segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O DIFÍCIL CAMINHO DA ADOÇÃO


Setembro 22, 2013

As legislações de diversos países, inclusive o nosso, dificultam a adoção das crianças que foram deixadas pelos seus pais biológicos. Além do grande caminho a ser percorrido pelos casais até que se consiga uma criança, também existe o desconhecimento das autoridades das reais necessidades de um bebê. Na maioria das vezes, as crianças ficam em abrigos e orfanatos por, no mínimo, dois anos. Chegam lá recém-nascidas e só saem depois de anos. No período mais importante do desenvolvimento infantil essas crianças ficam privadas de uma família, e não tem suas necessidades satisfeitas da maneira como precisariam.
Temos, assim, a certeza que as pessoas ligadas a todo processo de adoção não tem, nem o conhecimento e, nem a consciência das consequências que um mal começo pode ter para a vida dessas crianças. Elas carregarão, para a vida toda, as marcas profundas da insuficiência ambiental.
O bebê para receber o que realmente precisa necessita de um substituto materno que incorpore o que chamamos de “preocupação materna primária”. Aquela pessoa que se dedique de modo quase exclusivo ao pequeno ser. A mãe adotiva é capaz de se identificar com seu bebê e proporcionar a ele tudo que precisa para se integrar como pessoa. Num abrigo ou orfanato, onde existem muitas crianças para serem cuidadas por poucos profissionais, elas perdem a oportunidade de se desenvolver de modo que sua saúde mental fique preservada. Não porque os cuidadores não se esforcem, mas porque cada bebê precisa de muita atenção. Se eles solicitam e o cuidado não vem, eles acabam desistindo. Assim começam a organizar defesas contra as falhas ambientais que lhes são severas.
É claro, que a outra questão a ser considerada é a condição emocional dos pais que querem adotar. Existem casais que querem adotar uma criança , mas não tem consciência de determinados mecanismos patológicos que permeiam a relação de casal. Assim, uma avaliação psicológica cuidadosa se faz necessário, para diagnosticar a saúde ou doença do casal. Em casos que forem laudadas as impossibilidades ou possibilidades do casal, pode-se liberar a criança. Isso não leva dois anos para acontecer. Isso pode ser feito até mesmo antes de existir a criança. Então, a desculpa não pode ser a avaliação do casal, nem a falta de pessoal para fazê-la, se houver organização.
O que é urgente mudar é essa espera absurda que só maltrata o bebê. Será que o conhecimento do prejuízo irreparável na saúde emocional, para quem a espera parece ser eterna, é um fator, que por si só, possa sensibilizar aqueles que detém o poder para agilizar os processos de adoção e evitar que os bebês fiquem em abrigos, mas que vão direto para a casa de seus novos pais? Espero que sim, porque uma doença emocional pode ser tão grave, que retira a possibilidade de esperança na vida e destrói a confiança num relacionamento pessoal. Aí, o que poderia ser um desenvolvimento normal, com seus altos e baixos, torna-se uma busca incessante de condição básica para viver.
Não que as adoções tardias não beneficiem a criança. Mas não podemos ser ingênuos de pensar que o tempo transcorrido até esse momento não tenham uma influência e uma marca na vida da criança. Ela carregará todas as aquisições positivas e negativas desse período, considerando o ambiente diferente daquele onde ela estará sendo inserida. Grandes adaptações serão necessárias.
O ideal é a criança ir o mais cedo possível para a família adotiva.
http://astridpsico.wordpress.com/2013/09/22/o-dificil-caminho-da-adocao/

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