segunda-feira, 12 de agosto de 2013

PAIS ADOTIVOS


11/08/2013
Jornal Grande Bahia
Juarez Duarte Bomfim

Em viagem às plagas grapiúnas, reencontrei querida amiga e colega, socióloga e professora universitária — como este que vos escreve.
Tínhamos trabalhado juntos, em consultoria ad hoc a importante instituição governamental, no ano de 2005, e, naquela oportunidade, ela nos comunicou da adoção de uma filhinha.
A colega professora já era mãe de dois rebentos naturais, frutos do seu primeiro casamento. Em novas núpcias, aumentava a sua prole.
Qual não é a minha surpresa quando, ao término de 2009, nos reencontrarmos na terra do Amado Jorge e das lindas gabrielas, e a amiga docente nos informa mais uma vez do crescimento de sua família, ao ter adotado outras duas crianças.
O plano desta já numerosa família é de adotar mais um filho, o sexto, sendo quatro adotivos. E um projeto pessoal da mamãe é de desenvolver um trabalho de sensibilização de casais na paróquia da qual eles são membros.
O marido da professora e pai das crianças é um próspero advogado da região cacaueira, e dá o lastro econômico e afetivo para tais empreitadas da sua amada esposa.
Narro esse grato episódio para falar da nossa grande rede social, que constituem os pais adotivos. Enquanto você não se torna um pai adotivo, eles são quase invisíveis a você. Mas no momento em que se torna um, vês como é vasta essa rede de casais que optaram por ampliar as suas famílias através da adoção de crianças.
A partir de então fazemos novas amizades, trocamos experiências, desenvolvemos ações de auxílio mutuo e, com a vivência adquirida, podemos dizer aos demais, os que não são pais adotivos, quem somos e o que inspira os nossos atos.
Quem não é pai adotivo, considera a adoção como um ato de generosidade. E o é. Generosidade sobre nós mesmos, que embarcamos nessa doce e realizadora aventura. Optamos conscientemente por criar e educar outro ser. Doar um pouquinho de nós para realização desse projeto.
Quem não é pai adotivo, considera a adoção um ato de caridade. Sim, é certo, se entendermos caridade como sinônimo de amor. Amor incondicional por outro ser que é plantado no solo fértil da sua família.
Mas se você que não é pai adotivo compreende adoção como uma ação social de ajuda aos carentes, de proteção de menores órfãos ou abandonados… saiba que o que motiva os pais adotivos não é esse tipo de caridade. O que realmente motiva os adotantes é o desejo. Desejo de amar, ampliar a família, cumprir responsabilidades para consigo mesmo e o próximo.
Outra coisa: os pais adotivos não têm aquele tipo de preocupação de saber a genética da criança… se o filho a ser adotado goza de saúde física e mental; não se preocupa com o teste do pezinho… nada disso.
De antemão ele se predispõe a amar. Amar incondicionalmente. Esta é a sua missão espiritual. A sua destinação aqui na Terra.
A ciência espírita afirma que toda criança com necessidades especiais reencarna no seio daqueles que têm condições materiais e emocionais para aceitá-lo e amá-lo. Assim também acontece com a família adotante: o menino ou a menina, quer necessite de cuidados especiais ou não, será acolhido no ninho familiar que tenha condições de cumprir dignamente a sua tarefa.
Porém, enquanto não vencer, não der por cumprida a missão de vê-los crescer e se tornarem adultos emancipados, este será sempre o desafio aos pais adotivos. Buscar cumprir esta missão.
Por isso, o pai adotivo deve rogar a Deus por inteligência, clareza, força e determinação frente aos desafios e dificuldades que se apresentem.
Que não fraqueje, não vacile, e dê a sua parcela de contribuição para fazer esses seres, seus queridos filhos, pessoas felizes e responsáveis, e que venham a amar a seus pais, como eles tanto os amam.
http://www.jornalgrandebahia.com.br/2013/08/pais-adotivos-3.html

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