SAIBA MAIS SOBRE A ADOÇÃO TARDIA
Dra. Rafaela Monteiro - Psicóloga
31.10.2013
Segundo Nina Rosa do Amaral Costa & Maria Clotilde
Rossetti-Ferreira, em seu artigo sobre: Tornar-se Pai e Mãe em um
Processo de Adoção Tardia, a adoção tardia (processo de adoção a
crianças mais velhas, que já não são mais consideradas bebês), está
inserida nessa nova cultura de encontrar famílias para crianças sem lar,
e apresenta um novo projeto de família, de maternidade e de
paternidade, que atribui novos sentidos ao ser pai e mãe. Comportando
uma família que aceite o diferente, a alteridade, e não só lide com
projetos de filiação alternativos.
SUAS DIFICULDADES
Uma
das dificuldades da adoção tardia é exatamente estabelecer uma relação
de maternidade, de paternidade e de amor com crianças mais velhas.
Nossos modos culturais de vivência de maternidade não favorecem muito
isso, pois estamos acostumados a nos tornar pais e mães de bebês,
prioritariamente. Além disso, outras questões merecem ser consideradas
como a incompletude maturacional do bebê humano que ao exigir cuidados
para sua sobrevivência, favorece uma rápida vinculação afetiva; ou ainda
que, na adoção tardia, as crianças negociam também a afetividade e a
construção de seu amor filial, posicionando-se nas relações de modo mais
ativo que um bebê.
A habilidade do uso da linguagem, a história
pregressa vivida, mostram um outro ser que não é tão incompleto,
exigindo diferentes modos de vincular-se afetivamente.
FILIAÇÃO
A filiação por adoção traz especificidades não presentes na filiação
biológica, Levy-Shiff e Har-Even, em pesquisa desenvolvida com pais
adotivos e biológicos, argumentam que a transição para a parentalidade
na adoção tende a ser abrupta, sem um envolvimento gradual dos pais com
seus papéis parentais e, por isso, os pais adotivos tendem a ter mais
dificuldades e passam por maiores tensões que os pais biológicos.
Weir reforça esse aspecto da transição rápida para a parentalidade nas
famílias adotivas e argumenta que esse processo tende a ser mais
estressante, pelas múltiplas escolhas que elas têm que fazer, sendo mais
complexo e multidimensional que para pais biológicos. Na adoção tardia a
tensão é ainda mais complexa porque a criança se posiciona no processo
interativo de modo mais ativo que um bebê, aceitando, negando e
negociando posições que lhe são atribuídas, somado ao fato de que ela
tem uma história pregressa, uma história de vida anterior às relações
agora estabelecidas. Com isso, a construção de relações de
parentalidade passa por momentos de identificação e estranhamento.
Com base em estudos sociológicos e psicológicos, onde autores defendem
que os laços afetivos de filiação podem ser instituídos para além do
biológico e independente da idade, é possível perceber que é possível o
sucesso na constituição de laços afeto e amor, em famílias adotivas, no
caso de adoção tardia.
Dra. Rafaela Monteiro Graduação em Psicologia
pela UFRJ Pós graduação em Psicologia Jurídica pela UERJ Especialização
em Psicologia Clínica (em formação) na abordagem Gestalt Terapia pelo
Instituto de Psicologia Gestalt em Figura
http://doutissima.com.br/post/saiba-adocao-tardia/
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