sábado, 29 de junho de 2013

O SEGREDO NA ADOÇÃO E SUAS REPERCUSSÕES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA


Autoras: Ana Lucia Teixeira; Berthane Rocha; Sandra Ataíde
RESUMO
Adotar alguém é mais do que suprir necessidades físicas e materiais. É respeitar o adotado enquanto pessoa e contribuir para sua maturação, conservando e transmitindo sua origem.
É comum alguns pais adotivos resguardarem a verdade nessa relação, visando proteger tanto a si mesmo quanto a seus filhos adotivos de prejuízos emocionais e discriminações sociais que acreditam que porventura possam vir a ocorrer. Entretanto retardar a verdade, deixar que seja revelada por terceiros ou até mesmo ocultá-la, influencia na formação psicossociocognitiva da criança, visto que a relação de parentalidade fica alicerçada em sentimentos de insegurança.
Ao se optar pelo segredo na situação de adoção a criança percebe as entrelinhas da verdade, e a essa problemática pode responder pondo obstáculos no processo de aprendizagem da leitura e escrita, que é constatada pela dificuldade de memorização, elaborações verbais, de pensamentos e de emoções.
Assim, a criança canaliza seu sentimento de hostilidade para com os pais a um âmbito menos aterrorizante: o do desempenho escolar. É portanto, comum o desempenho na área de linguagem ficar comprometido, pois esta é o centro da constituição do homem enquanto sujeito e a forma como a criança aprende está ligada à organização psíquica pela qual teve acesso à realidade.

INTRODUÇÃO
Já dizia o poeta que adotar é gestar uma criança no coração. Vários aspectos ditos, não ditos, bem ditos e mal ditos acompanham pais adotivos, pais doadores, os filhos adotados (a priori rejeitados), e toda essa placenta social que envolve tal trama. Porém, quer seja gerado no ventre, quer seja gerado no coração, os filhos precisam ser adotados pelos pais.
Isto significa dizer que, ser pai/mãe implica em tornar-se responsável pelo desenvolvimento total de um indivíduo, que por conseguinte acarreta numa série de fatores que nem sempre são cogitados pelos pais. Entre estes se encontra o famoso questionamento tão comum às crianças: “– De onde eu vim?”. Perante esta pergunta, alguns pais podem apresentar dificuldades em revelarem quais suas verdadeiras origens, revelar as particularidades de sua chegada à família, revelar, enfim, que são adotados.
Schettini (1999, p. 14) acredita que após a decisão de ter um filho adotivo, o outro passo mais importante é revelar sua condição de adotado. Em lares onde paira a atmosfera de segredo quanto à adoção de seus filhos, fica em iminência a insegurança e a desconfiança e quiçá a desilusão (op. Cit., p.15). Tal atmosfera além de poder influenciar no processo de desenvolvimento da personalidade da criança, também pode influenciar no desenvolvimento da aprendizagem.
Weiss (2001) defende que dez por cento dos casos de encaminhamento psicopedagógico é ocasionado pela intra-subjetividade dos alunos. O que quer dizer que, a condição interna da criança, consequência de sua história individual de interação com o ambiente e a família influenciam nas experiências futuras. Drouet (2003, p. 170), em consonância com esse pensamento, afirma que as dificuldades de aprendizagem podem ser causadas, dentre outros fatores, por conflitos emocionais, e que quando esses são tratados, as dificuldades de aprendizagem podem ser facilmente superadas.
Gostaríamos de deixar claro que o presente artigo não intenciona afirmar que ser adotado é condição sine qua non para o fracasso escolar. Prende-se sim, a partir da fundamentação nas abordagens Psicanalíticas e Psicopedagógica, revelar a resposta da seguinte pergunta: Por que as crianças que desconhecem que são filhos adotivos, apresentam dificuldades de aprendizagem?
Esse artigo visa contribuir com todos aqueles que queiram saber o quanto vale a pena fazer acontecer a verdade, a qual possui grande influência para a saúde emocional e desenvolvimento da aprendizagem do filho adotivo, bem como para sua família. Portanto, este poderá auxiliar profissionais e familiares envolvidos com a adoção, que desconhecem o preço do não dito e o sabor do amor com base na verdade.
ARTIGO COMPLETO NO SITE:
http://www.profala.com/artpsico54.htm

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