terça-feira, 5 de novembro de 2013

MAIS ADOTANTES DO QUE CRIANÇAS, PORÉM ORFANATOS LOTADOS


05/11/2013
Isabella Campedelli

Este ano, o número de pessoas habilitadas a adotar crianças, que estão na fila de espera, é três vezes maior que o número de crianças ou adolescentes cadastrados e aptos ao processo de adoção no Distrito Federal. Ou seja, todas as crianças poderiam ser adotadas, mas os perfis procurados pelos pais disponíveis são recém-nascidos, brancos e sem deficiências.
Porém, pesquisas do Conselho Nacional de Justiça e da Vara da Infância e da Juventude, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, assim como a pesquisa da psicóloga e doutora pela UnB, Dayane Barreto, apontam um dado que pode dar novos rumos à adoção: o número de crianças negras adotadas no DF subiu de 29,9% para 36,8%. O que significa, segundo Dayane, que com essa tendência os abrigos podem ficar vazios, de médio a longo prazo.
No Distrito Federal, o processo de adoção começa com uma visita à Vara da Infância e Juventude, para agendar uma entrevista, que pode demorar até dois meses para acontecer, mas é uma fase importante para avaliação do perfil da família. A partir das informações do cadastro e do laudo final da psicóloga, o juiz da Vara dará o parecer (o que pode demorar mais um mês). Com a aprovação, o nome da pessoa que quer adotar será inserido no Cadastro Nacional de Adocão (CNA), e então é preciso esperar até que uma criança com o perfil desejado esteja apta para adoção.
A Casa de Ismael é um lar que se mantêm com recursos públicos e privados, que acolhe crianças de 0 a 17 anos, e suas respectivas famílias. Segundo a administradora, Aparecida Pereira, a finalidade da casa é proporcionar orientação educacional, profissional, moral e cívica. “É uma casa e uma vida normal, as crianças moram, vão para a escola, têm aula de reforço, fazem educação física e tem professoras de artes”, diz Aparecida.
A técnica de enfermagem da Casa de Ismael, Joanilda Gomes, conta que as crianças também recebem atendimento médico e nutricional. “Eu estou aqui de segunda a sexta para atendimento de primeiros socorros e para marcar consultas com a médica, que vem uma vez por semana”, conta Joanilda.
A psicóloga Natália Silva explica que os filhos adotivos sempre buscam suas origens e que os pais devem contar sobre a adoção, antes que o filho pergunte: “Se o assunto é censurado dentro de casa, a criança vai entender como tema proibido e vai se calar, mas a obediência pode comprometer o seu processo de aprendizagem”. Natália explica também que quanto mais cedo a verdade for dita, mais natural será a aceitação da criança, que irá criar um vínculo de confiança com os pais adotivos. “O pai e a mãe devem encontrar um jeito de contar as origens do filho, de forma adequada para a sua idade, com sua linguagem e cultura familiar”, afirma a psicóloga.
A estudante Bruna Queiroz foi adotada com um ano e meio de idade e conta que seus pais biológicos não tinham condições de cuidar dela. “Minha única curiosidade é saber se sou parecida com meus pais biológicos. A relação que tenho com meus pais é maravilhosa e nunca sofri preconceito, pelo contrário, as pessoas sempre me apoiaram e acharam legal eu me abrir sobre isso”, conta Bruna. Segundo ela, os problemas que tem com os pais são os mesmos que todos passam e eles visam o melhor para ela. “Não me sinto adotada, sou filha dos meus pais, independente de ter vindo da barriga da minha mãe ou não”.
Glaucia Machado (Foto) - “Ao todo, temos 411 crianças aqui na Casa de Ismael, mas só 50 moram na Casa, porque os pais por algum motivo perderam a guarda e eles vieram para cá”, conta a administradora da casa, Aparecida Pereira
http://campus.fac.unb.br/cidade/item/3137-novos-rumos-da-adoção-no-df

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