terça-feira, 25 de junho de 2013

JUSTIÇA PARA TODOS


23/06/2013
Além das leis, juízes recorrem às fontes formais do Direito para respaldar suas decisões.
Diário da Manhã
Wanda Oliveira

Quando se fala na Justiça brasileira, logo se pensa em um sistema lento, burocrático e com altas taxas de cobranças. E ainda mais: é como se ela fosse privilégio só dos ricos. Mas, na prática, essa realidade está mudando. Hoje, aos menos favorecidos financeiramente também é dado o direito de buscar assistência jurídica e obtê-la de maneira gratuita. A qualquer pessoa, o acesso à Justiça é um direito de cidadania e a Constituição Federal (CF) de 1988 consagra isso como princípio fundamental do ordenamento jurídico brasileiro.
Não à toa, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) defende que é preciso ampliar esse acesso e minimizar os conflitos de uma sociedade em constante mudança. O artigo 4º de Introdução ao Código Civil dispõe que, quando a lei for omissa, juízes, desembargadores e ministros, representantes natos do Judiciário, podem respaldar suas decisões nas fontes do direito, como costumes, princípios, analogia e jurisprudência.
Isso implica aos magistrados reconhecer que, na sua função de interpretar as leis, o direito não se baseia somente em legislações e normas, mas, sim, nas construções humanas. São exemplos dessas mudanças sociais, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adoção gay, internação compulsória de dependentes químicos, transfusão de sangue de fiéis da igreja Testemunha de Jeová e o aborto de feto anencéfalo. A Justiça também se destaca no julgamento de ações de combate à corrupção e à improbidade administrativa.
E é tentando acompanhar essas mudanças e avanços sociais que o Judiciário se aproxima cada vez mais da população por meio de suas boas práticas jurídicas.
(...)

ADOÇÃO
Entre as decisões deferidas pelos juízes, a adoção gay é sem dúvida um dos exemplos mais decromáticos de mudanças sociais. Em fevereiro deste ano, o técnico em telecomunicações Zemir Moreira, 42, e o professor Christopher Bohlander, 52, conseguiram na Justiça o direito de adotar uma criança. A sentença saiu dois anos depois que o pedido foi protocolado no Juizado da Infância e Juventude de Goiânia (JIJ). O responsável por deferir o pedido foi o juiz Alessandro Manso e Silva.
Para Zemir, essa decisão representa um importante avanço para a Justiça brasileira. “Acreditamos que decisões como essa fazem com que a sociedade tenha uma ideia mais ampla sobre o conceito de família, que hoje não é constituída mais só de um pai e uma mãe.”
O americano Christopher afirma que até hoje comemora o resultado. “O nosso filho é tudo. É o nosso coração. Não podemos mais viver sem ele.” O menino adotado tem hoje 11 anos e está com o casal desde 2006. Zemir e Christopher estão juntos desde 1998 e tiveram a união oficialmente reconhecida pela Justiça em 2008.

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