BEBÊS TROCADOS TÊM DIFICULDADES PARA SE ADAPTAR COM MÃES BIOLÓGICAS
Em 28 de junho de 2013
Com menos de 1 mês, as meninas estão se alimentando por mamadeira.
Pediatra diz que amamentação deve ser estimulada.
Fonte: G1
Crédito: Bernardo Gravito/G1
Há um mês duas crianças foram trocadas no Hospital e Maternidade Dona
Regina de Palmas, o maior do Tocantins. A falha foi percebida e
corrigida uma semana depois, porém o fato ainda gera transtornos para as
crianças e as famílias. De acordo com Natalícia Pereira do Nascimento,
19 anos, a filha biológica foi devolvida, mas não conseguiu se acostumar
com o leite dela e está se alimentando por mamadeira. “Minha filha
estranhou meu peito, a gente tentou, mas ela não se adaptou”.
O
mesmo aconteceu com a outra recém-nascida. Segundo a mãe, Maria Linete
de Sousa Sampaio, 40 anos, que já tem 4 filhos, a pior consequência da
troca foi também o fato de a filha não ter se acostumado ao leite dela.
"Quando eu a recebi, ela não quis mais meu peito", conta a mãe.
Natalícia diz que nos dois primeiros dias após o nascimento, quando a
família ainda não tinha descoberto a troca, a menina foi amamentada por
Maria Linete. Depois que o hospital descobriu a troca e isolou as
crianças, elas passaram a ser alimentadas por uma sonda, fatos que,
segundo Natalícia, podem ter sido decisivos para a rejeição da filha ao
peito.
A família dela está tendo que apertar o orçamento para
comprar o leite adequado. “Ela consome uma lata de leite por semana e o
custo é alto, minha família está nos ajudando”, conta.
As duas mães
reagiram de forma diferente à falha nas trocas dos bebês. Segundo os
familiares de Natalícia, ela ficou abalada e quase entrou em depressão. A
cunhada dela, Ana Maria Ribeiro Brito, conta que “a família teve que
ajudar, conversar com ela”. Já Maria Linete diz que lidou bem com a
situação. Depois que as filhas foram destrocadas, ela conseguiu retomar a
rotina.
FALTA DE ACOMPANHAMENTO
Segundo a pediatra Andrea
Amaral, nestes casos a amamentação deve ser estimulada. A profissional
explica que há bebês que ficam na UTI por muitos meses e que, mesmo
assim, a mãe consegue amamentar.
Andrea admite que a história das
duas mães não foi fácil. "Elas passaram por um estresse muito grande".
Mas o ideal, segundo a pediatra, é tentar resgatar o leite materno, já
que a média nacional para amamentação é de dois meses e meio. "Na
maioria das vezes, não é o bebê que rejeita o peito, mas a mãe que não
se esforça. Ela tem que perseverar, estimular o leite e ter apoio de
profissionais." A pediatra ainda afirma que o leite materno, além de ser
mais saudável, proporciona maior vínculo entre mãe e filha.
Uma das
queixas de Natalícia é que o hospital prometeu acompanhamento
psicológico, mas, segundo ela, até agora a família não recebeu visita de
nenhum profissional.
Segundo informações da assessoria de
comunicação da Secretaria Estadual de Saúde, enquanto as mães
permaneceram internadas, o hospital ofereceu acompanhamento psicológico,
mas depois que elas receberam alta, a responsabilidade passou a ser do
município.
ENTENDA O CASO
No dia 29 de maio, dois bebês
foram trocados no Hospital e Maternidade Dona Regina. A troca foi
percebida pela irmã adolescente de uma das recém-nascidas. Ela constatou
que o nome da mãe registrado na pulseira usada pela criança era
diferente do da mãe biológica.
Depois disso, a família fez uma busca
pela maternidade e encontrou outro bebê com a pulseira de identificação
com o nome da mãe biológica.
Os familiares dos bebês informaram o
hospital sobre o erro e chamaram a polícia. Para confirmar a troca, a
direção da maternidade precisou fazer exames de DNA. Os bebês só foram
entregues às mães biológicas uma semana depois, quando foram divulgados
os resultados dos exames.
O hospital abriu uma sindicância para
apurar o caso. Já a assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança
Pública informou que o erro não vai ser investigado pela polícia, pois
se trata de uma questão administrativa da maternidade.
Maria Linete conseguiu superar rapidamente a troca da filha
http://www.expressomt.com.br/nacional-internacional/bebes-trocados-tem-dificuldades-para-s-68525.html
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