TANGARÁ: DUAS MULHERES DETIDAS; CASO PODE ENVOLVER ADOÇÃO ILEGAL OU COMPRA DE BEBÊS.
25/06/2013
Policia MT
A prisão foi efetuada no final de semana, a partir de denúncia
apresentada à Delegacia de Polícia local pelo Conselho Tutelar. A mãe,
que deu luz a gêmeos, estaria ‘negociando’ as crianças com outra mulher.
Segundo o delegado de Polícia, Dr. João Romano, a equipe de um hospital
particular da cidade estaria desconfiada de que algo de errado
acontecia com uma mulher internada no local para dar a luz. “Informações
dão conta de que esta senhora que estava no hospital para dar a luz
estaria entregando um casal de gêmeos, crianças recém nascidas, para
esta outra senhora, que, além de pagar as despesas médicas do hospital,
um parto e inclusive também uma operação de laqueadura estaria ajudando
financeiramente esta mulher até que desse a luz. Isto, em tese, pode
configurar como foi analisado de forma preliminar, um crime que está
tipificado no artigo 238 do Estatuto da Criança e do Adolescente, com
relação à mãe que promete ou efetiva entrega do filho mediante paga ou
promessa de recompensa e no parágrafo único deste artigo aquela pessoa
que efetivamente paga esta recompensa”, explica o delegado.
Diante
destes fatos, os investigadores que se dirigiram ao hospital para
verificar a situação, surpreenderam a mulher que estaria prometendo este
pagamento, dando cheques pós datados para acertar as despesas médicas. O
acerto das despesas médicas seria um marco que foi combinado entre as
duas senhoras para que se efetivasse a entrega das duas crianças. “Há
materialidade neste sentido, tendo em vista que foram apreendidos os
canhotos dos cheques pós datados, bem como o recibo das despesas
médicas”, afirma Dr. João Romano. O valor pago totalizaria R$ 6.000,00
(seis mil reais), valor dividido em quatro cheques.
O delegado
arbitrou fiança para as duas mulheres, conforme previsto legalmente
neste caso. A mulher que estava pagando as despesas médicas pagou a
fiança, mas a parturiente não tinha condições de pagar o valor. A
primeira foi colocada em liberdade e a outra ficou na condição de
detida, mas não foi encaminhada a princípio ao CDP. Ela foi encaminhada
para sua residência e aguarda decisão judicial em casa.
O Delegado
Dr. João Romano explica que a Polícia trabalha neste caso “em tese”. “Em
tese o que nós temos, é que houve sim esta entrega das crianças
mediante o pagamento de um valor financeiro, tendo em vista que esta
mulher estava sendo sustentada pela mulher que queria as crianças. Então
é uma série de fatores que tem que ser analisada. Se houve indução ou
não é um questionamento bastante intrincado, tendo em vista que a mãe
biológica é uma senhora que tem sérias necessidades financeiras, é uma
pessoa bastante humilde, já tem cinco crianças para criar e foi
abandonada pelo marido. De outro lado tem uma mulher que não pode ter
filhos biológicos e queria estas crianças”, lembra.
Ele alerta,
entretanto, que em que pese esta questão social, podendo-se refletir que
estas crianças ficariam melhor com a mulher que tem as melhores
condições financeiras, a polícia e a justiça não podem analisar desta
forma. “Nós temos que aplicar a lei, porque de qualquer forma há toda
uma legislação para quem pretende ter filhos por meio de adoção. Tem que
se inscrever numa fila, tem que se aguardar um processo e tudo isso foi
deixado de lado”, lembrou.
AS CRIANÇAS
As duas crianças
ficaram aos cuidados do Conselho tutelar e foram encaminhadas à Casa
Transitória da Criança até que haja uma decisão judicial. Segundo o
Delegado, o caso agora tem sérios encaminhamentos. “O juiz vai decidir
se voltarão para a mãe biológica, se o juiz vai entender que a atitude
dela de alguma forma impede que ela conviva com as crianças, ou se esta
outra mulher que pretendia as crianças ainda vai brigar na justiça para
ficar com as crianças”, explica Dr. João Romano.
DEPOIMENTOS
Em relação aos fatos relatados pela mulher a princípio acusada de
tentar comprar as crianças, o Delegado explicou à reportagem da Rádio
Pioneira que no depoimento ela foi bastante evasiva e negou que
pretendia ficar com as crianças. “Tendo em vista que ela chegou aqui na
condição de detida, é muito difícil que a pessoa conte com veracidade os
fatos. Então, na verdade as informações que ela prestou foram bastante
evasivas. Negou que sequer queria ficar com as crianças. Mas a mãe
biológica das crianças disse sim, que a mulher pretendia as crianças,
que já havia um acordo entre elas, que tão logo as crianças nascessem
passariam ao convívio desta outra senhora. As informações que nós temos é
que houve sim um acordo entre estas mulheres”, diz Dr. João Romano.
Ele destaca que agora será apurado se houve um pagamento efetivo
pelas crianças. “De qualquer forma esta mulher que pretendia as crianças
não fez algo porque queria ajudar. Ela fez porque queria ficar com as
crianças. Fez porque interessava de alguma forma”, afirmou o Delegado.
Por: Marlene Maria com Roberto Webe
Fonte: Rádio Pioneira
Delegado Dr. João Romano falou à reportagem Pioneira sobre o caso.
http://www.reporternews.com.br/noticia/399012/Tangar%E1-duas-mulheres-detidas%3B-caso-pode-envolver-ado%E7%E3o-ilegal-ou-compra-de-beb%EAs
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