sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SAIBA MAIS SOBRE A ADOÇÃO TARDIA


Dra. Rafaela Monteiro - Psicóloga
31.10.2013

Segundo Nina Rosa do Amaral Costa & Maria Clotilde Rossetti-Ferreira, em seu artigo sobre: Tornar-se Pai e Mãe em um Processo de Adoção Tardia, a adoção tardia (processo de adoção a crianças mais velhas, que já não são mais consideradas bebês), está inserida nessa nova cultura de encontrar famílias para crianças sem lar, e apresenta um novo projeto de família, de maternidade e de paternidade, que atribui novos sentidos ao ser pai e mãe. Comportando uma família que aceite o diferente, a alteridade, e não só lide com projetos de filiação alternativos.

SUAS DIFICULDADES
Uma das dificuldades da adoção tardia é exatamente estabelecer uma relação de maternidade, de paternidade e de amor com crianças mais velhas.
Nossos modos culturais de vivência de maternidade não favorecem muito isso, pois estamos acostumados a nos tornar pais e mães de bebês, prioritariamente. Além disso, outras questões merecem ser consideradas como a incompletude maturacional do bebê humano que ao exigir cuidados para sua sobrevivência, favorece uma rápida vinculação afetiva; ou ainda que, na adoção tardia, as crianças negociam também a afetividade e a construção de seu amor filial, posicionando-se nas relações de modo mais ativo que um bebê.
A habilidade do uso da linguagem, a história pregressa vivida, mostram um outro ser que não é tão incompleto, exigindo diferentes modos de vincular-se afetivamente.

FILIAÇÃO
A filiação por adoção traz especificidades não presentes na filiação biológica, Levy-Shiff e Har-Even, em pesquisa desenvolvida com pais adotivos e biológicos, argumentam que a transição para a parentalidade na adoção tende a ser abrupta, sem um envolvimento gradual dos pais com seus papéis parentais e, por isso, os pais adotivos tendem a ter mais dificuldades e passam por maiores tensões que os pais biológicos.
Weir reforça esse aspecto da transição rápida para a parentalidade nas famílias adotivas e argumenta que esse processo tende a ser mais estressante, pelas múltiplas escolhas que elas têm que fazer, sendo mais complexo e multidimensional que para pais biológicos. Na adoção tardia a tensão é ainda mais complexa porque a criança se posiciona no processo interativo de modo mais ativo que um bebê, aceitando, negando e negociando posições que lhe são atribuídas, somado ao fato de que ela tem uma história pregressa, uma história de vida anterior às relações agora estabelecidas. Com isso, a construção de relações de parentalidade passa por momentos de identificação e estranhamento.
Com base em estudos sociológicos e psicológicos, onde autores defendem que os laços afetivos de filiação podem ser instituídos para além do biológico e independente da idade, é possível perceber que é possível o sucesso na constituição de laços afeto e amor, em famílias adotivas, no caso de adoção tardia.
Dra. Rafaela Monteiro Graduação em Psicologia pela UFRJ Pós graduação em Psicologia Jurídica pela UERJ Especialização em Psicologia Clínica (em formação) na abordagem Gestalt Terapia pelo Instituto de Psicologia Gestalt em Figura
http://doutissima.com.br/post/saiba-adocao-tardia/

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