Louise Vernier e Rita Trevisan
A adoção costuma ser um assunto delicado. Ainda assim, a orientação é que o tema seja tratado com a criança desde cedo. “O ideal é que os pais conversem com o filho sobre a adoção de maneira aberta, explicando o fato de maneira mais detalhada conforme ela vai crescendo”, segundo a psicóloga Lídia Dobrianskyj Weber, professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná). O mais importante, desde os primeiros bate-papos, é que a criança perceba que os pais se sentem confortáveis e seguros em relação à adoção.
Além disso, é preciso estar preparado para as primeiras perguntas sobre a família biológica e para a curiosidade da criança em relação às suas origens, que podem surgir mais cedo ou mais tarde, como acontece com a personagem de “Salve Jorge”, Aisha (Dani Moreno).
A estudante Amanda Andreassa Chialastri, de 25 anos, filha de pais adotivos, sentiu necessidade de refazer sua história, desde o nascimento, na época da adolescência. “O que eu queria mesmo era entender o motivo pelo qual fui abandonada, além de descobrir se tinha irmãos biológicos, com quem eu pudesse fazer contato. Era como se eu tivesse um quebra-cabeças dentro de mim, com algumas peças faltando”, conta.
Segundo Mariana Schwartzmann, psicóloga clínica especialista em adolescência pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), é muito comum que esse desejo apareça a partir dos 12 ou 13 anos. “É o período em que o indivíduo está construindo a sua identidade e quando questões mais profundas vêm à tona”, explica.
Situação delicada
No jovem, a vontade de conhecer os pais biológicos vem normalmente acompanhada de uma dose de medo e insegurança, afinal, ele não sabe o que encontrará. E a posição dos pais adotivos, nesse cenário, é tão desconfortável quanto.
Sandra Andreassa Chialastri, 52 anos, psicóloga e mãe adotiva de Amanda, conta que “perdeu o chão” quando a filha manifestou o desejo de entrar em contato com a família biológica. “Senti muitos medos. Mas o maior deles era o de que a minha filha fosse rejeitada mais uma vez pela mãe biológica e não conseguisse lidar com a questão”, diz.
No entanto, numa situação dessas, não há muito mais a fazer a não ser acolher o jovem e apoiá-lo nessa busca. Caso contrário, é bem provável que ele continue perseguindo o seu objetivo sozinho, mesmo contra a vontade da família.
Na casa da administradora de empresas Rita de Cassia Franchini Hensel, de 57 anos, a notícia de que a filha adotiva havia descoberto os pais biológicos caiu como uma bomba. “Levei um susto quando minha filha me contou que havia achado a mãe biológica. Não fazia ideia de que ela estava procurando”, diz. A garota, Anna Laura Franchini Hensel, que atualmente tem 26 anos, chegou facilmente à família biológica usando a Internet.
Para evitar surpresas desse tipo, ao saber do interesse de sua filha pela família biológica, Sandra Chialastri tomou a iniciativa de iniciar a busca, sem que a jovem soubesse. “Fiquei quatro anos tentando encontrar a mãe biológica da minha filha e quando finalmente consegui, entrei em contato para saber se ela aceitava reencontrar a Amanda. Como ela se mostrou receptiva, armei um encontro entre as duas”, conta.
Atualmente, a filha de Sandra visita a mãe biológica pelo menos uma vez por ano e mantém contato com os irmãos pelas redes sociais. Mesmo assim, o medo da mãe de perder o afeto e a atenção da criança criada com tanto carinho foi desaparecendo gradativamente.
“O sentimento que eu tinha em relação à minha mãe adotiva, que foi quem me criou, não mudou em nada a partir do momento que eu conheci minha mãe biológica. Abri um espaço na minha vida para a minha mãe biológica, mas em nenhum momento considerei trocar uma pela outra. Foi uma soma, como se a minha família tivesse crescido. Só isso”, explica Amanda.
Tudo pode acontecer
Além de apoiar o filho adotivo, os pais devem prepará-lo, da melhor forma possível, para o reencontro. Isso porque a reação da família biológica ao contato do filho abandonado é imprevisível.
No caso de Anna Laura, o reencontro foi emocionante. A mãe, que a abandonou porque não tinha condições de criá-la sem apoio, aos 13 anos, também estava tentando achá-la, usando as redes sociais. “Choramos muito quando nos abraçamos”, conta a vendedora.
Porém, convém preparar o filho adotivo para o pior. “É preciso deixar bem claro para o jovem que existe o risco de se decepcionar”, de acordo com a psicóloga Mariana Schwartzmann. “Ser rejeitado pelos pais biológicos no reencontro pode ser extremamente doloroso e traumático”, afirma Maria Luisa Louro de Castro Valente, professora de terapia familiar da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).
Foi o que aconteceu com a dona de casa Daiane da Roza, de 29 anos, que encontrou a mãe biológica com a ajuda de pessoas que participam de comunidades com essa finalidade na internet. “Cheguei a conversar com a minha mãe por telefone, mas ela não demonstrou interesse nenhum em encontrar comigo. Fiquei decepcionada”.
Fonte: UOL Mulher
A adoção costuma ser um assunto delicado. Ainda assim, a orientação é que o tema seja tratado com a criança desde cedo. “O ideal é que os pais conversem com o filho sobre a adoção de maneira aberta, explicando o fato de maneira mais detalhada conforme ela vai crescendo”, segundo a psicóloga Lídia Dobrianskyj Weber, professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná). O mais importante, desde os primeiros bate-papos, é que a criança perceba que os pais se sentem confortáveis e seguros em relação à adoção.
Além disso, é preciso estar preparado para as primeiras perguntas sobre a família biológica e para a curiosidade da criança em relação às suas origens, que podem surgir mais cedo ou mais tarde, como acontece com a personagem de “Salve Jorge”, Aisha (Dani Moreno).
A estudante Amanda Andreassa Chialastri, de 25 anos, filha de pais adotivos, sentiu necessidade de refazer sua história, desde o nascimento, na época da adolescência. “O que eu queria mesmo era entender o motivo pelo qual fui abandonada, além de descobrir se tinha irmãos biológicos, com quem eu pudesse fazer contato. Era como se eu tivesse um quebra-cabeças dentro de mim, com algumas peças faltando”, conta.
Segundo Mariana Schwartzmann, psicóloga clínica especialista em adolescência pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), é muito comum que esse desejo apareça a partir dos 12 ou 13 anos. “É o período em que o indivíduo está construindo a sua identidade e quando questões mais profundas vêm à tona”, explica.
Situação delicada
No jovem, a vontade de conhecer os pais biológicos vem normalmente acompanhada de uma dose de medo e insegurança, afinal, ele não sabe o que encontrará. E a posição dos pais adotivos, nesse cenário, é tão desconfortável quanto.
Sandra Andreassa Chialastri, 52 anos, psicóloga e mãe adotiva de Amanda, conta que “perdeu o chão” quando a filha manifestou o desejo de entrar em contato com a família biológica. “Senti muitos medos. Mas o maior deles era o de que a minha filha fosse rejeitada mais uma vez pela mãe biológica e não conseguisse lidar com a questão”, diz.
No entanto, numa situação dessas, não há muito mais a fazer a não ser acolher o jovem e apoiá-lo nessa busca. Caso contrário, é bem provável que ele continue perseguindo o seu objetivo sozinho, mesmo contra a vontade da família.
Na casa da administradora de empresas Rita de Cassia Franchini Hensel, de 57 anos, a notícia de que a filha adotiva havia descoberto os pais biológicos caiu como uma bomba. “Levei um susto quando minha filha me contou que havia achado a mãe biológica. Não fazia ideia de que ela estava procurando”, diz. A garota, Anna Laura Franchini Hensel, que atualmente tem 26 anos, chegou facilmente à família biológica usando a Internet.
Para evitar surpresas desse tipo, ao saber do interesse de sua filha pela família biológica, Sandra Chialastri tomou a iniciativa de iniciar a busca, sem que a jovem soubesse. “Fiquei quatro anos tentando encontrar a mãe biológica da minha filha e quando finalmente consegui, entrei em contato para saber se ela aceitava reencontrar a Amanda. Como ela se mostrou receptiva, armei um encontro entre as duas”, conta.
Atualmente, a filha de Sandra visita a mãe biológica pelo menos uma vez por ano e mantém contato com os irmãos pelas redes sociais. Mesmo assim, o medo da mãe de perder o afeto e a atenção da criança criada com tanto carinho foi desaparecendo gradativamente.
“O sentimento que eu tinha em relação à minha mãe adotiva, que foi quem me criou, não mudou em nada a partir do momento que eu conheci minha mãe biológica. Abri um espaço na minha vida para a minha mãe biológica, mas em nenhum momento considerei trocar uma pela outra. Foi uma soma, como se a minha família tivesse crescido. Só isso”, explica Amanda.
Tudo pode acontecer
Além de apoiar o filho adotivo, os pais devem prepará-lo, da melhor forma possível, para o reencontro. Isso porque a reação da família biológica ao contato do filho abandonado é imprevisível.
No caso de Anna Laura, o reencontro foi emocionante. A mãe, que a abandonou porque não tinha condições de criá-la sem apoio, aos 13 anos, também estava tentando achá-la, usando as redes sociais. “Choramos muito quando nos abraçamos”, conta a vendedora.
Porém, convém preparar o filho adotivo para o pior. “É preciso deixar bem claro para o jovem que existe o risco de se decepcionar”, de acordo com a psicóloga Mariana Schwartzmann. “Ser rejeitado pelos pais biológicos no reencontro pode ser extremamente doloroso e traumático”, afirma Maria Luisa Louro de Castro Valente, professora de terapia familiar da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).
Foi o que aconteceu com a dona de casa Daiane da Roza, de 29 anos, que encontrou a mãe biológica com a ajuda de pessoas que participam de comunidades com essa finalidade na internet. “Cheguei a conversar com a minha mãe por telefone, mas ela não demonstrou interesse nenhum em encontrar comigo. Fiquei decepcionada”.
Fonte: UOL Mulher
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