terça-feira, 3 de setembro de 2013

CRIANÇA ENVOLVIDA EM ADOÇÃO IRREGULAR NÃO DEVE SOFRER DANOS PSICOLÓGICOS


03.09.2013
Grande Recife // opinião
Do NE10

Rejeitada pelos pais biológicos, a criança de um ano envolvida num caso irregular de adoção foi, agora, devolvida à Vara da Infância e Juventude de Olinda pelo casal que estava com sua guarda provisória. Apesar do quadro que configura uma segunda rejeição, o psicólogo clínico Luiz Schettini, especialista em criança e adolescentes, alega que o bebê não deve sofrer graves danos psicológicos. No entanto, ele alerta que tanto a criança quanto a nova família sejam submetidos a um acompanhamento psicológico para evitar qualquer consequência danosa ao desenvolvimento da menina.
"Com certeza esse episódio vai provocar alguma modificação no comportamento dessa menina, mas nada grave. Felizmente, as crianças têm essa capacidade de adaptação, principalmente nessa idade. Mas é uma situação que deveria ter sido evitada", ressaltou o psicólogo que trabalha com o público infanto-juvenil há 42 anos.
Segundo Schettini, por ter apenas um ano, "a criança ainda não tem a capacidade de entender no sentido intelectual, mas possui a capacidade de sentir o que acontece ao seu redor e isso pode gerar dificuldades no futuro, por isso é necessário um acompanhamento”. Ele lembrou ainda que “se a criança tivesse três anos de idade, por exemplo, a situação poderia trazer alguns elementos complicadores, mas cada situação deve ser vista dentro do seu contexto específico."
Pai de quatro filhos adotivos, o professor e integrante do Grupo de Estudos e Apoio à Adoção do Recife (Gead), Guilherme Lima Moura, também acredita que a idade da criança e o fato da guarda provisória ter durado apenas 85 dias contribuem para que ela não sofra danos psicológicos. “Mas a mesma situação poderia ter ocorrido com uma criança mais velha. É por isso que a Justiça deve fiscalizar e evitar ao máximo a adoção ilegal, que pode gerar um sofrimento não só para criança, mas para os pais também”, disse Moura, que também assina a coluna Atitude Adotiva, do Portal NE10.
Guilherme Moura afirmou conhecer casos dramáticos de pais que, por ansiedade ou qualquer outro motivo pessoal, decidiram optar pelo caminho da informalidade e depois sofreram as consequências, já que o processo de adoção precisou ser revertido. “A adoção legal é 100% segura e o processo geralmente não é demorado, depende muito do perfil estabelecido pelas pessoas que desejam adotar uma criança”, explica.
Segundo o integrante do Gead, muitas pessoas que pretendem adotar optam no cadastro por recém-nascidos. “A procura é muito grande e são poucas as crianças recém-nascidas que podem ser adotadas. A filiação é possível com crianças maiores de idade. É preciso combater esse mito. Felizmente, os processos de adoção dos meus quatro filhos duraram menos de três meses”, disse. O seu primeiro filho foi adotado com um ano de idade, o segundo com um ano e sete meses, e os dois últimos, que são irmãos e foram adotados juntos, tinham quatro anos e um ano e dez meses.
Menina de 1 ano ficou 85 dias com o casal
Foto: reprodução TV Jornal
http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/grande-recife/noticia/2013/09/03/crianca-envolvida-em-adocao-irregular-nao-deve-sofrer-danos-psicologicos-440333.php

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