O DIFÍCIL CAMINHO DA ADOÇÃO
Setembro 22, 2013
As legislações de diversos países, inclusive o nosso, dificultam a
adoção das crianças que foram deixadas pelos seus pais biológicos. Além
do grande caminho a ser percorrido pelos casais até que se consiga uma
criança, também existe o desconhecimento das autoridades das reais
necessidades de um bebê. Na maioria das vezes, as crianças ficam em
abrigos e orfanatos por, no mínimo, dois anos. Chegam lá recém-nascidas e
só saem depois de anos. No período mais importante do desenvolvimento
infantil essas crianças ficam privadas de uma família, e não tem suas
necessidades satisfeitas da maneira como precisariam.
Temos, assim, a
certeza que as pessoas ligadas a todo processo de adoção não tem, nem o
conhecimento e, nem a consciência das consequências que um mal começo
pode ter para a vida dessas crianças. Elas carregarão, para a vida toda,
as marcas profundas da insuficiência ambiental.
O bebê para receber
o que realmente precisa necessita de um substituto materno que
incorpore o que chamamos de “preocupação materna primária”. Aquela
pessoa que se dedique de modo quase exclusivo ao pequeno ser. A mãe
adotiva é capaz de se identificar com seu bebê e proporcionar a ele tudo
que precisa para se integrar como pessoa. Num abrigo ou orfanato, onde
existem muitas crianças para serem cuidadas por poucos profissionais,
elas perdem a oportunidade de se desenvolver de modo que sua saúde
mental fique preservada. Não porque os cuidadores não se esforcem, mas
porque cada bebê precisa de muita atenção. Se eles solicitam e o cuidado
não vem, eles acabam desistindo. Assim começam a organizar defesas
contra as falhas ambientais que lhes são severas.
É claro, que a
outra questão a ser considerada é a condição emocional dos pais que
querem adotar. Existem casais que querem adotar uma criança , mas não
tem consciência de determinados mecanismos patológicos que permeiam a
relação de casal. Assim, uma avaliação psicológica cuidadosa se faz
necessário, para diagnosticar a saúde ou doença do casal. Em casos que
forem laudadas as impossibilidades ou possibilidades do casal, pode-se
liberar a criança. Isso não leva dois anos para acontecer. Isso pode ser
feito até mesmo antes de existir a criança. Então, a desculpa não pode
ser a avaliação do casal, nem a falta de pessoal para fazê-la, se houver
organização.
O que é urgente mudar é essa espera absurda que só
maltrata o bebê. Será que o conhecimento do prejuízo irreparável na
saúde emocional, para quem a espera parece ser eterna, é um fator, que
por si só, possa sensibilizar aqueles que detém o poder para agilizar os
processos de adoção e evitar que os bebês fiquem em abrigos, mas que
vão direto para a casa de seus novos pais? Espero que sim, porque uma
doença emocional pode ser tão grave, que retira a possibilidade de
esperança na vida e destrói a confiança num relacionamento pessoal. Aí, o
que poderia ser um desenvolvimento normal, com seus altos e baixos,
torna-se uma busca incessante de condição básica para viver.
Não que
as adoções tardias não beneficiem a criança. Mas não podemos ser
ingênuos de pensar que o tempo transcorrido até esse momento não tenham
uma influência e uma marca na vida da criança. Ela carregará todas as
aquisições positivas e negativas desse período, considerando o ambiente
diferente daquele onde ela estará sendo inserida. Grandes adaptações
serão necessárias.
O ideal é a criança ir o mais cedo possível para a família adotiva.
http://astridpsico.wordpress.com/2013/09/22/o-dificil-caminho-da-adocao/
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