26/12/2013
Drama japonês levou prêmio do júri no Festival de Cannes deste ano.
Cineasta Hirokazu Kore-eda voltou seu foco para as crianças.
Da Reuters
Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2013, o drama intimista japonês
"Pais e filhos", de Hirokazu Kore-eda, vai ao olho do furacão com suas
habituais sensibilidade e precisão retratando uma troca de crianças que
sacode duas famílias. O cineasta de 51 anos, que despontou na carreira
obcecado pelo tema da morte - explorando-a em várias facetas, desde
"Maborosi - A Luz da Ilusão" (1995) -, ultimamente voltou seu foco para
as crianças. E elas brilham no seu filme, naturais como na vida.
Kore-eda explora as camadas de uma situação insuportável - a descoberta,
por dois casais, de que seus filhos de 6 anos foram trocados na
maternidade. Com esse ponto de partida de melodrama, ou de novela, o
cineasta japonês desvia-se da pieguice e emociona com sutileza, indo ao
centro da questão, acompanhando as reações das duas famílias, tentando
lidar com o dilema.
O protagonista é o executivo Ryota (Masaharu
Fukuyama), um homem obcecado pelo trabalho e pouco tempo para olhar para
a família, mesmo para o filho único, Keita (Keita Nonomya). É esse
homem viciado no controle dos mínimos detalhes quem simboliza, mais do
que os outros personagens, uma progressiva imersão na incerteza, nas
emoções que, finalmente, vêm à tona para ele também.
A família que
criou o outro menino é completamente diversa - formada por um
comerciante menos rico e mais simples, Yudai (Lily Franky), que tem uma
noção diferente do tempo, do dinheiro, outros valores. E é disso também
que o filme quer falar, sem tornar-se banal, nem pregar uma moral
humanista ou bom-mocista de almanaque. E a maneira de confrontar estas
diferentes visões de mundo é através do convívio entre as duas famílias,
preparando-se para a troca das crianças.
Se o filme se esgotasse
nas naturais angústias desta troca, se tornaria um drama lacrimoso.
Habilmente, o diretor explora outras nuances da situação, deixando vir à
tona o humor, a ternura e a sempre inesgotável sabedoria infantil para
adaptar-se. Em seu registro intimista, que vem aperfeiçoando desde
"Ninguém Sabe" (2004), Kore-eda revela-se profundo e também plural.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
Cena de 'Pais e filhos' (Foto: Divulgação)
http://g1.globo.com/pop-arte/ cinema/noticia/2013/12/ estreia-pais-e-filhos-explora-c om-delicadeza-drama-da-troca-d e-bebes.html
26/12/2013
Drama japonês levou prêmio do júri no Festival de Cannes deste ano. Cineasta Hirokazu Kore-eda voltou seu foco para as crianças.
Da Reuters
Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2013, o drama intimista japonês "Pais e filhos", de Hirokazu Kore-eda, vai ao olho do furacão com suas habituais sensibilidade e precisão retratando uma troca de crianças que sacode duas famílias. O cineasta de 51 anos, que despontou na carreira obcecado pelo tema da morte - explorando-a em várias facetas, desde "Maborosi - A Luz da Ilusão" (1995) -, ultimamente voltou seu foco para as crianças. E elas brilham no seu filme, naturais como na vida.
Kore-eda explora as camadas de uma situação insuportável - a descoberta, por dois casais, de que seus filhos de 6 anos foram trocados na maternidade. Com esse ponto de partida de melodrama, ou de novela, o cineasta japonês desvia-se da pieguice e emociona com sutileza, indo ao centro da questão, acompanhando as reações das duas famílias, tentando lidar com o dilema.
O protagonista é o executivo Ryota (Masaharu Fukuyama), um homem obcecado pelo trabalho e pouco tempo para olhar para a família, mesmo para o filho único, Keita (Keita Nonomya). É esse homem viciado no controle dos mínimos detalhes quem simboliza, mais do que os outros personagens, uma progressiva imersão na incerteza, nas emoções que, finalmente, vêm à tona para ele também.
A família que criou o outro menino é completamente diversa - formada por um comerciante menos rico e mais simples, Yudai (Lily Franky), que tem uma noção diferente do tempo, do dinheiro, outros valores. E é disso também que o filme quer falar, sem tornar-se banal, nem pregar uma moral humanista ou bom-mocista de almanaque. E a maneira de confrontar estas diferentes visões de mundo é através do convívio entre as duas famílias, preparando-se para a troca das crianças.
Se o filme se esgotasse nas naturais angústias desta troca, se tornaria um drama lacrimoso. Habilmente, o diretor explora outras nuances da situação, deixando vir à tona o humor, a ternura e a sempre inesgotável sabedoria infantil para adaptar-se. Em seu registro intimista, que vem aperfeiçoando desde "Ninguém Sabe" (2004), Kore-eda revela-se profundo e também plural.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
Cena de 'Pais e filhos' (Foto: Divulgação)
http://g1.globo.com/pop-arte/
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