PROJECTO DE LEI DIRETOR DO REFUGIO ABOIM ASCENSÃO DEFENDE QUE COADOÇÃO NÃO DEVE SER APROVADA
28/06/2013
PORTUGAL
O diretor do Refugio Aboim Ascensão defendeu hoje que o projeto de lei
sobre coadoção não deve ser aprovado na especialidade porque não
salvaguarda o superior interesse da criança e é um "link" para a adoção
plena por casais homossexuais.
Na sua intervenção inicial, Villas
Boas fez questão de salvaguardar que a sua presença perante o grupo de
trabalho tem a ver com a defesa dos direitos da criança e que isso em
nada interfere com os direitos das pessoas lésbicas, gays, bissexuais e
transgénero (LGBT).
Salvaguardando não ser jurista, o diretor do
Refugio Aboim Ascensão defendeu que "não se pode consagrar o que não
existe na lei e a coadoção não existe na lei".
Luís Villas Boas
admitiu que não se pode deixar órfã uma criança que fica sem o pai ou
mãe biológicos, mas salvaguardou que para si só existe adoção plena ou
restrita e que, por isso, a coadoção em Portugal não existe, já que,
justificou, a quem adota o filho do conjugue dá-se o nome de adoção.
Na opinião de Villas Boas, a elaboração do atual projeto de lei deveria
ter sido precedido da necessária alteração do Código Civil para criar a
figura da coadoção, apelidando o projeto de lei do Partido Socialista
(PS) de "vazio de conteúdo".
Confrontado posteriormente com as
perguntas dos deputados dos vários grupos parlamentares, o diretor do
Refúgio Aboim Ascensão defendeu mesmo que "o projeto de lei não acautela
qualquer interesse da criança se for como está e não definir o que é a
coadoção" e que "deve ser reprovado na especialidade".
Para Villas
Boas, o projeto de lei do PS "é uma tentativa de fazer um ‘link' para a
adoção plena porque a adoção está vedada a pessoas do mesmo sexo" e é,
assim, "uma forma de passar por cima do que hoje é proibido".
O
responsável aproveitou também a sua audição para chamar a atenção dos
deputados para o facto de atualmente existirem 2,5 mil crianças em
perigo em Portugal por falta de respostas.
Villas Boas disse mesmo
que em Portugal "há falta de proteção das crianças" e que "não há
consequências para a falta de proteção".
"Portugal não é o paraíso
da proteção e Portugal é um país onde está em perigo a proteção, para
não dizer que não há proteção", acusou, acrescentando que "os serviços
de adoção estão em autogestão".
Por outro lado, pediu que o
Parlamento desse seguimento a duas petições relativas ao superior
interesse da criança e que estão pendentes "há três ou quatro anos".
Relativamente à salvaguarda das relações afetivas, Viilas Boas admitiu
que há ligações factuais que não podem ser desfeitas sob pena de
prejudicar a criança, mas questionou até que ponto a ligação emocional
prevalece ou não sobre a ligação biológica.
Referiu ainda a ausência
de estudos sobre esta matéria, do mesmo modo que disse que em Portugal
faltam dados estatísticos sobre esta temática, nomeadamente quantas
crianças vivem com casais homossexuais ou quantos casais homossexuais
conseguiram adotar uma criança.
Luís Villas Boas (à dta na
imagem) foi hoje ouvido pelo grupo de trabalho sobre a coadoção, no
âmbito de várias audições para apreciação na especialidade do projeto de
lei do Partido Socialista (PS) que "Consagra a possibilidade de
coadoção pelo cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo e procede à 23ª
alteração ao Código do Registo Civil".
http://www.noticiasaominuto.com/pais/86051/diretor-do-refugio-aboim-ascensão-defende-que-coadoção-não-deve-ser-aprovada#.Uc4DMti5ddg
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