os dias. Este é o
horário que as crianças estão saindo para a escola. Basta me verem e
elas vêm correndo, de braços abertos, pulam em mim, me enchem de beijos e
abraços, isso não tem preço. O meu trabalho é o melhor do mundo". O
relato é do coordenador da entidade, Airton Évio de Souza, que também
coordena o Pequeno Jornaleiro.
Ele contou que a chegada das crianças
só não é mais difícil que a partida. "Quando elas chegam sei que
precisam de atenção total. Mas, neste primeiro momento, por mais que eu
tente exercer o meu papel da melhor forma, o muro e portão com cadeado
não deixam. Elas se sentem prisioneiras, sem a liberdade que tinham em
casa. Mas este é só primeiro momento. O carinho que recebem é suficiente
para que se adaptem ao ambiente bem rápido e sintam-se em família.
Depois disso, a única dificuldade é vê-las partir, seja para
reintegração à família, seja para adoção", revelou Airton.
O Portal
da Infância acolhe 38 menores entre 4 e 16 anos, a maioria vítima de
violência sexual, negligência familiar e com necessidades especiais. Já o
Pequeno Jornaleiro acolhe atualmente sete menores entre 10 e 16 anos,
que têm menor possibilidade de serem adotadas. Geralmente eles são
oriundos de outros acolhimentos.
INCENTIVO
Um projeto de
lei foi encaminhado à Câmara Municipal de Campos para que servidores
estatutários e efetivos recebam bolsa-auxílio como incentivo à adoção de
crianças acima de 5 anos e/ou com doenças gravíssimas. Estes dois
grupos são os que encontram maior dificuldade de aceitação entre os pais
com intenção de adotar. Por isso, foram priorizadas no projeto.
DADOS ESTATÍSTICOS EM CAMPOS
Campos é o terceiro município fluminense em número de acolhimentos:
160, perdendo apenas para o Rio de Janeiro (1.050) e Duque de Caxias, na
Baixada Fluminense (173);
O município tem oito instituições de
acolhimento: seis municipais e duas mantidas através do Fundo da
Infância e da Adolescência (FIA);
160 crianças acolhidas (6,57% do total de crianças acolhidas no Estado do Rio de Janeiro);
Deste total, 33 estão aptas para a adoção;
50 delas foram acolhidas por negligência da família;
Das crianças, 37 estão acolhidas há menos de seis meses, e 25 há mais de cinco anos;
A Região Norte Fluminense é a segunda em acolhimento no Estado, ficando atrás apenas da Região Metropolitana;
Comparando-se o número de habitantes da região e a população acolhida nesta área, o Norte Fluminense ocupa o topo do ranking.
Foto: Rodolfo Lins / PMCG
http:// www.odiariodecampos.com.br/ acolhimento-a-criancas-e-adoles centes-6123.html
16/11/2013
Tatiana Freire
Crianças assistidas nos abrigos de acolhimento em Campos participam de diversas atividades, inclusive de recreação
O Acolhimento Institucional é um espaço de proteção, provisório e excepcional, destinado a crianças e adolescentes privados da convivência familiar e que se encontram em situação de risco pessoal e social. Atualmente, Campos é a terceira cidade fluminense com o maior número de crianças acolhidas, 160, segundo o 11ª Censo do Módulo Criança e Adolescente (MCA) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), divulgado em junho deste ano. Perde apenas para a capital e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que registram, respectivamente, 1.050 e 173 acolhimentos.
Em Campos, os vários tipos de violência e de negligência, praticadas principalmente pelos pais, são as principais causas que levam o Conselho Tutelar a encaminhar crianças e adolescentes a uma das oito entidades de Acolhimento instaladas na cidade: Projeto Lara/Centro de Referência da Criança (CRC), Aconchego, Conviver, Cativar, Centro de Referência do Adolescente (CRA), Portal da Infância e Pequeno Jornaleiro. As seis primeiras são municipais e as outras duas financiadas pelo Fundo da Infância e da Adolescência (FIA). Todas elas são vinculadas à Fundação Municipal da Infância e Juventude (FMIJ).
MUNICÍPIO JÁ INVESTIU MAIS DE R$ 6 MILHÕES
Quando os conselheiros verificam que a criança ou adolescente está sofrendo violação de direito grave e que não tem condição de conviver em ambiente familiar, nem na família extensa (parentes próximos), o encaminha para acolhimento. No Centro de Referência as equipes avaliam individualmente a história do menor a ser acolhido, avalia seu perfil e o destina para o Acolhimento ideal. "O objetivo dos Acolhimentos é recriar o lar. Buscamos ao máximo a desinstitucionalização. Trabalhamos incessantemente para criar ambientes familiares em cada uma das entidades e permitir que as crianças sintam-se bem nelas. É um trabalho cansativo, mas muito gratificante. Não tem preço chegar num Acolhimento e ver a alegria deles, sabendo que já sofreram tanto em seu ambiente familiar", contou o presidente da FMIJ, Thiago Ferrugem.
Entre janeiro e setembro deste ano foram investidos R$ 6,2 milhões nos seis Acolhimentos municipais. Segundo Thiago, em novembro deste ano o número de acolhimentos na cidade ultrapassa 170, o que elevaria Campos ao segundo lugar entre as cidades com maior número de assistência no Estado do Rio.
EDUCAÇÃO E ATIVIDADES
Além de estudar, condição obrigatória, os acolhidos desenvolvem atividades extracurriculares: jogam futebol - um deles no Goytacaz -, tocam em orquestras, trabalham na Guarda Mirim e participam dos projetos da fundação. Eles também têm acompanhamento diário com psicólogos, pedagogos e assistentes sociais.
A preocupação com qualidade do trabalho levou a FMIJ a conseguir, junto ao MP, a criação da Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil para dependentes químicos. A unidade vai acolher menores que atualmente ficam no Centro de Referência do Adolescente. Segundo Thiago, "as crianças e adolescentes que têm dependência de sustâncias psicoativas necessitam, além do tratamento social característicos dos acolhimentos, de tratamento de saúde".
Ele ainda explicou que para oferecer um tratamento completo, a prefeitura promoverá a intersetorialidade entre a FMIJ e a Secretaria de Saúde. O Termo de Cooperatividade Técnica entra em vigor até fevereiro de 2014. Atualmente, 16 crianças e adolescentes acolhidas fazem tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
PROJETO DE INCENTIVO À ADOÇÃO
"Chego ao Portal (da Infância) por volta das 7h todos os dias. Este é o horário que as crianças estão saindo para a escola. Basta me verem e elas vêm correndo, de braços abertos, pulam em mim, me enchem de beijos e abraços, isso não tem preço. O meu trabalho é o melhor do mundo". O relato é do coordenador da entidade, Airton Évio de Souza, que também coordena o Pequeno Jornaleiro.
Ele contou que a chegada das crianças só não é mais difícil que a partida. "Quando elas chegam sei que precisam de atenção total. Mas, neste primeiro momento, por mais que eu tente exercer o meu papel da melhor forma, o muro e portão com cadeado não deixam. Elas se sentem prisioneiras, sem a liberdade que tinham em casa. Mas este é só primeiro momento. O carinho que recebem é suficiente para que se adaptem ao ambiente bem rápido e sintam-se em família. Depois disso, a única dificuldade é vê-las partir, seja para reintegração à família, seja para adoção", revelou Airton.
O Portal da Infância acolhe 38 menores entre 4 e 16 anos, a maioria vítima de violência sexual, negligência familiar e com necessidades especiais. Já o Pequeno Jornaleiro acolhe atualmente sete menores entre 10 e 16 anos, que têm menor possibilidade de serem adotadas. Geralmente eles são oriundos de outros acolhimentos.
INCENTIVO
Um projeto de lei foi encaminhado à Câmara Municipal de Campos para que servidores estatutários e efetivos recebam bolsa-auxílio como incentivo à adoção de crianças acima de 5 anos e/ou com doenças gravíssimas. Estes dois grupos são os que encontram maior dificuldade de aceitação entre os pais com intenção de adotar. Por isso, foram priorizadas no projeto.
DADOS ESTATÍSTICOS EM CAMPOS
Campos é o terceiro município fluminense em número de acolhimentos: 160, perdendo apenas para o Rio de Janeiro (1.050) e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (173);
O município tem oito instituições de acolhimento: seis municipais e duas mantidas através do Fundo da Infância e da Adolescência (FIA);
160 crianças acolhidas (6,57% do total de crianças acolhidas no Estado do Rio de Janeiro);
Deste total, 33 estão aptas para a adoção;
50 delas foram acolhidas por negligência da família;
Das crianças, 37 estão acolhidas há menos de seis meses, e 25 há mais de cinco anos;
A Região Norte Fluminense é a segunda em acolhimento no Estado, ficando atrás apenas da Região Metropolitana;
Comparando-se o número de habitantes da região e a população acolhida nesta área, o Norte Fluminense ocupa o topo do ranking.
Foto: Rodolfo Lins / PMCG
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