segunda-feira, 26 de agosto de 2013

MINHA EXPERIÊNCIA ADOTIVA DE GÊMEAS...



Deixo aqui o meu testemunho de Mãe adotiva e da experiência maravilhosa que vivenciamos em nosso lar com a adoção das gêmeas Nathália e Walquíria.
O processo de adoção em muito se assemelha a uma gravidez. Também demora um tempo, e apesar de todos os cuidados, corre-se o risco de existirem problemas de saúde, de comportamento, etc. Quando nasce um bebê, a família toda precisa de um tempo de adaptação à nova situação.
E isso não é diferente na adoção; portanto, quando decidimos adotar uma criança em nossa Família, não pensamos nesses problemas.
Nós escolhemos a adoção como um caminho possível de exercer mais uma vez a paternidade/maternidade e assegurar ao nosso filho Johann Victor, o privilégio de ser criado entre irmãos, coisa que na família de meu pai eu já vivenciara a experiência deste ser filho único e não desejava o mesmo para nosso filho.
Em minha família são inúmeros os casos de adoção de crianças das mais diferentes faixas etárias, convém ressaltar o exemplo de minha avó Irene que com a idade de 57 anos adotou uma menina de 2 anos de idade, desnutrida, que ainda não caminhava e nem sequer falava...
Posso afirmar que hoje esta que é minha tia, e mãe de 4 filhos lindos, sabe o real valor da palavra família, porque encontrou todo amor, compreensão ao lado do irmão e das outras três irmãs, duas delas sendo gêmeas.
Todo este histórico me motivava e encontrei em meu companheiro e marido a pessoa que assim como eu me apoiaria e juntos realizaríamos um grande sonho: o de adotar uma criança.
Todos nos perguntavam: mas o porque de adotar gêmeas ???? Na verdade nós desejávamos adotar uma menina de 0 até 3 anos de idade mas não descartávamos a possibilidade de adotar um grupo de irmãos caso esta criança a ser adotada já tivesse outro irmão ou irmã.
Assim iniciamos o processo de acordo com a manifestação da vontade de meu filho que na época do cadastramento tinha 7 anos, uma vez que a gravidez deste foi um tanto complicada e de risco e ele desejava demais ter uma irmãzinha.
Eu ficava horas imaginando quantas crianças são abandonadas... A mídia está aí para sensibilizar as pessoas – todos gostariam de adotar. Mas nem todos o fazem, isto porque, na verdade, a adoção não pode se resumir num gesto humanitário, numa caridade, ela se funde unicamente num desejo de sermos pai e mãe. É, acima de tudo, uma história de amor entre as pessoas.
E esta história começou a ser escrita quando...
No dia 04 de fevereiro de 2003, uma abençoada mulher dera à luz a duas meninas gêmeas bivitelíneas nascidas com 1,300 kg e 1600kg e num gesto de amor as deixara no hospital de nossa cidade para serem encaminhadas à adoção.
E após 40 dias na incubadora elas finalmente tiveram alta ao obterem dois quilinhos e um chamado da Assistente Social do Fórum mudava a nossa vida por completo, depois de uma espera de 13 meses habilitados para o processo de adoção, eis que chegava o grande dia.
Dia 13 de março de 2003... Deus em sua infinita sabedoria, deu-nos a opção de amar e semear a felicidade...
E nós, resolvemos ampliar os laços do coração recebendo com todo o amor em nosso lar nossas filhas adotivas: Walquíria Cristina e Nathália Camille.
Nosso maior tesouro está embasado na solidez de sermos uma família constituída no Amor, Respeito e Compreensão mútua... Ao adotarmos as gêmeas ouvimos em nossa comunidade frases do tipo:
"Vocês são especiais. Tiveram muita coragem, fizeram uma caridade, livraram estas meninas do mundo das ruas"
Nós não somos especiais, somos pais, apenas começamos a construir esta relação a partir de uma adoção.
O amor de uma família adotiva é construído da mesma forma que de uma família biológica; não é ter o mesmo sangue que vai garantir o amor nem o sucesso da relação.
O amor é conquistado dia-a-dia, mas o mais importante é a capacidade de amar sem impor tantas condições, cedendo às imposições sociais que tentam regular o nosso gostar.
Cumprimento a todas as famílias que vivenciam e partilham a adoção e concluo meu depoimento deixando-lhes uma mensagem...
Trate e respeite o seu filho adotivo como um ser normal e comum, com todos os direitos de saber da sua origem, da sua verdade e da sua história.
É preciso construir esta relação baseada na verdade, no compromisso de crescerem juntos pais – mães - filhos, exercitando o que há de melhor dentro de nós mesmos, e esperando pouco, para valorizar o muito que será fruto desta decisão consciente, construída dia a dia, a partir da intenção e do desejo de ser mãe, de ser pai e de transformar uma criança em filho através do amor.

"Ser pai adotivo é doar-se por inteiro, sem restrições...
Pois quem ama não coloca limites para os gestos de ternura”.
Parabéns a todos os pais que assim como nós já vivenciaram ou vivenciam esta experiência no cotidiano de suas vidas.

Rosely Kath Thibes - Mãe adotiva e Presidente do Grupo Semeando Amor
Campos Novos, Março de 2006.
http://www.semeandoamor.org.br/index.php?area=depoimentos&sub=04

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